Hoje!
O tão esperado dia do espetáculo.
Chegamos em Berlim tem uma semana, uma semana de descanso e paz diante de todos esses meses de muito trabalho duro e muitos sermões da Sra. Bonavich. Apenas alguns dias entre eu, minha tia, Ane e Violet.
Dentre esse tempo tivemos a oportunidade de conhecer o teatro e a ópera que iria tocar na nossa apresentação. Eu estava completamente ansiosa, não conseguia tirar os dedos da boca, o que fazia tia Marie me repreender a cada segundo pois queria minhas unhas inteiras até a hora da apresentação.
Sequer consegui pregar os olhos esta noite, estava com uma cara de morto vivo que assustaria qualquer um, são em momentos assim que eu agradeço a todos os deuses por existir maquiagem.
Estava no camarim, com uma das maquiadoras encima de mim, de vez em quando aproveitava seu leve toque e cochilava, tentando recuperar o sono perdido na noite anterior. Quando terminou eu estava definitivamente irreconhecível.
Violet veio correndo até mim, quase pronta com uma maquiagem básica mas os cabelos presos com arcos formando asas de cisne. Olhou para mim e abriu um enorme sorriso.
— A casa está cheia! — Disse com um sorriso de orelha a orelha.
Imaginei que estaria. Uma das maiores óperas num dos melhores teatros da Europa, poucos iriam perder essa oportunidade. Não era atoa que estava tão ansiosa. Já participei de vários espetáculos ao longo de minha vida e da minha carreira como bailarina, mas nada que se comparasse a isso.
Não consigo parar de me encarar no espelho, por algum motivo eu focava muito nos pontos que tinha semelhantes ao do meu pai. Como os olhos. Malditos olhos castanhos esverdeados em meio à sombra preta que cobria meus olhos, sempre foram extremamente semelhantes aos do Marx.
Voltei para a realidade com a voz de Violet me chamando, para nos prepararmos para entrar. Bexley entrou, sua apresentação durou em média vinte minutos, ela saiu para logo mais voltar e então para que eu pudesse entrar junto.
— E ae? — Indaguei vendo ela pegar a garrafa de água e virá-la na boca.
— Assustador... mas... mágico! — Disse tentando recuperar o fôlego entre goladas. — Vamos! Entramos em poucos minutos. — Disse passando por mim dando um tapinha no meu ombro.
As luzes então baixaram indicando que nossa hora era chegada. Subimos no palco em posição, comigo bem no centro parada em pose, meu traje todo preto com as pequenas pedras luminosas tremeluzindo diante da pouca luz que ia aumentando aos poucos.
A música tocava e a melodia levava meus braços e pernas a se moverem lentamente. Meus passos seguindo conforme a coreografia ensaiada, a plateia aos poucos sendo iluminada. Rodopiava em direção a Violet, que estava belíssima diante de todas aquelas luzes.
Outros bailarinos então entraram em cena mas nada me desfocava do som do piano e de meus passos firmes que seguiam. Minha sapatilha brilhava diante de todas aquelas luzes. Mal podia acreditar que estava de pé dançando no palco de um dos maiores teatros, não só da Alemanha, mas sim de toda a Europa.
Olhei rapidamente para as bordas do palco e vi Sra. Bonavich parada com a maldita bengala me olhando com um olhar severo, como se não estivesse satisfeita, como se esperasse mais. Não. Não ia permitir que me subestimasse.
Meus passos começaram a se seguir mais rápidos, minha feição antes relaxada agora firme e fechada. Rodopiava e pulava, minhas pernas e braços eram agora motivados completamente controlados pela música.
Mostraria a todos quem eu era. Mostraria a todos o verdadeiro significado de ser um cisne negro. Principalmente aquela velha arrogante.
De um olhar subestimado agora o olhar de Fife mudará para algo absurdo, como se nunca tivesse visto alguém dançar daquela maneira. Seria eu uma bailarina tão boa a este ponto? A resposta era clara, sim, eu era.
Diante de toda a plateia, que permanecia estática, eu vi, como dois diamantes brilhando ao longe os olhos, aqueles olhos em específico, que mesmo em um milhão de anos eu ainda os reconheceria de qualquer distância.
Era ele.
Bill Kaulitz estava diante da plateia, com os cabelos negros debaixo de um gorro e os olhos cobertos pela sombra preta de sempre. Quase me deixei levar, mas continuei a dançar, ainda mais animada do que antes.
Então enfim, Odile sai de cena, e o cisne branco prevalece, com Siegfrield lutando contra o feiticeiro quebrando o feitiço libertando assim Odette. Com o tão fantasioso e famoso "felizes para sempre!"
Corri para fora do palco ao final da peça teatral, indo direto para o camarim e passando direto em direção a porta e abrindo de uma vez, correndo pelo corredor sentindo o suor escorregar pelo meu pescoço e entre a roupa, que apesar de belíssima era bem desconfortável e quente.
Eu só queria olhar para aqueles olhos castanhos mais uma vez!
No final do arco-íris cheguei a sala de espera principal, vazia. Merda. Quais as chances de que eu estivesse enganada. Logo atrás de mim ouvi passos arrastados, me virei e lá estava, como minha tão querida entidade, segurando um buquê.
Deixei escapar um sorriso e então um suspiro. Me aproximei em silêncio, levando minha mão ao seu rosto, gélido, bem como me lembro, sorri mais uma vez recendo outro sorriso de volta e então joguei meus braços em volta do seu pescoço o envolvendo num abraço apertado, logo ouvindo sua risada próxima ao meu ouvido, agora pessoalmente.
Senti seus braços rodearem minha cintura por cima da saia e então rapidamente como me envolveram me largaram.
— Desculpa! — Disse, nos desvencilhando podendo me dar vista para sua face.
— O seu toque não me incomoda! Não mais.
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Chegaste ao final do capítulo!
Espetáculo e surpresa! Kaulitz de volta!
Nos vemos na quarta 😘
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You Dream Of The End - Bill Kaulitz
RomansaEra tudo guardado em meio aqueles malditos olhos, mas num tom sem vida alguma, guardando toda a mágoa, tudo que mais doía nela, curada por olhos castanhos que enxergava e curava toda sua dor, a sapatilha vai aguentar? O microfone vai quebrar? As flo...