Cinco. Don't Jump

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Eu me sentia como uma daquelas adolescentes dramáticas em filmes de terror, enlouquecendo por não saber que roupa usar numa festa. Nunca me imaginei numa situação como essa, meu corpo não mudou quase nada com o tempo, então uso as mesmas roupas desde que me lembro. Pensei e repensei, mas nada se encaixava, eu não ligava pra minha aparência, desde que não me fizesse passar frio estava ótimo, mas por algum motivo, eu queria estar bem.

Estava de pé em frente a minha cama, com minhas roupas sobre ela, tentando decidir algo para usar. Três toques na porta, e minha atenção foi para lá, imaginei que fosse Georg vindo me perturbar novamente por causa da festa, mas assim que a porta se abriu, vi Anelise, surtando.

— Eu estou enlouquecendo, com que roupa eu vou? Qual será que fica melhor, a rosa ou a vermelha? — Ela começou a disparar palavras quase em pânico.

— Eu estou lidando com o mesmo problema. — Afirmei baixando meu olhar novamente para a cama.

— Só tem isso? Cadê suas roupas de festa. — Bastou encarar minha cara para entender. — Ah... então seguinte, por que não vamos ao Shopping escolher algo que você goste?

Bom, a minha única opção foi o sim, apesar de ficar um tanto constrangida com a situação. Rodamos da GAP a Gucci, em cada uma delas saímos com enormes sacolas de roupas, confesso que por um momento eu esqueci tudo, eu consegui me divertir.

Por último depois de muita insistência de Ane, fomos comprar roupas de banho, de acordo com ela era quase um ultraje não ter biquíni morando minutos da praia. Se quer tinha pisado numa e quando o disse por um momento pensou que estava brincando. Um maiô preto, comum, com as costas abertas e atrás as alças cruzadas.

— Aí que ódio! — Afirmou, me assustando inicialmente. — Você fica linda em tudo que usa! Olha isso, você tem a barriga retinha, braços fortes, suas coxas se quer encostam. — Ela disse em disparado, se pondo do espelho ao meu lado, pondo as mãos na cintura. — Eu queria ser como você, me conte o seu segredo! — Chega! Foi o suficiente para me tirar do sério.

Me voltei sem dizer uma palavra. Fechei a cortina e tirei o maiô irritada, pus minha roupa de volta e sai sem olhar para trás. Meu segredo? Fala sério. Experiente passar fome por 18 anos, fazer trabalhos pesados com 11, não ter oito horas completas de sono, bom talvez esse seja o meu segredo.

Gosto de Anelise de verdade, mas ela sabe ser sem noção.

Mas acho que o que mais me irritou foi o fato dela se comprar a mim, Anelise conseguia ser incrivelmente linda, teve tudo na vida, não tinha motivos para se comparar principalmente com alguém como eu. Ela foi correndo atrás de mim preocupada, sem parar de perguntar o que tinha feito de errado.

Lhe levei até a fila do McDonalds, olhei pro cardápio e em seguida pro atendente.

— Um tradicional e uma coca! — Disse ainda analisando o cardápio. — Vai querer o que? — Ela segurou meu braço e me puxou para o canto.

— Você tá maluca? Isso engorda pra caramba! — Ela disse cochichando.

— O meu "segredo" não é tão satisfatório quanto imagina, então... — Disse voltando pra fila. — Meu conselho pra você é: Coma. Viva. Se arrisque. Não se deixe prender por um corpo, o importante é você se sentir bem consigo mesma, nunca se compare com ninguém, o normal é um saco, seja autêntica.

Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas, soltou um sorriso sem graça, voltou o olhar pro cardápio e fez o seu pedido.

(...)

Já batiam 19:45 e já estava pronta apenas esperado por Anelise e Georg. Ane implorou para fazer meu cabelo e maquiagem, fui vencida pelo cansaço, e para ser sincera não sei se me sinto bonita ou ridícula.

Georg desceu louco, procurando um dispositivo do seu baixo, quando achou subiu de volta para perturbar Anelise para que se adiantasse, ela desceu as escadas correndo completamente arrumada, com roupas curtas e decotadas, confesso que duvidei que Georg fosse deixá-la sair assim, mas depois de algumas cenas de Ane e a falta de tempo acabamos indo.

Chegamos a uma casa enorme, bem à frente da praia de Elba, apenas a algumas quadras da casa dos Listing. Entramos na casa, que por acaso estava lotada de gente, com uma sala enorme com os sofás revirados pela multidão que gritava ao redor de algo.

— Aí, tá no meu horário. Se cuida irmãzinha. — Disse dando um beijo na testa de Anelise que em seguida limpou o beijo com os dedos soltando um pequeno "eca" — Se cuidem as duas. — Ele disse quase gritando devido ao som alto e em resposta assenti segura.

Assim que Georg deu as costas Anelise me arrastou pro meio da multidão até a cozinha arrancando uma garrafa de vodka do balde com gelo, podo num copo de shot e virando, e que terminou já começou a encher outro.

— Ei! Ei! Ei! Vamos com calma, okay? — Disse e a menina deu de ombros virando mais um copo.

— Ah, onde está minha educação, quer um também?

— Não, obrigada, mas eu não bebo. — Disse firme.

— Ah qual é Dorothy?! É festa! Toma um drink, agarra um bonitão e vamo que vamo! — Ela disse pondo um shot pra mim que fiz questão de derramá-lo inteiro na pia.

Um som alto e agudo de um microfone seguido de uma contagem.

— Muito obrigada pela presença, mais uma vez aqui com a gente está noite. Tokio Hotel! — Uma voz alta soo no microfone, no mesmo minuto me vi arrastada pelo meio da multidão por Anelise novamente.

Uma melodia guiada por uma guitarra e baixo foi iniciada, tinha certeza que Georg estava no meio, mas estava curiosa quanto aos outros rapazes.

— Ane, não consigo vê-los! — Afirmei quase gritando.

A menina agarrou novamente minha mão e se enfiou no meio das pessoas, ficamos bem mais à frente. Minha atenção foi inicialmente para Georg ao baixo, mas foi quase que imediatamente direcionada para o vocalista à frente. Ele era incomum, com os cabelos espetados e uma maquiagem pesada, do tipo que não se vê todo dia, mas não deixava de ser especialmente bonito, com uma voz que além de marcante era profunda. Ele cantava com a alma como eu danço com a minha e eu amo isso.

"Don't jump" O rapaz repetia ao longo da música e de alguma maneira era como se aquelas palavras tivessem me atravessado, novamente tomada por uma onda de tristeza tão forte quanto um terremoto de alta escala, com o mesmo poder destrutivo.

Não sei como ainda não pulei, não sei como ainda não desisti e fiz como meu pai e me entreguei ao mundo, não sei como ainda permaneci de pé depois de tantos tropeços, eu estava exausta, mas eu simplesmente me escondia dentro de mim. Até um determinado momento, ele me viu, de tantas pessoas seu olhar parou em mim e me encarou nos olhos e então repetiu mais uma vez, como numa súplica, como se de alguma maneira enxergasse minha dor: "please, don't jump."

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Chegaste ao final do capítulo!
Meus amores, finalmente eles se conheceram!!! Glória a Deus, nem eu estava aguentado mais, mas tudo por um bom desenvolvimento 🙌🙌🙌
Mas enfim, se estiver de boa eu posto outro capítulo ainda hoje mas isso vai depender, caso contrário só na terça.
Bjs, até mais! 🫶

You Dream Of The End - Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora