XXXIII. Um Turbilhão no Silêncio

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 — Qual sua maior ambição no dia do noivado? — Amanda indagava Luke. — Tipo... sei lá... o que não pode faltar?

Mesmo com a agitação da descoberta do complô, Luke foi fiel ao seu dever como melhor amigo e futuro noivo, dedicando parte de seus dias a Amanda e aos preparativos do noivado.

Hm... posso falar você!? — riu.

— Não, bobo! — A moça gargalhou e o beijou. — É sério!

— Eu também falo muito sério! Como seria sem você!?

Acanhada, ela deitou a cabeça no peito de Luke.

Estavam no quarto da moça. Ele deixou o trabalho mais cedo para buscá-la na terapia. Com a ansiedade dos últimos dias, ela tinha mais visitas ao médico durante a semana.

— Deixa ver... além de você, meus pais têm que estar... quero receber as bençãos do imam... quero estar sentindo essa vontade de te fazer feliz... São muitas coisas!

— Ah! Essas são quase todas obrigatórias — reclamou.

— Então... serei muito privilegiado por conseguir viver um noivado com tudo que sonhei. — Deitado de barriga para cima, Luke apenas fitou o teto, levemente aéreo.

Um largo sorriso abriu em seu rosto.

Após observá-lo por alguns instantes, Amanda subiu sobre seu corpo para beijá-lo. Com ambas as mãos no peito do rapaz, acabou travando ao perceber onde estava.

Luke podia sentir todo o corpo pulsar tão aceleradamente quanto pulsava o próprio coração. Olhava para a moça com surpresa, incapaz de reagir de qualquer forma.

Não resistindo a vontade tão suprimida, Amanda voltou a beijá-lo, pousando uma das mãos em seu rosto.

Tirou um gemido do inexperiente quando as finas unhas passearam pela nuca de Luke, mas ele a segurou na cintura com ambas as mãos, impedindo-a de seguir movendo o quadril.

Habibti! — Ofegante, ele a chamou.

— P-perdão! — A moça pediu, também ofegante.

Fechando os olhos, ele assentiu e a moça saiu de cima rapidamente. Sentada, ficou apreensiva enquanto o observava.

— Ai! — Amanda finalmente conseguiu falar. — N-não era... a intenção. Podemos... descer... sabe? Beber água...

— É uma ótima ideia.

Luke se sentou, omitindo a reação de seu corpo.

— Ótima ideia! — respirou fundo, assentindo.

Sem jeito, a moça se levantou e seguiu à porta. Parou e se virou ao abri-la e perceber que Luke não a acompanhava.

Acabou recostando para observá-lo, mordiscando o lábio.

Quando ele a olhou, ela se sentiu desejada e gostou, mas omitiu o sorriso, impediu-se de se insinuar para não estimular e acabar levando-o a perder a guerra que ele escolheu lutar.

Não apenas uma escolha dele, mas... tão envolvida emocionalmente, ela se lembrou do momento em que aceitou se unir às fileiras de Luke quando se permitiu enlaçar.

Nem lhe parecia tão ruim. "Quantas mulheres posso dizer que tem, como principal problema, o celibato religioso do homem com quem querem casar?", ela se indagava para se contentar.

Satisfazer-se só lhe parecia um preço pequeno e acabava lhe permitindo experienciar muito do que jamais imaginou estar presente num relacionamento, além do sexo.

Eles desceram e a moça o serviu um copo com água.

Sentado com as pernas cruzadas de forma quase desajeitada, Luke não poderia estar mais constrangido e Amanda não conseguiu conter a risada ao sentar ao seu lado.

Ajudou porque ele acabou rindo de si.

Um incômodo silêncio os tomou depois.

Por entre assuntos tão desajeitados quanto o rapaz, o dia teve continuidade e se encerrou com ele voltando à sua casa.

Amanda foi imediatamente ao banho para lidar com o calor, novamente usufruiu do olhar de Luke imprimido em sua mente para buscar mínimo alívio.

Nos dias seguintes, Luke não esteve tão próximo, afinal, lidar com as sensações era complexo e bastou se aproximar de Amanda para se entender incapaz.

A frequência dos beijos diminuiu, afinal, era difícil fugir da natureza lasciva que as trocas de beijo começaram a ter — o que apenas colaborou para o aumento da tensão.

O rapaz apenas pensava: "Minha mãe estava certa!"

Mergulhou em trabalho nos dias que antecederam o noivado para lidar com as tramoias que estavam chegando.

A confirmação que a compra das ações num momento tão crítico estava associada a investida de Farhad o deixava muito apreensivo, mas pouco ele podia fazer.

Entregou o que tinha a ambos os corpos jurídicos, tanto de seu grupo quanto da exportadora, para eles seguirem com o seu papel — até pôde entender o ímpeto de Amanda.

Em paralelo, já tinha tudo pronto para o dia do noivado.

Vinte de junho, há pouco menos de um mês, era a tão esperada data para as famílias se reunirem e ele precisava garantir que não teria nenhuma pendência nesse dia.

Cuidou para participar na troca de presentes, sendo mais discreto que a mãe ao escolher um belo Rolex. Luiza faltou comprar mobílias não só para o casal, mas até para Roberto.

Mesmo católica, ela se habituou ao modus operandi do marido e estava tão eufórica pelo casamento do filho que se permitiu exagerar na ostentação quanto aos presentes.

***

Do outro lado da situação, estavam Roberto e Amanda.

Luke manteve o futuro sogro comunicado dos problemas com os quais lidara, mas omitiu de Amanda, principalmente por se preocupar com a saúde mental da moça, crendo que comunicá-la a faria abdicar do descanso e do próprio cuidado.

Amanda não era boba e se manteve atenta a todo mínimo rumor que ouviu e, feliz ou infelizmente, podia contar com Mariana para lhe dizer de muito do que ocorria na empresa.

Não se chateou com o fato de não lhe dizerem nada, nem perguntou sobre o que ocorria na empresa para o pai ou Luke.

O cuidado de sua saúde era muito importante e, pela primeira vez em alguns anos, a moça entendeu o valor do cuidado com sua saúde mental e emocional.

Mesmo que conseguisse se satisfazer com o bom trabalho na condução da empresa, sentia a enorme diferença daqueles dias mais calmos para o seu descanso, seu apetite... mesmo seu humor estava inevitavelmente melhor.

Os dias de terapia serviram para ela entender aquele estado como ideal para si e, se quisesse voltar ao trabalho, ela precisaria aprender a trabalhar naquela marcha lenta.

Até podia imaginar que poderia ser melhor enquanto conciliando o cuidado da saúde com a vida profissional.

Consoante aos dias de folga e de cuidados consigo, também lidou com as poucas boas ocasiões onde Luke a levou para jantar fora ou passear para ver as belas paisagens locais.

Considerava aquela como uma espécie de férias que não cria poder usufruir tanto. Férias como ouvia que outros adorariam tirar, mas não conseguiam por diversos motivos.

Cuidando para manter Amanda envolvida com o noivado, Roberto fracionou os presentes para a filha pelas semanas. Reuniu sugestões por todas as moças que trabalhavam na casa para conseguir montar diferentes looks para o noivado.

Comprou das joias aos esmaltes.

Eram tantas sugestões que Amanda demorou a escolher entre os presentes do pai, só conseguindo finalmente bater o martelo na noite anterior ao fatídico vinte de junho.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora