XLIX. Um Dia Quase Sossegado

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Dois dias após o fim do Ramadan era o aniversário de Luke. Amanda usou os dias de folga para planejar algo para o rapaz — tentando considerar as preferências de Luke.

Seria bem difícil impedir que Luiza fizesse algo, mas a moça optou por um jantar com ambas as famílias. Nada tão grande, apenas os pais de Luke e o próprio pai.

Para não encher seus empregados de trabalho, encomendou parte do que consumiriam, principalmente os doces — escolhendo um pomposo bolo que adorava comer!

Nos dias seguintes ao Ramadan, Luke tinha muito a descansar. Após um mês muito mais duro que o habitual, estava muito cansado e acordar cedo, sem despertador, estava completamente fora de cogitação para o rapaz.

Aproveitando-se desse cansaço, Amanda conseguiu acordar cedo no dia do aniversário do rapaz, desligou os despertadores para deixá-lo dormir até às oito e meia — o que Luke já julgava ser tarde demais.

Preparou o café da manhã pessoalmente para servi-lo na cama. Deixando a bandeja sobre a mesa de cabeceira, escalou o corpo de Luke para acordá-lo com alguns beijos.

Suspirando, ele a abraçou e sorriu.

— Bom dia, habibti!

— Feliz aniversário, habib... — A moça disse, beijando o pescoço do rapaz e extraindo um forte arfar do aniversariante.

— Acordou mais cedo!? Deveria descansar...

— Não, você que acordou tarde! — A moça riu.

— Tarde!? Que horas tem?

— Oito e meia... — Luke arregalou os olhos ao ouvir a resposta. — Mas... você não irá a lugar nenhum hoje!

— As férias acabaram de acabar e eu já vou faltar, habibti?

— Vai, senão eu te demito! — A moça brincou.

— Isso é abuso de autoridade...

— Talvez seja mesmo... fiz o nosso café... — Ela cantarolou.

Olhando para o lado, Luke viu o belo café da manhã. Amanda sentou ao seu lado para pegar a bandeja. Quando ele se sentou, ela descansou a bandeja no colo do rapaz.

— Planejei um dia bem quieto, que terá uma leve agitação no final... já que seus pais e meu pai virão para o jantar. — Amanda o disse enquanto servindo seu café.

Hm... tudo bem! — Luke assentiu com a cabeça.

— Não convidei nenhum outro colega ou amigo por entender que não é sua vibe... — A moça riu. — Vinte e quatro anos... como está se sentindo?

— Muito vitorioso, eu diria! — Luke sorriu. — Há um ano, não esperava que tudo se agitasse tanto ao ponto de eu casar com você e isso me faz sentir muito bem.

Amanda sorriu, levemente acanhada.

— Estou satisfeito que meu aniversário também ocorre num momento em que as coisas começam a se ajeitar... Não estou com tantas preocupações e isso é bom! Allahu akbar.

— No resto do dia, nós ficaremos no quarto... Pedi que tivéssemos seu prato favorito no almoço e o faremos aqui! — Ela o avisou. — Algum problema?

— Nenhum, habibti... ficar no quarto me faria sentir um preguiçoso, se não fosse meu aniversário — riu.

— Nossa, Luke! — Franziu o cenho. — Não se cobre tanto!

— Não é cobrança... só é como me sentiria... Não serei assim comigo hoje, não precisa se preocupar!

— Claro... você vai ficar deitadinho e eu te farei uma boa massagem. — A moça sorriu de canto de boca, deixando claro que tinha muitas intenções envolvidas.

— Será... interessante! — falou, observando-a.

Ambos acabaram rindo.

Tiveram sua refeição e foram ao banho. Amanda o impediu de vestir-se, levando-o à cama para realmente fazer a tal massagem, sem buscar nada mais íntimo.

Apesar da brincadeira, entendia que o cansaço o faria cair no sono assim que ele sentisse mínimo relaxamento — e a moça não errou em tal previsão.

Em meio ao cochilo de Luke, conseguiu deixá-lo coberto na cama para descer à cozinha e servir alguns poucos petiscos para eles degustarem pelo resto da manhã.

Voltou à sua massagem após deixá-lo ter quarenta minutos de cochilo, quando o acordou para descansar o corpo sobre o dele e propô-lo maior relaxamento com o gozo.

Aquele foi o momento em que a fome os fez devorar os petiscos com certa velocidade enquanto conversaram sobre frivolidades, assistindo televisão.

Mesmo sendo um dia de folga, o hobby de ambos ainda estava relacionado com seu trabalho e isso os fez conversar do mercado e da economia agrônoma.

À noite, a mãe de Luke chegou para agitar o dia calmo.

Tinha muitos presentes e o jantar foi regado a muito saudosismo e felicidade por parte de Luiza — que só tinha motivos para se orgulhar do filho.

Eles encerraram o aniversário do rapaz sobre o telhado, observando o céu e suas muitas estrelas. Conversando sobre as muitas curiosidades astronômicas que angariaram na vida.

Nem todas eram realmente reais, mas não importava. O importante era apenas debulharem um bom assunto para dar fim ao último dia de folga do casal, antes de voltar ao trabalho.

***

Os dias seguintes se agitaram.

Havia muito para ser colocado em ordem e, após um mês distante do serviço, a adaptação na volta seria muito complexa.

Roberto continuou com a filha no serviço, não somente para oferecê-la suporte profissional, mas também estava muito preocupado que Amanda tivesse quaisquer dificuldades emocionais no retorno ao seu cotidiano.

Mesmo sendo agitado, foi um retorno ao trabalho muito confortável para ambos. Somando-se à agitação profissional, atualizações do caso Farhad chegaram nesses dias.

A lei foi relativamente ágil no Irã.

Da obtenção de informações e coleta de depoimentos, que ambos viveram no Irã, até a primeira acusação contra Farhad não demorou tanto tempo.

Até surgir uma segunda acusação e o caso se expandir para toda a organização paralela que Farhad criara em solo iraniano, almejando deter o império do pai.

Era impossível entender o que se passava na cabeça do homem que já era inevitavelmente herdeiro de tudo aquilo.

Repudiando a ideia de extradição, o tribunal iraniano realizou o julgamento em duas semanas: pelo adultério, Samira e Farhad foram condenados a morte.

A mulher com quem estavam, esposa de Farhad, não foi adúltera, mas tinha conhecimento da relação de Farhad com Samira e era permissiva com o marido.

Isso lhe rendeu castigos físicos e a eterna pecha social.

Todos os homens que compunham a organização que visava prejudicar o grupo Nazari e as famílias brasileiras no ambicioso plano de expansão foram presos.

A dura pena de quarenta anos de prisão não foi suficiente e eles também foram condenados a pagar um diyat a todas as vítimas — o que significou a total perda de tudo que tinham para lidar com o pagamento da indenização.

O fim daquela tempestade na vida de Luke e Amanda trouxe uma pacificidade da qual não usufruíram até então.

Amanda ficou muito mais confiante com o seu trabalho e foi suficiente para Roberto bater o martelo para retornar ao seu distante trabalho como mero acionista e conselheiro.

Para Sempre LaylaOnde histórias criam vida. Descubra agora