54- Realidade

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JORDAN

Droga.... eu acordei. Se eu fosse capaz de ficar para sempre naquele sonho, eu ficaria com toda certeza.
Minha cabeça lateja de dor mas pelo menos nada está ardendo até então. Abrir os olhos é o mais difícil e surpreendentemente as cortinas das janelas permanecem fechadas e isso me alegra.
Há um cheiro bom no edredom e noto meu cabelo mais leve do que deveria. A pequena corrente de ar do quarto consegue fazer os fios se moverem. Eu realmente lavei o cabelo...?
Encaro o piso do quarto e noto que está completamente limpo e livre das roupas que estavam. A porta do closet está fechada e não há nenhum comprimido em cima da cômoda do abajur.

O apartamento cheira a produtos de limpeza e um perfume adocicado familiar. Toco meu colar com o pingente que seria da pulseira dela.

Me levanto e vou em direção ao banheiro e depois de terminar minha higiene, vou ao corredor. Meus pés ainda não estão muito equilibrados mas me sinto melhor que ontem. O choque atravessa meus olhos quando vejo que tudo está em seu devido lugar. Não há lixo em lugar nenhum e as coisas da Medusa estão devidamente organizadas. A cozinha está limpa e permaneço confuso.

Nicolae veio e arrumou tudo?

Volto para o quarto e vejo a cabeça da Medusa ao lado de cabelos claros e longos que estão espalhados pelo sofá do canto. Merda, estou Delirando...

Já tive diversos desses delírios e tão realísticos como esse. Ao invés de ignorar como sempre faço, eu me aproximo e fico de joelhos próximo ao sofá. Suspiro profundamente e o cheiro de morango e mel invade minhas narinas da melhor forma possível. Me sinto no paraíso e suspiro novamente. Como é possível?
O brilho dos fios é perfeito e parecem mais claros de quando me lembro. Uma vontade de tocar me consome e como estou em estado de delírio, eu faço.

— Céus... — Perco o ar quando deslizo meus dedos sobre os fios.

Era como se ela estivesse lá novamente.

Não me atrevi a tocar mais que seus cabelos. A dor será pior quando eu voltar a realidade.

Então eu me sento no chão e observo seu sono não tão tranquilo. Ela está encolhida como a Medusa.
De repente ela acorda assustada e esfrega os olhos com força. Seus olhos voam para a minha cama e ela faz menção de se levantar mas para bruscamente ao me ver.

Nenhum som sai de sua boca. E nem da minha...

Ficamos apenas em silêncio completo e nada parecia desconfortável mas sim confuso. Ela parecia cheia de perguntas. É como se estivesse doida para iniciar seu interrogatório.
Decido falar.

— Ainda... estou delirando.

Ela suspira e abaixa a cabeça, o que faz seus cabelos formarem uma enorme cortina em seu rosto.
Me levanto e sento próximo a ela.

— O que estou fazendo...? Isso é um erro, um erro grande. — Ela diz para si mesma.

Ergo minha mão mas ela se esquiva.

— Não! Melhor não. Eu preciso fazer você ver que...

Espero impacientemente.

— Que?...

Ayanna se levanta e anda de lá para cá e encara a porta por 2 minutos ou mais.

Meu Garoto JordanOnde histórias criam vida. Descubra agora