Dez. Trauma

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Ao final do terceiro filme, todos já estavam dormindo. Tom roncava alto, Anelise permanecia com uma feição calma e tranquila, dormindo pesado com a cabeça recostada sobre o peitoral de Tom. Gustav e Georg roncavam um encima do outro e a única que permanecia completamente acordada era eu, Bill, no entanto, subiu ao início do segundo filme e foi dormir no quarto do Georg.

O pedido de casamento do Dewey para a Gale foi fofo e ridiculamente brega, só não faria isso com um livro e ficaria muito puta se fizessem com um livro meu. O filme acabou e eu já estava caindo de sono, juntei meus lençóis e subi as escadas cambaleando.

Abri a porta do quarto que estava todo escuro, as cortinas cobriam a janela fechada, ainda sem enxergar muita coisa continuei andando esbarrando em algumas coisas aqui e ali mas finalmente encontrando a cama e me jogando encima dela. A cama deveria estar cheia de coisas por que me senti apertada, mas não me importei e apenas cai no sono.

(...)

Senti um peso inusitado na minha cintura, e por baixo das minhas pálpebras senti a luz do sol batendo em meu rosto. Soltei um grunhido e comecei a me espreguiçar e abrir os olhos lentamente.

Vi uma parede de madeira escura, com pôsters pregados em todo lado, merda, esse quarto não é meu. Aquele peso que senti na minha cintura se mexeu, meu corpo estremeceu e meu olhar foi para trás de mim, o peso da noite anterior tinha nome e uma voz estonteante, Bill Kaulitz.

Puta que pariu.

Foi a primeira coisa que pensei quando o vi ali dormindo e a segunda foi chuta-ló para fora da cama, impulsividade? Sim, mas foi assustador, vendo do meu ponto de vista, não gosto que me toquem, principalmente homens, e Bill por mais amigável que seja, ainda se encaixa nesse título e na minha cabeça pode ter pensamentos hostis como as dos exemplos que tive.

O tombo foi grande, ele levantou rapidamente com muita raiva no olhar, algo que entendo, validando como foi acordado.

— Cacete, o que que foi isso, merda? — Disse levando a mão a parte de trás de sua cabeça, furioso. — Que porra que você tá fazendo aqui Dorothy? — Indagou ainda exaltado.

— Desculpa, subi com sono, achei que fosse meu quarto e quando te vi... eu... entrei em pânico. — Disse quase chorando com um no enorme na garganta.

Foi um susto enorme, foi trauma grande, as duas coisas se associaram tão rápido que nem tive tempo pra pensar. Não choraria na frente do garoto, não queria parecer fraca, então apenas levantei rápido e sai do quarto o deixando sozinho e ficando sozinha.

(...)

Depois de algumas horas todos os outros acordaram, e é claro, Tom foi o ultimo a acordar. Georg os convidou para ficar para o almoço, validando o fato de já eram quase meio dia. Desde que acordei que não sai de meu quarto. Tomei um banho, me sentia suja por outro alguém ter me tocado. Achei estranho, pois quando pôs a mão em meu rosto na noite anterior não senti desconforto, pelo contrário, eu me senti bem.

Como era um sábado eu e Violet não iriamos trabalhar, neste caso eu podia descansar, ficar calma e simplesmente sentir o vento em meu rosto. Queria excluir aquela maldita memoria, queria que aquele desgraçado nunca tivesse existido. Não foi nada de demais ao mesmo tempo que foi tudo de mais absurdo.

Me senti mal por Bill, queria ir até ele e pedir desculpas, queria abraçar alguém sem me sentir atacada, invadida. Queria abraça-lo. Fiz de tudo para espantar esses pensamentos, mas não saiam por nada, estava cansada demais pra dançar então fui pra minha outra válvula de escape, a paisagem do meu quarto.

Fui ate a sacada, sentei no parapeito e senti o calor do sol, a brisa que vinha junto ao mar trazia a paz que eu tanto precisava, mas não pude me segurar, chorei, derramei todas a lagrimas que tinha para derramar, descarreguei tudo que sentia, tudo andava muito bem, mas querendo ou não foi uma mudança radical de vida e me afetou muito.

Batidas na porta ecoaram pelo quarto, olhei lentamente, sem a expectativa de levantar para abrir mas algo de fato prendeu a minha atenção. A voz de Bill por trás da porta.

— Oi, Dorothy? Está aí? — Disse próximo à porta, permaneci parada, sentada no parapeito, com os olhos inchados. — Olha me desculpa, por favor, não devia ter gritado com você, eu me assustei só isso.

Isso me doeu, muito.

— Dodo? Vamos, abre a porta. — Disse com a voz fraca. — Desculpa.

Não queria que ele me visse nesse estado, estava péssima, com o rosto inchado e vermelho, com os cabelos úmidos e despenteados, queria estar ao menos apresentável. Levantei encostando a cabeça na porta, mas permaneci em silêncio.

- - -

Chegaste ao final do capítulo!
Curto mas com emoção, mostrando mais um pouco dos traumas e do passado da Dorothy.
Próximo capítulo vai lançar na quarta!!!
Amo vcsss

You Dream Of The End - Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora