Vinte e seis. Atelofobia

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Natal...

Ano novo...

E quando menos percebi já estávamos no final de abril, apenas esperando para o início da próxima turnê dos rapazes, que seria a apenas dois dias. Amy Winehouse tocava alto no toca fitas, um calhamaço em mãos, lendo mais um dos clássicos do Stephen King para minha coleção.

Quatro estações, teve a adaptação completamente merecida ao cinemas como "um sonho de liberdade", um dos meus filmes prediletos desde que era pequenininha. Era um filme com uma puta crítica pro trás, coisa que pra uma criança da idade que eu tinha na época era quase impossível de se entender, mas de alguma maneira eu compreendi até com bastante facilidade.

Me lembro de as vezes me esgueirar pela janela de meus vizinhos que tinha acesso a Tv acabo e assistir horas e horas de televisão enquanto estava ligada. Foi assim que conheci Sra. Quinn, quando me pegou com o rosto completamente sujo e choroso, depois de meu pai me chutar para fora de casa por entrar com minhas botas sujas de lama.

Me ofereceu um banho quente e uma xícara de chá com pelos de gatos. Foi uma das tardes mais agradáveis que tive em muito tempo. Anelise bate a porta, põe apenas a cabeça para dentro.

— Dod's? Está vestida? — Ponho meu marca páginas no livro e o coloco na cama. — Bill está aqui! — Deixo escapar meio involuntariamente um pequeno sorriso.

— Pede pra ele subir, por favor. — Ela assenti e sai.

Estava apenas com um shorts e uma regata longa do Led Zeppelin, como um dos achados de Georg. Amava roubar suas camisetas de vez em quando, e bem desde que ele não se importasse estava tudo bem. Bill entra pouco tempo depois, mal me olha nos alhos apenas vai direto pra minha cama e se joga nela.

— Quem te deu essa autoridade toda? — Falo ficando de pé ao lado da cama com as mãos na cintura.

— O próprio, o mito, a lenda, euzinho! — Ri de sua afirmação presunçosa.

— Afasta pra lá! — Acenei com a cabeça indicando a direção. — Folgado! — Ele sorriu em mostras os dentes e enterrou a cabeça no travesseiro. — Veio aqui com algum propósito ou só pra dormir mesmo? Por que isso você faz em casa.

— Mal cheguei já está me expulsando. Credo. — Afirmou se ajeitando na cama se virando para mim.

— Não estou. Só quero saber se tem alguma coisa planejada. — Se aproximou e deitou a cabeça em meu colo.

— Ficar aqui com você conta como planejamento? — Eu ri enquanto penteava seu cabelo com os dedos.

De um tempo pra cá isso meio que virou rotina. As vezes vinha para cá e as vezes eu para sua casa. Nessas idas e vindas conheci Simone, sua mãe, uma mulher simpática e bem carismática, bastante semelhante a tia Marie. Não é atoa que as duas são boas amigas.

As vezes me convidava para os ensaios da banda ou até mesmo para as gravações. Foi um tempo definitivamente agradável. Sem muitos dramas, apenas boa vida, eu podia viver assim muito bem. Quase todas as noites vinha me buscar no trabalho e me levava pra jantar na maioria delas.

— Não exatamente. — Falei recostando minha cabeça na cabeceira da cama, analisando seu rosto.

As pequenas maravilhas de momentos assim era quando podia olhar para ele de perto. Lembro-me de situações em que tia Marie me encurralava na cozinha com a desculpa do: "quer sorvete?" E me perguntava sobre a gente, perguntas do tipo: "está usando proteção né?", "já estão namorando?". Anelise não é muito diferente também.

Quanto as redes sócias e o boato da "namorada da Bill Kaulitz", tanto eu quanto o rapaz preferimos ignorar ao máximo esses assuntos e nos envolver nessas polêmicas, principalmente quando diz respeito a ameaça a sua carreira.

Simplesmente voltei a me acomodar agora com o peso extra de sua cabeça em meu colo, pegando novamente meu livro e voltando a leitura. Com menos de vinte minutos o rapaz já tinha apagado por completo, se quer se mexia. Tirava as mechas de cabelo de seu rosto dando visão para sua feição apaziguada. Sorria com tamanha beleza.

— Como pode? Consegue ser lindo até dormindo... — Falei em voz baixa acariciando seu rosto.

(...)

Bill acordou uns quarenta minutos depois, levantou meio sonolento ainda, compreendi seu cansaço, afinal, treinaram quase a semana inteira sem descanso, não o julguei por querer um pouco de paz e sossego. Ficamos então na varanda, apenas curtindo o crepúsculo do final da tarde.

— Dodo. — Iniciou o rapaz quebrando o silêncio até que confortável do momento.

— Diga!

— Posso dizer um pensamento alto? — Franzi o cenho em dúvida.

— "Pensamento alto"? Como assim? — Indaguei.

— Algo que venho me questionando. — Falou sem me olhar nos olhos, apenas olhando para o horizonte. — Quero sua opinião sobre isso. — Falou em tom sério.

— Nossa, parece sério, manda! — Falei me virando para o mesmo.

— Acho que... estou apaixonado por você... — Falou ainda sem me encarar. Achei graça.

— O que? Você está só pode estar brincando. — Falei em meio a risadas. Parei quando enfim me olhou com uma feição seria. — Merda... você tá falando sério.

— Olha você não precisa responder nada. Eu só queria que soubesse antes de eu ir embora de novo. — Falou agarrando minhas mãos.

Minha cabeça estava a mil, por um momento podia jurar que ia desmaiar. Não sei se sentia o mesmo com certeza, sabia que tinha algum interesse nele, afinal, não teria lhe beijado se não tivesse, porém não podia afirmar com certeza que o amava, não agora.

Não queria falar algo no automático, não queria responder sem ter certeza do que sinto porque assim só iria magoá-lo. E eu morreria apenas por magoá-lo. Olhava em seus olhos e via toda sua paixão e então eu entendi, antes tudo o que via em seu olhar, não é que fosse especificamente um paradoxo e sim, apenas amor.

Quis chorar. Chorar por não saber responder. Por temer tanto as simples palavras "eu te amo", por medo principalmente de perdê-lo neste momento. Por que sinceramente não sei o que faria sem ele agora. E são pensamentos assim que me fazem odiar me sentir assim por alguém, pois fico vulnerável. Mas por ele acho que posso ser um pouco.

Me aproximei em um passo é apenas o beijei. Mas não como uma resposta positiva, e sim em busca de alguma coisa, amor, paixão, raiva, mas não senti nada além de pura duvida. E ele sabia. Agarrou minha cintura, como se implorasse para eu não sair. Me desvencilhei dele com meus olhos cheios de lágrimas, o abracei forte.

— Me desculpa... — Sussurrei fraco, sentindo as lágrimas rolarem por minhas bochechas. — Não tenho palavras pra dizer o quanto eu lamento.

— Está tudo bem... — Disse firme, mas sabia que estava magoado, e no fundo ele também sabia.

- - -

Chegaste ao final do capítulo!
Doeu em mim fazer esse capítulo. Deixarei esse suspense no final.
Vai ser recíproco?
Bem, por hoje é só.

You Dream Of The End - Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora