XXVII. Não me Deixa Sozinha

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 Trêmulo com o sangue de Farhad sujando seu smoking, Luke respirava fundo enquanto sentado no saguão da delegacia.

Tão possesso quanto o garoto, porém muito mais experiente, Roberto tinha calma no semblante, transmitia uma tranquilidade que chegava a assustar.

Amanda estava abraçada com o pai como a menina que ele tirou da rua e isso tocava os nervos de todos que a conheciam naquele ambiente.

O psicólogo da empresa os acompanhou até a delegacia e colaborou para uma mínima melhora da moça. Sentado ao lado dela, ocasionalmente tornava a conversar com ela.

Um segurança ainda acompanhava Luke, cuidando para impedir quaisquer acessos de raiva. Farhad fora levado ao hospital, mas o jovem ainda não parecia bem.

— Já está se tornando um velho cliente, árabe! — O delegado tentou brincar, mas entendeu que o garoto não estava bem meramente pela forma como seu olhar respondeu. — Ao acordar, o homem deve representar contra você pela agressão.

— Porque não tive tempo de matar ele! — Foi a resposta de Luke. — Desgraçado! — Ele cerrou os punhos, engolindo seco.

— Sabe que tudo que falar constará nos autos, não? — alertou. — Parece diferente do garoto que prendi esses dias...

— Não me importo. Ele-

Como se afogasse em raiva, o raivoso precisou silenciar para impedir-se de sofrer com falta de ar. Estava explodindo!

— O que aconteceu? — O delegado indagou.

Devagar, Luke conseguiu explicar a situação. Fez longas pausas quando repetir a cena o fazia reviver o exato momento em que a raiva nublou sua visão.

O delegado assentiu com a cabeça.

— Eu tinha tudo planejado... — Luke bufou de raiva. — Seria um dia maravilhoso — lamentou, meneando a cabeça.

— O que fez com aquele garoto tranquilo? — O delegado riu enquanto ainda tomava suas notas.

Finalmente, o delegado conseguiu arrancar uma reação positiva e Luke apenas riu, meneando a cabeça.

Astaghfirullah! — O jovem recostou, fechando os olhos.

Adoraria conseguir sentir o arrependimento que o imam lhe diria para sentir por agredir o homem, gostaria de sentir a culpa, mas só se culpava por sentir não ter batido o suficiente.

Ainda foi indagado por alguns minutos, mas o momento naquela sala chegou ao fim e ele voltou ao saguão. Amanda ainda não voltara e, quando voltou, Luke se aproximou rápido.

Habibti... — Ele acariciou o rosto da moça.

Encolhendo-se, a moça deitou a cabeça em seu peito e ele a abraçou forte. As batidas do coração aceleraram muito!

— Ficará tudo bem... eu prometo! — jurou-lhe.

— Posso pedir para levá-la para casa? — Roberto pediu.

O rapaz observou a atípica seriedade, mas nada ponderou ao assentir com a cabeça e começar a caminhar com a moça.

Devagar, guiou-lhe ao seu carro.

— Quer água, habibti?

— Em casa... — A moça abaixou a cabeça.

Após ajudá-la a sentar, ele circundou o carro rápido para dirigir até a casa da moça. Foi muito prudente no volante e, chegando, a acompanhou até a sala onde pediu sua água.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora