Trinta e dois. Dois risquinhos vermelhos

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Segurava os cabelos de Anelise enquanto vomitava na privada pela terceira vez esta madrugada. Acabei acordando com o barulho no banheiro vizinho ao meu quarto, fui até lá vendo a garota pondo até a alma para fora. Fui até a cozinha e peguei um copo d'água, e voltei para o andar de cima rapidamente vendo a garota encostada na parede em frente ao sanitário.

— Ah merda! — Afirmava com as mãos na cabeça. — Deve ter sido alguma coisa que eu comi. — Me agachei lhe entregando o copo de água.

— Ane, todos comemos as mesmas coisas, se tivesse sido a comida também estaríamos passando mal. — Quando enfim pronunciei essas palavras em voz alta comecei a considerar outras possibilidades.

Na minha antiga escola em LA só o que tinha era casos e mais casos de gravidez na adolescência, as vezes por falta de cuidado ou um preservativo estourado, mas ainda sim era um coisa que era muito frequente. Anelise não era mais virgem, isso não era segredo pra ninguém. A possibilidade de algo ter acontecido durante o ato era bem plausível diante da situação atual.

— Ane, vou fazer uma pergunta mas tem que me prometer que vai manter a calma. — Ela assentiu dando mais um gole na água. — Você e o Tom tem tomado cuidado não é? — Foi o suficiente para entender a respeito do que eu estava falando e empalidecer por completo.

— Puta merda, você acha que eu possa estar...? — Assenti receosa. — Ah meu deus, parando pra pensar eu... tô atrasada. — Nem fudendo.

— Olha, não vamos entrar em pânico agora, isso não vai ajudar em nada, só preciso que fique calma, amanhã de manhã eu compro um teste pra você, só por via das dúvidas. — Ela respirou fundo com os olhos cheios de lágrimas, só a possibilidade nos trazia um enorme desespero.

— Só por favor, não conta pra minha mãe, pelo menos não agora... — Assenti. — Eu posso dormir com você? Não quero ficar sozinha.

— É claro! — Mas quem disse que eu dormi?

Deixei que ficasse em minha cama e dormisse enquanto eu analisava as opções, possibilidades e saídas, fiquei sentada numa cadeira próxima a cama com os dedos na boca e as pernas balançando. Olhava para a garota e por trás daquela moca loira e assustada e via um futuro brilhante, é uma mulher forte, mas que ainda sim precisava crescer ainda.

Sabia que de todos os temores que essa situação trazia um de seus maiores apavorou era a reação de Tom. Ele era um babaca em determinados momentos mas era um babaca apaixonado pela garota. Podia ficar tão assustado quanto a própria Anelise mas sabia que ele era descente o suficiente para permanecer junto a ela até o fim se necessário. Se tudo isso de fato se concretizar eles vão precisar ser muito fortes e aguentar firme.

Amanheceu e assim que deu cinco da manhã caminhei até a farmácia mais próxima e arranjei um dos testes que tinha prometido a garota que ainda dormia tranquilamente em minha cama. Voltei para casa com passos rápidos e firmes, me esgueirei pela porta de entrada e subi de volta para meu quarto e quando cheguei a garota se olhava no espelho analisando a própria barriga.

— Deus, que isso seja só um engano... — Suplicava em voz baixa.

— Vamos comprovar nossa teoria! — Afirmei levantando a sacola com o teste, ela respirou fundo e assentiu, fazendo o máximo de esforço para não desmoronar neste exato momento.

Foram os cinco minutos mais longos da minha vida, ela estava sentada numa cadeira ao lado com o teste sobre a mesa, olhava pra ele esperando alguma resposta balançando as penas com as mãos nos joelhos. Pós a minha mão sobre a sua, sorri e lhe assegurei de que tudo ficaria bem.

— Não. Não. Não. — Afirmava olhando para as duas listas vermelhas no teste. Seus olhos encheram de lágrimas no mesmo momento, lágrimas de puro desespero. — Não, isso não é possível. — Ela soluçava sem parar, chamando a atenção de nosso vizinho de quarto ninguém mais, ninguém menos que seu irmão mais velho preocupado.

— Dod's? Ane? Está tudo bem? — Perguntou batendo na porta.

— E agora? — Seus olhos se encheram de pânico.

— Calma! — Falei em voz baixa apenas para que ela pudesse ouvir. — Georg, não foi nada! Só estamos assistindo filme. — Inventei a explicação.

— Eu pensei ter ouvido um grito. — Afirmou ainda preocupado.

— Foi a garota do filme, desesperada eu diria! — Falei a primeira coisa que se passou em minha mente.

— Dorothy... — Chamou Anelise. — Deixe que ele entre. — Falou com uma feição ainda chorosa, mas certa de sua decisão, assenti abrindo a porta.

Ele nos olhou em dúvida pousando o olhar na irmã com o rosto molhado por lágrimas, analisou mais um pouco o quarto até enfim notar o teste sobre a mesa. Apontou para ele um tanto assustado.

— Que merda é essa? — Indagou.

— Eu tô grávida! — Ela afirmou com a voz tão fraca que era quase inexistente.

— Puta que pariu. — Afirmou também entrando num leve pânico. — Tom fez isso com você? Eu vou matar ele! — Falou em tom de proteção para com a irmã.

— Não faça isso, por favor Georg, só... preciso do meu irmão mais velho agora. — Ele respirou fundo tentando manter a calma, se abaixou na altura da irmã agarrando suas mãos forçando um pequeno sorriso.

— Já sabe o que vai fazer com isso? — Indagou.

— Ainda não. Quero falar com Tom e com a mamãe antes de decidir qualquer coisa... — Falou cansada.

— Vai ficar tudo bem maninha, eu prometo! — Falou e ela sorriu, se aproximando e o abraçando.

(...)

— Que dia intenso! — Afirmou Bill ao meu lado em minha sacada.

— Nem me fale! Estou exausta. — Virou a cabeça um pouco para o lado me analisando.

— Não chegou a dormir direito não é? Parece mais cansada que o normal.

— Não dormi mesmo. Fiquei com medo de Ane passar mal de novo. — Expliquei.

— Bom, agora ela está com sua tia. Por que não aproveita e descansa um pouco? — Falou segurando minhas mãos.

— Mas você... — Ele balançou a cabeça como se não se importasse.

— Não tem problema nenhum. — Me guiou até minha cama, fez com que me deitasse e enfim fosse dormir.

— Pode deitar comigo? — Indaguei, ele franziu o cenho com um pequeno sorriso de lado.

— Sua tia não vai achar ruim ou no mínimo suspeito? — Eu ri e balancei a cabeça.

— Acha mesmo que ela não sabe que Violet vem aqui noite sim e noite não dormir com Georg? — Indaguei sarcasticamente. — Eles são lá muito silenciosos por assim dizer. Ela é exatamente o tipo que me encurrala na cozinha com o famoso: "quer sorvete?" Para ter "as conversas". É inofensiva. Fora que não vamos fazer nada indevido. — Ele achou graça. Assentiu, se deitando de frente para mim, permitindo que deitasse em seu peito enquanto acariciava meu cabelo. — Bibo?

— Hum?

— Canta. — Pedi, afinal sua voz era uma das coisas que mais conseguia me deixar calma e relaxada.

Começou a cantarolar com voz rouca a música que escrevera para mim a um tempo atrás enquanto brincava com meu cabelo, até que enfim eu dormisse.

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Chegaste ao final do capítulo!
Gente e esse plot enorme???? Nn vou mentir q tive essa ideia da madrugada de ontem pra hoje 🤭
Mas enfim por hoje é só, solto está mine bomba com um toque de suspense e dúvida.
Questão de tempo até descobrimos o desfecho dessa história.
Bjs até a próxima!

You Dream Of The End - Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora