Trinta e um. 31 de maio

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O dia 31 de maio, pra mim, não é marcado como meu aniversário mas sim como o infeliz dia em que minha mãe foi embora, deixando a mim e a meu pai a vê navios. Deve ser por isso que eu odeio tanto esse dia.

Lembro de ver ela é meu pai brigando na porta de casa, olhava pela janela e via o namorado de minha mãe num Mustang vermelho, apenas me virei olhando para o pequeno calendário que tínhamos preso na geladeira por um imã, marcando o dia 31 de maio como o dia que minha mãe nos deixou.

Como mais uma de minhas quintas normais e rotineiras eu iria para o trabalho, peguei o mesmo metro de sempre me levando até o centro da cidade junto ao studio. Cheguei antes de Violet, me dando a liberdade de abrir o studio e poucos minutos depois já a quadras de distância podia ouvir o som alto do motor de Frog se aproximando junto a Bexley.

(...)

— Feliz aniversário Dorothy! — Violet comemorou no final do nosso expediente estendendo uma caixa.

— Violet, o que falei sobre aniversários, festas e presentes? — Ela revirou os olhos.

— Bom isso não é uma festa, isto aqui não é um presente, considere um instrumento de trabalho e bom é seu aniversário? Eu nem sabia. — Falou brincando por último, fazendo por fim eu segurar a pequena caixa.

— Obrigada! — Falei revirando minimamente os olhos com seu discurso. Quando abri era um novo par de ponteiras. — Ah valeu! Estava precisando mesmo de ponteiras novas. — Falei com um pequeno sorriso.

— Eu sei! Eu vou indo, tenho um jantar de família hoje. — Falou dando de ombros.

A um tempo que tenho notado Violet meio... distante. Seu brilho rotineiro veio diminuindo aos poucos e está ficando cada vez mais avoada. Estou de fato começando a me preocupar. Em resposta apenas assenti, ela sorriu e saiu.

(...)

Desta vez, não quis ir direto para casa, comprei um café quente para me esquentar neste noite fria de inverno. Me agasalhei bem e fui para a praia, meu maior lugar de conforto, mesmo estando um gelo.
Me sentei em um dos troncos e acendi uma pequena fogueira na área onde sempre ficamos quando vamos.

Pesava naquele maldito 31 de maio de noventa e cinco, observava o fogo crepitar na fogueira enquanto pequenos flash de minhas memórias mais antigas e mais dolorosas vinham de volta a minha mente.

— É engraçado... hoje eu faço 19 anos, eu me imaginava numa faculdade pública bem longe de você, em qualquer lugar que não fosse em casa. E bom, eu vim parar na Alemanha, participei alguns espetáculos dentre eles um num dos maiores teatros da Europa. Eu aprendi a ser feliz, depois que você foi embora... não te culpo pela minha mãe ter ido embora, ela deixou bem claro que foi uma decisão dela... mas olha, poderia ter sido não só um pai mas um homem muito melhor, sabe disso não sabe Marx?

Desabafei sentindo a brisa gelada da noite acariciar meu rosto e vendo as ondas quase congeladas quebrarem na costa. Mordi minha bochecha ainda pensando, mas já bastante cansada de tudo.

— Hum... quer saber de uma coisa?! Vai se fuder Marx e vai se fuder Jude! — Pronunciei o nome de minha mãe, pela primeira vez em voz alta desde que foi embora. Acho que por esta raiva toda para fora era exatamente do que eu precisava. — Um brinde a isso! Onde quer que estejam!

Falei erguendo meu copo de café o virando em seguida, sentindo algumas lágrimas escorrerem lentamente pela minha bochecha, logo as limpando rapidamente com a manga de meu casaco. Senti ligeiramente uma presença atrás de mim e sabia exatamente sobre quem se tratava. Afinal, estava a alguns metros de sua casa era quase inevitável que não nos encontrássemos.

— A quanto tempo está aí? — Indaguei para o rapaz atrás de mim.

— O suficiente! — Afirmou, sentando ao meu lado passando o braço aí meu redor me abraçando.

Sentir o calor de seu corpo junto ao meu era o suficiente para melhorar em mil vezes o meu dia e me fazer esquecer de todos os meus problemas.

— Sabe... ela foi uma mãe pessima, as poucas memórias que tenho dela são todas dela sendo uma fudida comigo, mas mesmo assim, quando ela foi embora eu senti falta dela, hoje consigo odiá-la mais do que meu pai... — Soltei com o rapaz próximo a mim.

— Esqueça ela! Pense em você, veja como está bem agora, se tornou uma mulher incrível, uma bailarina maravilhosa, e eu tô aqui com você e não vou sair do seu lado nunca! Você pula, eu pulo, sempre! — Ele falou segurando meu rosto fazendo com que o olhasse nos olhos. — É seu aniversário. Não rotule essa data de outra forma a não ser como o dia que essa pessoa incrível nasceu. Ok?! — Falou então apenas assenti com um pequeno sorriso no rosto.

— Sabe que eu te amo não sabe?! — Falei.

— Eu sei, eu sou incrível! — Falou exibindo aquele lindo sorriso o qual sou tão apaixonada. Dei um tapa em seu braço então ele soltou um pequeno riso. — Eu também te amo. — Afirmou acariciando minha bochecha com o polegar.

— É bom mesmo! — Falei então ele se aproximou iniciando mais um beijo que logo foi interrompido por uma dúvida minha. — Ah... isso por acaso significa que a gente tá junto? Tipo, namorando?

— É! Isso não ficou claro das últimas dez vezes que a gente se pegou. — Sorri.

— É mas sei lá, nunca conversamos muito sobre isso, só não ficou muito claro...

— Ah Dorothy! — Falou rindo. Segurou meu rosto com uma mão e pós a outra em minha cintura. — Eu sou seu namorado! Você é minha namorada! A gente namora!

Afirmou me fazendo soltar um riso envergonhado e baixar a cabeça, que logo foi levantada novamente por ele que erguera meu queixo, levando em direção aos seus lábios. Pus as mãos em sua nuca iniciando mais um beijo quente, que mesmo nos estando num frio congelante, fervia como água quente.

— Agora vamos entrar antes que congelemos aqui fora!

- - -

Chegaste ao final do capítulo!
Finalmente temos o nosso casal oficial!!!
Felicidades, alegria amém irmãos.
Provável que em breve You Dream Of The End seja transformada em um livro.
Desde meus doze anos sonho em escrever um, e essa fic está só me motivando então...
Por hoje deixo essa bomba e é só muitoooossss beijos e até a próxima.

You Dream Of The End - Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora