Até o determinado momento eu já havia chegado ao meu limite, virei para Ane que gritava e pulava como uma louca e disse que precisava de um momento, precisava de ar puro. Ela se quer me ouviu apenas continuou a pular. Abri a porta da sacada, a parte mais vazia e silenciosa da casa com certeza, mas não podia descartar os casais bêbados dando uns amassos aqui e ali.
Sentei no parapeito e respirando fundo, pus a mão na nuca massageando um pouco, me segurando pra não soltar as malditas lágrimas que se formavam em meus olhos, mas fracasso, com algumas delas escorregando sobre minhas bochechas. Que inferno.
— Você não vai pular vai?
Meu olhar vai rapidamente para a voz e seu destinatário, mas antes enxugando rapidamente meu rosto, e era ninguém mais ninguém menos que o garoto esquisito que cantava a pouco.
— O que? — Digo confusa.
— Eu acabei de cantar uma música que é basicamente não pule, seria muito chato se você pulasse agora. — Solto uma risada fraca em tom de ironia, um tanto irritada com o comentário do rapaz.
— Não se pode nem tomar um ar fresco em paz. — Digo tombando com a cabeça para traz. Ele riu sarcástico e se juntou a mim no parapeito.
Ele saca uma caixa de cigarros do bolso, tirando um cigarro pondo-o na boca, pega um isqueiro e acende, dando uma rápida tragada, vira pra mim e aponta a caixa na minha direção me oferecendo o fumo.
— Eu não fumo! — Ele deu de ombros e pôs de volta no bolso. — Você também não deveria.
Assim que terminei de falar ele finalmente se virou pra mim me olhando nos olhos, que eram indecifráveis, como uma espécie de paradoxo que variava entre cheio de vida e mórbidos.
— E quem é você para me impedir? — Sua pergunta não soo insensível ou grosseira, mas simplesmente como uma indagação.
— Bom, depende de quem pergunta. — Ele riu e me olhou como se o que eu tivesse dito fosse um absurdo.
— Peraí... não sabe quem eu sou? — Ele disse em meio a pequenas risadas, apontando pra si mesmo com o cigarro entre os dedos.
— Por que? Eu deveria saber? — Disse simples sem muita importância voltando meu olhar a magica vista do lago Elbe.
– É, acho que deveria saber o dono da casa que anda, aliás, como é que veio parar aqui se nem sabe quem sou? – Disse indignado.
– Fui arrastada por uns conhecidos. – Vulgo baixista da sua própria banda. Ele soltou um pequeno riso como num suspiro.
– Você é esquisita!
– Eu? Ata, falou a pessoa mais normal do mundo, aliás, qual é a desse seu cabelo? – Disse e ele riu.
– Se manca! Mas quer saber de uma coisa, o normal é um saco garota. – Cerrei os olhos me voltando para o rapaz.
– Ei, essa frase é minha! – Ele balançou a cabeça e então o silencio voltou, mas não algo desconfortável, era até agradável, pra ser honesta me senti bem mais a vontade com esse garoto que acabei de conhecer, cujo o nome para mim ainda é um mistério, do que com as pessoas da minha própria família.
– Bom, tá afim de tomar alguma coisa? Tenho uísque. – Balanço a cabeça negando.
– Também não bebo.
– Como assim? Que tipo de adolescente é você? É super religiosa ou sei lá?
– Não, só não curto essas coisas.
– Hum, depois eu que sou esquisito. – Ele disse e então sumiu dentro da multidão.
Depois que ele saiu o que ainda me restou foi um sorriso bobo nos lábios. O que é isso? Dei alguns toques na boca e balancei a cabeça. Por deus Dorothy.
A banda tornou a tocar e eu voltei para dentro atras de Anelise, que permanecia na frente de todos pulando e gritando, para quem implicava tanto com o irmão parecia curtir muito a musica dele.
(...)
O tempo passou e se eu soubesse que festas assim se resumiam a sexo, drogas e álcool, eu teria descoberto mais cedo que minha vida se resumiu a uma festa. A banda já havia parado de tocar a um tempo.
Anelise estava no colo do guitarrista da banda, um garoto, ao mesmo tempo, idêntico e completamente diferente do garoto da sacada, que agarrava a bunda da moça a beijando intensamente. O quanto pude evitar visualizar aquela cena eu evitei.
Georg veio meio bêbado até mim e me arrastou até um dos únicos quartos que não estava sendo ocupado por algum ou alguns casais transando e pediu que esperasse um momento assenti e ele saiu novamente. Sentei na cama e baixei a cabeça nervosa com o barulho dos quartos vizinhos e fiquei torcendo para que Georg voltasse logo.
Minutos depois o rapaz abriu a porta me viu daquele jeito e entendeu o que se passava, ligou a caixa de som pondo uma música para despistar o brulho desagradável, ele sorriu e eu agradeci com um aceno de cabeça. Em poucos segundos a porta foi reaberta por os rapazes da banda, e isso incluía o garoto da sacada que quando me viu franziu o cenho.
– Lembram daquela prima que falei? – Iniciou Georg quebrando o "silencio" constrangedor.
– A tal bailarina? – Indagou o mais baixo deles e de longe o com aparência mais comum.
– Sim senhor! – Confirmou meu primo, dando um pequeno toque nas minhas costas pedindo que levantasse e assim fiz.
– Bom essa aqui é Dorothy Schneider. – Disse e percebi o olhar do emo sobre mim ainda confuso. – Dod's, esses são Gustav Schäfer, Tom Kaulitz e Bill Kaulitz. - Ele afirmou apontando para cada um dos rapazes, dentre eles o garoto que engolia Ane a pouco e o garoto da sacada ou melhor, Bill Kaulitz.
Os meninos ainda me fizeram algumas perguntas, passando cerca de meia hora conversando, tentei ao máximo parecer o mais simpática possível mesmo estando visivelmente incomodada com o olhar silencioso de Bill sobre mim. Tom as vezes jogava algumas indiretas, mas eu simplesmente ignorava pois não queria deixar a situação mais desconfortável.
Os rapazes então saíram e quando passaram pela porta, Georg abriu um enorme sorriso e saiu, parecendo satisfeito, fico feliz. Soltei um suspiro me livrando de toda a pressão e poucos segundos depois os acompanhei saindo, mas me assustei com o garoto emo que estava parado ao lado da porta parecendo algum tipo de entidade maligna.
– Merda! – Disse pondo a mão no peito pelo susto.
– Bom, Dorothy Schneider?
- - -
Chegaste ao final do capítulo!
Amores eu estou bastante ocupada esses últimos dias, então vou ficar postando apenas um a cada dia mesmo, por que se não a carga horária fica mto pesada pra mim.
Então é isso, tenham uma ótima tarde.
Vejo vcs na quinta, bjs!!!
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You Dream Of The End - Bill Kaulitz
RomanceEra tudo guardado em meio aqueles malditos olhos, mas num tom sem vida alguma, guardando toda a mágoa, tudo que mais doía nela, curada por olhos castanhos que enxergava e curava toda sua dor, a sapatilha vai aguentar? O microfone vai quebrar? As flo...