Quatro. Ursinho Pooh

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Acordo me sentindo extremamente tonta e com muita enxaqueca, me arrasto até minha mochila pegando um frasco de remédios, tiro um do frasco e desço em busca de um copo d'água, ainda com a mesma roupa do dia anterior.

Ao chegar lá vi minha tia e cozinhando na frente do fogão, ela me ouve chegar e se vira pra mim com uma colher na mão.

— Bom dia querida. — Diz com um sorriso. — Dormiu bem? — Perguntou voltando para sua panela

— Ah... — Resmungo pondo a mão na cabeça sentindo a dor aguda. — Foi uma noite difícil, sem sonhos. — Lhe adiantei. — Onde eu consigo um copo de água por aqui?

— Copo no armário, água na geladeira. — Ela apontou com a colher sem me olhar nos olhos.

Peguei um copo e o enchi, joguei o remédio na boca seguido da água. Marie me vê tomando o remédio e se vira pra mim.

— Você está bem? — Disse desligando o fogo e vindo até mim.

— Só enxaqueca. — Ela franziu o cenho e cruzou os braços.

— Vejo que herdou as dores de cabeça da família. — Disse soltando uma pequena risada nasal.

— Por que? Você também tem?

— Quase todos os dias. Sua avó também tinha, Georg, Anelise, Marx. — Ela listava contando nos dedos. Lembro-me muito bem das dores de meu pai, geralmente eram seguidas de uma noite de bebedeira. — Mas enfim... estou preparando o café, não está com fome? — Muita!

Geralmente não me importaria de comer ou até mesmo passar o dia sem tomar banho, mas nas atuais circunstância é bom que eu comece a cuidar um pouco mais da minha higiene.

— Uhum, mas vou tomar um banho antes. — Afirmei e dando as costas para a mais velha.

Entrei no quarto indo direto para o chuveiro, largando minhas roupas no meio do caminho. Liguei o chuveiro e me assustei com a água quente. Em casa tínhamos que nos virar com a água quase congelando, se quer tínhamos um termostato que prestasse. Sai do banho e vesti mais um de meus velhos trapos, penteei meus cabelos pra traz, dei uma rápida olhada no espelho e saí.

Voltei para a cozinha agora banhada, mas antes de chegar ao cômodo ouvi a voz de Tia Marie conversandgo com alguém que aparentava ter uma voz mais nova, Anelise. Éramos muito novas quando eu fui embora, tenho poucas memórias dela, por tanto creio que vá me estranhar.

Meus ouvidos para o alemão ainda estavam aguçados mas minha fala ainda estava um tanto enferrujada, mas sabia bastante pois quando chegamos na América meu pai só conversava comigo em alemão, por isso as palavras ainda estavam bem guardadas em minha cabeça. Elas conversavam sobre alguma novela que as duas assistiam, riam bastante mas pararam imediatamente quando me viram.

— Dorothy Schneider? — Assinto timidamente. — Nossa! Você é tão linda! Muito prazer em conhecer você. — Disse levantando do banco e vindo até mim, finalmente alguém com um aperto de mãos normal.

— O prazer é todo meu.

— Caramba sempre foi meu sonho ter uma irmã mais velha, bom no mínimo alguém menos babaca que Georg. — Disse sorrindo. Só era um ano e meio mais velha que ela, mas ainda sim me trata como alguém bem mais velha.

— Falando nele ainda não o vi, onde será que está? Vi algumas fotografias pela casa mas nada como a imagem de alguém ao vivo e cores.

Depois de mais algumas conversas com Anelise nos sentamos a bancada que estava repleta de comida, tanta que chegou a me espantar, nunca me vi com tanta comida a minha mercê. Dei uma garfada numa panqueca com um pouco de melado, sentindo minha boca dar uma pequena festa. Se quer lembro da última vez que comi algo que não fosse genérico.

Apesar de tudo ainda me sentia desconfortável, ainda não me acostumei com minha nova vida, casa e família. A comida apesar de muito boa embrulhava em meu estômago.

Do lado de fora começamos a ouvir alguns latidos, mas ninguém se quer se mexeu. A porta da frente foi escancarada por um chute, e um enorme Cane Corso entrou na cozinha, Anelise se baixou e começou a brincar com o animal e em seguida um rapaz de cabelos loiros na altura dos ombros, Georg.

Quando seus olhos encontraram meu rosto ele paralisou e largou uma bolsa enorme que carregava.

— Dod's? — Indagou, ainda parecendo processar a informação.

— Oi ursinho Pooh. — Cumprimentei desenterrando seu antigo apelido.

— Caramba, é você mesma. — Afirmou se aproximando para um abraço, que como com a Sra. Quinn foi interrompido por um aperto de mãos. — Ah qual é Dod's, dispenso formalidades. — Ele disse e me puxou para perto dando um beijinho em cada bochecha.

Definitivamente um cumprimento que eu não estou acostumada.

— Você tá linda, cresceu muito bem.

— Você quem o diga, finalmente passou de mim. — Digo em tom de brincadeira, e em resposta Georg pos o indicador sobre os lábios em sinal de silêncio, seguido de um sorriso.

— Aí! Axl! — Tia Marie disse incomodada com o cachorro. — Georg! Tire esse cão da minha cozinha!

O rapaz revirou os olhos e pegou na coleira azul do animal o guiando para o lado de fora.

O tempo passou e estava no meu quarto fazendo de tudo para passar o tempo, nunca tive tanto tempo ocioso dessa maneira. Estou pensando em arrumar algum emprego, quem sabe alguma coisa a ver com o ballet. Meus pensamentos são cortados por alguns toque na porta.

— Pode entrar. — Disse levantando da cama, e Georg entrar em seguida.

— Ei Dod's, vem cá, já ouviu alguma coisa da minha banda? — A segundos atrás se quer sabia que estava numa banda.

— Não.

— Ah... — Pareceu um tanto ofendido mas prosseguiu. — Neste caso, hoje a noite vai rolar uma festa, minha banda vai tocar por que você não vai? — Porque não suporto festas.

— Não sei não.

— Vamos Dod's. — Ele implora. — Vamos nos divertir como antes.

Eu tenho 18 anos, eu nunca fui numa festa, mas também nunca tive tempo pra isso, sempre estava ou trabalhando, estudando ou dançando. Nunca soube me divertir como um adolescente normal. Quero sentir isso, apenas por curiosidade, afinal, não tenho nada melhor pra fazer. Cedo ao pedido da rapaz que sorri vitorioso e se levanta indo em direção a porta.

— As oito da noite. Não se atrase. — Fala soltando uma pequena risada. — É bom ter você de volta Dod's. — Em seguida me deixando sozinha novamente.

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Chegaste ao final deste capítulo.
Dito e feito aqui está as 19h como prometido.
O próximo sai no domingo!!!
Amo vcs. Obrigada por lerem. 🤗

You Dream Of The End - Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora