O cansaço do mês inteiro havia recaído sobre mim nesta noite, a minha última em Los Angeles, minha tia marcou a viagem para dia 25 de maio, amanhã. Resolvi tudo que ainda tinha para resolver em LA para poder ir sem preocupação, quanto ao apartamento, paguei a última prestação com o dinheiro dos móveis que mandei para um leilão local.
A escola iria me suspender em situações normais, mas, no entanto, apenas receberia uma marca no meu currículo escolar, algo que não deveria estar lá, pois é o tipo de coisa que me impediria minha vaga em faculdades como Columbia, Duke e a faculdade dos meus sonhos e totalmente fora do alcance, Yale. Mas de qualquer maneira vamos seguindo com calma, um dia de cada vez.
Cheguei ao aeroporto com a Sra. Quinn me acompanhou. No aeroporto a viúva me entregou uma revista e mandou que eu lesse na viagem. Não tinha nenhuma mala, nem coisas o suficiente pra ocupar uma, então permaneci apenas com minha mochila com o resto das minhas roupas antigas, que visto desde meus treze anos.
Ela se aproximou para o um abraço, mas a interrompi com um simples aperto de mãos. Nunca fui muito chegada a interações físicas, principalmente quando se trata de relações sexuais. Quando eu tinha nove anos meu pai levou alguns amigos em casa para jogar Poker, entre os quatro homens tinha um com uma aparência medonha, ele era alto e muito magro, Jorge Moore, era o nome dele, eu estava brincando no meu quarto quando ele entrou, e me molestou.
Tenho aversão a homens até hoje, por homens como ele e como meu pai. Mas isso não vem ao caso.
Entrei no avião agarrada a minha mochila, o medo voltou a se instalar, pressionei meus lábios e respirei fundo me concentrando ao máximo, e assim novamente, me vi com os dedos na boca novamente, nunca pensei que minha primeira viagem de avião fosse se dar através dessas circunstancias.
Beirando as treze horas de viagem e algumas turbulências no caminho, finalmente pousamos em Hamburgo. Olhei ao redor pela janela do avião e em seguida acompanhei os outros passageiros para fora.
Na área de desembarque, havia muitas pessoas com placas com nomes dos passageiros, olhei atentamente em minha volta e então vi claro "Dorothy Schneider", levantei a vista vendo uma mulher de longos cabelos loiros e olhos verdes, minha tia, ela era assustadoramente parecida com meu pai. De fato, só conhecia sua voz, fomos embora quando eu ainda era muito nova, então a imagem que tinha dela era vaga.Respirei fundo e dei alguns passos a frente, ela não chegou a me reconhecer de primeira, mas em alguns segundos ela arregalou os olhos, soltou um pequeno gritinho e pulou encima de mim, me envolvendo num abraço apertado.
– Minha nossa Dorothy, como está enorme, virou uma moça belíssima! – Dizia se desvencilhando do abraço e ficou acariciando meu rosto.
Forcei um sorriso mesmo estando meramente incomodada com o contato físico tão constante, mas não queria deixa-la chateada então me segurei, mas ainda sim mostrando certa indiferença, mas de forma bem sutil. Minha mochila não estava pesada, mas ela fez questão de pega-la de meu ombro e levar.
– Só trouxe isso? Onde estão suas malas? – Indagou confusa.
– Não tenho malas, só tenho isso. – Disse pegando a mochila de sua mão e pus de volta nas minhas costas.
Ela assentiu e enfim se calou, ela definitivamente não se parece com a mesma mulher que falará comigo ao telefone, foi neste momento que comecei a sentir saudades da Sra. Quinn.
Ela me levou para sua casa, num caminho em total e completo silêncio, mas não aquele tipo de silêncio confortável, mas sim extremamente constrangedor.
Uma casa branca com detalhe em madeira, fora que era repleta de vidros dando um ar mais aberto ao ambiente. Saí do carro quase boquiaberta com a visão, uma casa completamente fora da minha realidade. Era lindo e amedrontador.
O hall de entrada era imenso e como o resto da casa, branca com um piso de coloração semelhante, chegava a ser um tanto sufocante, toda aquela branquidão dava um ar de hospício ao local que era para ser um lar de uma família feliz, coisa a qual nunca conheci.
Marie me levou até um quarto enorme no andar de cima, com uma varanda dando visão ao mar da enorme praia que ficava algumas quadras da casa, a famigerada praia de Elba. Era uma visão inédita, como o todo resto, mas essa definitivamente prendeu minha atenção.
— Bom... sinta-se a vontade, este é seu novo lar agora. — Disse meio sem graça. — Seja bem vinda querida. — Colocou sua mão em meu ombro me fazendo encara-lá, sorriu e saiu.
Solto minha mochila no chão e vou até a sacada, deus... que vista! Respiro fundo, subo no parapeito e sento ali, sentindo a brisa da noite sobre meu rosto e a visão do mar reluzindo com a luz da lua. Imediatamente sou tomada por um sentimento súbito de tristeza, e então pela primeira vez em muito tempo eu me deixei levar.
Quando as lágrimas começaram a cair elas se recusaram a parar, todos os sentimentos ali presentes, toda minha dor, chorei por meu pai, por estar numa casa desconhecida com pessoas que mal conheço, num país onde eu nem se quer me lembro, chorei até pela Sra. Quinn, nunca pensei que fosse sentir falta dos seus chás com pelos de gato.
Me deitei na cama e como uma criança, simplesmente chorei até dormir.
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Chegaste ao fim do capítulo.
Mais tarde eu iriei postar mais um capítulo, por volta das 19h.
Até mais tarde lindos. 🙃🫶
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You Dream Of The End - Bill Kaulitz
RomanceEra tudo guardado em meio aqueles malditos olhos, mas num tom sem vida alguma, guardando toda a mágoa, tudo que mais doía nela, curada por olhos castanhos que enxergava e curava toda sua dor, a sapatilha vai aguentar? O microfone vai quebrar? As flo...