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Azriel permaneceu dormindo, já fazia mais de 17 horas, sim, ela contou todas as horas desde quando ele apagou. Não saiu de perto dele, apenas para comer ou cuidar de sua higiene, mas fazia tudo muito rápido e quando saia deixava um coelhinho feito de luz vigiando o parceiro ferido e em coma. Infelizmente as vezes o pequeno animal feito de magia atacava os irmãos de Az ou outros membros da família, ficava um pouco envergonhada com aquilo, mas eles entendiam que Gwyn queria apenas proteger Azriel.

Ela não sabia mais o que era dormir de verdade, ficava a noite inteira praticamente acordada sentada não lado da cama, quando cochilava dormia debruçada sobre a beira do colchão, as sombras por vezes faziam um cobertor sobre ela enquanto a luz rondava o quarto mantendo a guarda.

Então, aquelas 17 horas viraram 24, depois viraram 30 e agora estavam indo para as 40 horas que ele estivera apagado.

A sacerdotisa sentada em um bando ao lado da cama utilizava o poder da pedra azul da deusa para curar seu parceiro cantarolava baixinho enquanto o fazia curando o ferimento que finalmente parecia mais seco e curado. Depois de curar Azriel, a ruiva pegou uma bacia e um pano, molhou o tecido e depois o torceu. Ela levou a mão delicadamente ao rosto do parceiro passando o pano úmido, na verdade ele já age tinha dado um banho nele, mesmo deitado, teve a ajuda de Cassian para retirar o restante da armadura.

— Como estamos hoje? — perguntou Rhysand adentrando no quarto e Gwyn o olhou vendo sua luz indo o atacar, mas o Grão-Senhor com apenas um movimento da mão se defendeu com a magia e fez a luz rebater contra a parede a fazendo chiar.

— Ainda da mesma forma — disse Gwyn suspirando e ajeitando o lençol sobre a cintura de Azriel mantendo o ferimento descoberto. — Estou ficando preocupada.

Rhysand apenas suspirou e se aproximou da sacerdotisa se colocando atrás dela e com as mãos em seus ombros.

— E o laço?

— Pelo menos ele está aqui, mas não o sinto direito do outro lado — disse Gwyn secando uma lágrima teimosa que caída por seu rosto.

— Azriel é forte — disse Rhysand afagando os ombros de Gwyn com as mãos grandes e fortes. — E teimoso demais para morrer assim.

Ambos deram uma risada cansada.

— Devia descansar, eu posso cuidar dele enquanto isso — o macho disse e Gwyn negou com a cabeça.

— Quero estar aqui quando ele acordar.

— Ele não vai ficar nada feliz em ver você desse jeito — a ruiva fechou os olhos e respirou fundo. — Precisa estar bem para ele, Gwyn.

— Eu sei — respondeu com a voz chorosa e se virou ainda sentada no banco para fitar o rosto preocupado do Grão-Senhor, seu cunhado, em outras palavras. — Estou com medo...

Rhysand deu um pequeno sorriso de canto, as estrelas em seus olhos apagadas e então ele abraçou Gwyn mantendo o rosto dela contra seu abdômen e a sacerdotisa o abraçou de volta caindo em prantos.

— Eu também estou, Gwyn, eu também... — respondeu ele acariciando a cabeça de Gwyn que soluçava feito uma criança abandonada.

Sinceramente, aquela dor e angustia que corroía seu peito era pior do que ser queimada viva e sinceramente... Não desejava nem para seu pior inimigo. 

***

Apenas depois de muita conversa com Rhysand que Gwyn aceitou ir para outro quarto dormir e descansar, não achou que iria conseguir, mas assim que colocou a cabeça no travesseiro caiu num sono profundo, mas um sono profundo que durou apenas até as quatro da manhã. Ela logo levantou, tomou um banho frio e vestiu uma roupa confortável, mesmo que Rhys brigasse com ela por ter voltado tão cedo para o quarto, ela não iria ligar, apenas queria ficar perto de Azriel, apenas queria...

— Será que dá para você parar de ser teimoso, porra? — escutou a voz de Cassian dentro do quarto onde Azriel estava.

— Eu estou melhor... — escutou a voz de Azriel e na velocidade de um raio, Gwyn abriu a porta fazendo com que os trêsachos presentes ali a olhassem.

Cassian e Rhysand seguravam os braços de Azriel que estava sentado a beira da cama, o lençol branco cobrindo parcialmente de sua cintura para baixo deixando uma perna toda exposta e a outra coberta até a metade, suas partes íntimas também estavam cobertas.

— Gwyn, achei que estivesse dormindo — disse Rhysand.

Mas a sacerdotisa tinha apenas olhos para seu parceiro, para o olhar avelã trêmulo que a encarava com pura culpa. Gwyn respirou fundo e ergueu o nariz.

— Podem ir, eu cuido dele — disse ela andando até o trio.

— Mas, Gwyn... — ia dizendo Cassian enquanto ela agora passava os braços por debaixo dos braços de Azriel fazendo que os irmão deste o soltasse.

— Podem ir — repetiu ela com seriedade ajudando Azriel a se deitar.

Sem mais uma palavra os dois machos se retiraram do quarto enquanto Gwyn agora ia até a mesinha ao lado da cama se preparar para mais um processo de cura.

— Gwyn — chamou Azriel deitado e a olhando, mas ela não o olhou de volta. — Gwyneth — levou a mão a dela fechando os dedos em volta dos da fêmea que tremeu, tremeu de tanto tentar segurar o choro na garganta.

— Eu achei que tinha te perdido — ela respondeu com a voz embargada e soluçou.

— Ah... — ofego Azriel então se sentando novamente.

— Não! Não se sente ainda!— ela exclamou deixando todas aquelas lágrimas escorrerem pelo rosto e levou as mãos aos ombros de Azriel que já estava sentado. — Vamos, deite-se.

— Gwyn — ele repetiu levando as mãos aos pulsos dela as fechando ali com cuidado.

— Se deite logo, antes que o ferimento piore! — ela exclamou em puro desespero. — Eu tenho que cuidar de você! — Azriel apenas a puxou para si a fazendo quase cair de joelhos, mas a abraçou com força a mantendo contra si e a sacerdotisa começou a dar soquinhos sem força alguma em seus ombros. — Eu tenho que curar você... Eu tenho...

Terminou de dizer entre os soluços e choro forte, ela chegava a gritar agora avarrgando os ombros de Azriel com força.

— Está tudo bem agora, me desculpe — ele disse e ela soluçou alto. — Eu sinto muito, amor... Eu sinto muito.

— Eu não quero sentir o que eu senti nunca mais! — ela disse com o corpo tremendo enquanto se agarrava em Azriel.

Ele a segurava contra si, a segurava em seu colo e a acolheu, a acalentou em seus braços e manteve os lábios colados em sua cabeça. As sombras se enrolavam em Gwyn, como se desesperadas para fazer com que aquele choro desesperado e de medo sumisse, enquanto a luz da sacerdotisa deslizava sobre a pele de Azriel, sobre o ferimento dele como se averiguasse que estava tudo bem.

— Está tudo bem agora, está tudo bem — disse fechando as asas em volta de si e de Gwyn que agora soluçava com mais calma e respirava de maneira regrada.

Ela levou as mãos ao rosto dele e o olhou, a luz agora brilhava fazendo caminhos pela parte de dentro das asas do mestre-espião e as sombras dançavam em volta de ambos.

Ela encaraba os olhos dele enquanto acariciavam seu rosto com os polegares e fez uma careta de choro, juntou suas testas e deu um profundo e longo suspiro.

Az deu um pequeno sorriso e levou uma mão ao queixo dela a segurando com delicadeza por ali e passou o polegar pelos lábios avermelhados de Gwyn que tremeu e suspirou novamente bem profundamente e depois o abraçou novamente escondendo sei rosto na volta do pescoço do encantador de sombras que os deitou na cama e ela se negava a solta-lo, e sabia que ele não a soltaria, ficaria ali fazendo cafuné em seus cabelos e a abraçando até que Gwyn estivesse com suas forças, física e emocional, fortes novamentes, do jeito que ela era, do jeito que ele a amava.

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