XXI. O Caótico Universo Kafir

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 — Argh! Odeio essa mulher! — Marcelo reclamou.

Ele vivia numa casa relativamente pequena, padrão para alguém de classe média. Era alto e bem forte; tinha cabelo escuro bem cortado e não usava barba.

— Sei que ela é bem conectada com políticos e odiamos nos envolver com essas coisas. — Luke suspirou, dando um gole na água gelada. — Não tenho nenhum indício, mas odeio pensar que a compra dela está atrelada a problemas.

— Com certeza está. Soube que vocês sofreram um baque do cacete com aquela acusação. — Marcelo torceu o rosto. — De repente, a problemática resolve comprar ação dos envolvidos? Claro que tem problema... nem precisa ser um gênio!

— Já pedi para Amanda se mexer na exportadora e falarei com os meus... já vou lidar com auditorias e todo o necessário para estarmos prontos para acionar vocês.

— Conta comigo! — assentiu com a cabeça. — O que tem agora é realmente pouco para ir até a polícia... mas, continua com seu trabalho e posso tentar dar uma averiguada por fora.

— Realmente agradeço.

— Agora, que história foi essa de abuso, árabe!? — Marcelo fitou o colega, franzindo o cenho. — Sempre foi todo virjão, de repente... o que houve, cara?

— Meu pai está doido para me casar há um tempo... Levou um amigo e sua filha em casa e, à noite, ela entrou no meu quarto seminua... u-um inferno! — arfou, meneando a cabeça.

Perplexo, Marcelo só conseguiu xingar ao ouvi-lo.

— Soube que eles estão meio sumidos, 'né!?

— Pois é. Representei contra ela junto ao Ministério Público, mas as coisas não andam rápido — deu de ombros.

— Um colega de farda ficou bem encasquetado com esse seu caso e tem acompanhado. Eu já sabia que era uma óbvia armação — riu. — Não era possível mesmo!

— Obrigado! — Luke riu.

— Seu pai ainda quer te casar?

— Sim, mas, agora, eu estou... hm...

— Eita, árabe! Que é isso, hein? — Ele brincou num tom irônico. — Estou vendo um possível anúncio de sabe-se lá como islâmicos chamam namoro? — Franziu o cenho, rindo alto.

— Namoros ainda chamam namoros — riu. — Não são tão indecentes, mas ainda são namoros... e, na prática, já sabemos que casaremos; já somos amigos... só nos demos tempo para conversar, antes de começar os preparativos do casamento.

Espalhafatoso e bruto, Marcelo deu uma gargalhada ainda mais alta e abraçou Luke, que nem reagiu por ficar confuso.

— Meus parabéns! — repetiu algumas vezes.

— Obrigado!

— Quem? A tal Paola da faculdade? — riu.

— Nunca! — Luke meneou a cabeça rápido.

O corpo chegava a arrepiar com o medo de ser obrigado a casar com Paola. Ela era uma moça bonita, loira de olhos claros, longos cabelos e corpo belo, mas nunca o agradou.

Na infância, Ibrahim se esforçou para aproximar o filho da mocinha dos vizinhos, mas Paola tinha uma postura completamente diferente do que eles lidavam em casa.

Ao observá-la, Luke se deparava com um comportamento alienígena dada a vivência com seus pais e parentes, e a vivência com Roberto e Amanda que, mesmo não-muçulmanos, eram devidamente entendidos de seus hábitos e sua etiqueta.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora