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Dᴏᴠᴇ POV
Jᴜɴʜᴏ ᴅᴇ 2023
Mɪᴀᴍɪ, Fʟᴏ́ʀɪᴅᴀ

Sempre fiquei com a dúvida do porque os pais sempre tendem a projetar sobre seus filhos os próprios sonhos?! Será que é tão complicado de entenderem que também possuímos os nossos e que não justo essa projeção toda. Não que eu fosse uma pessoa que já soubesse o que quero para minha vida, infelizmente ando mais perdida do que o próprio nemo, mas ainda sim queria ao menos um pouco mais de respeito; afinal nem todos nascem com paixões ou destinados a ter algo.

Será que isso sobre destino existe mesmo?

- Filha, será que é tão difícil entender o lado seu pai? Ele só quer que seja uma mulher bem sucedida - falou minha mãe enquanto caminhava até a cozinha, já era a sétima vez na semana que falava sobre isso - O que custa você demonstrar algum interesse. Aquilo tudo também é seu! - bufei.

- Vejamos... Custa todo tempo da minha vida em que eu poderia estar fazendo outra coisa ao invés de agregar lucros para aquela espelunca que vocês chamam de empresa - falei levando minha mão a nuca, botando uma leve pressão ali, aquela conversa estava me deixando ainda mais estressada - Sem contar que estou cansada de ser tratada como uma marionete na mão de vocês, eu já disse e volto a repetir. Não tenho nenhum interesse nos negócios da família e outra, ele só me quer lá para competir com a filha do tio José!

- Por favor, o chame de pai - aspirei com força, tendo noção de tudo que disse e que ela só focou na parte de não ter chamado ele de pai.

- Ele teve 27 anos para ser um pai, mas o que ele fez. Dedicou esses anos para trabalho e traição, que até hoje não entendo como você teve coragem de perdoar - indaguei pegando apenas uma fruta, estava cansada daquela casa e tudo que rodeava ali - Eu devia ter feito como a Claire, saído daqui quando tive a oportunidade... Jamais posso considerar alguém que esteve ausente por anos, como pai!

- Não devia pensar dessa forma, filha... É graças a ele que você tem tudo que tem hoje - revirei os olhos, não era possível que a altura do campeonato ela ainda continuava com esse discurso.

- Eu nunca pedi por nada, sempre foi dado para tentar amenizar a desgraça da ausência dele na minha vida - dei de ombros, saindo da cozinha. Deixando ela sozinha.

(...)

- Soube que iremos ter uma palestra com o Senhor José - indagou meu melhor amigo enquanto brincava com a caneta - Perdi a do ano passado, estava muito caro! - estávamos no horário de almoço do nosso curso.

- Sim, uma puta chatice e que ainda por cima é cobrado - rimos - Tio José é legal, mas ainda assim vai ser difícil passar uma hora ouvindo aquele blá blá blá!

- Deve ser difícil ser cobrada como você é. Seu pai é um tremendo idiota - levei o copo de água a boca - Ainda bem que você vai se formar em breve!

- Não considero ele meu pai. Já falamos sobre isso e quem me dera que isso tudo amenizasse depois da formação desse curso - falei - Afinal, como é ter a liberdade de decidir o que quer para vida? - questionei.

- Eu não tenho muitas escolhas na verdade - respondeu - Mas as que tenho são as que agregam ao meu futuro!

- Você é tão feliz e fofo! Queria ser como você, não ter que ser obrigada a comandar uma empresa - suspirei.

We Go Down Together - Dofia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora