Vinte. Diamante Bruto

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No final do quarto mês, os garotos já estavam no final de sua turnê, chegando ao final da Califórnia. Tenho treinado três vezes mais que o normal, o espetáculo era em pouco mais de uma semana. Ganhei um papel.

De acordo com os jurados da audição minha perfomance e até mesmo minha determinação em não parar mesmo estando ferida, os levaram a crer que essa é a devida essência de uma Odile, fazendo uso de suas palavras: "um verdadeiro Cisne Negro."

Sra. Bonavich, a mulher que se impressionara comigo na audição, fez questão de me dar este papel. Violet, no entanto, não foi descartada de maneira alguma, destacaram-na como "alma livre", calma e plena, como uma pequena donzela. Ela se juntou a mim no espetáculo como Odette.

Estava tão ansiosa, sentia total orgulho de Violet, não merecia menos, era extremamente dedicada, com sua essência única, tenho certeza de que juntas vamos incendiar o palco.

Eu e Bill não deixamos de nos falar um dia se quer, se não por ligação de voz por mensagem. Estava ansiosa pela volta do rapaz a Hamburgo. Devo admitir que ele me fez muita falta nesses últimos meses.

Violet e eu tínhamos ido fazer os últimos ajustes dos figurinos, eles eram idênticos, com exceção da cor, sendo o meu um corset de nágua alta e penada simulando as asas de um próprio cisne negro, e a de Vi sendo branca.

A figurinista se aproximou uma caixa com um par de sapatilhas de ponta tradicionais, eram lindas, mas não perderia por nada de usar minhas tão amadas sapatilhas.

— Elas são lindas! — Afirmei. — Mas prefiro ficar com as minhas, obrigada! — Disse com as mãos dadas à frente da minha barriga, vendo a mulher fazer uma expressão de confusão.

— Mas... — Antes que pudesse terminar foi interrompida pela voz de Sra. Bonavich.

— Deixe a moça fazer o que bem quiser! — A mulher se virou num pulo, assentiu e saiu de fininho, encarando os próprios pés.

Fife Bonavich era uma mulher de meia-idade, sendo uma das melhores instrutoras de ballet já vistas, era conhecida por sua exigência e arrogância. Ela de fato era bem "nariz empinado" mas não deixava de fazer seus trabalhos com excelência, a única coisa que me incomodava era sua postura rude para com a grande maioria das pessoas.

— Então... o que achou? — Perguntei me referindo ao figurino.

— Está... razoável. — Viram?! Exigente. — Mas ainda não está espetacular. E nada mais adequado que um figurino fantástico para uma diamante bruto. — Nunca entendi sua metáfora, o que ela tanto queria dizer com "diamante bruto". — Ora, endireite-se bailarina! — Disse batendo o pé no chão.

— Desculpa! — Disse baixo.

— Desculpa é para os fracos e você não é fraca, você incendeia toda a Europa. Não achamos boas bailarinas por aí hoje em dia, não se torne apenas outra qualquer, nunca baixe sua guarda!

Ela adorava soltar pequenos discursos como este de repente, tanto que já havia me acostumado.

— Por que francamente o que temos nesse espetáculo não é brincadeira. — Afirmou soltando uma risada nasalada ao final de sua frase. — Cada bailarina com dois pés esquerdos, onde já se viu, ainda bem que não é assim, será minha atração principal. — Falou rindo, fazendo piada das outras dançarinas, o que me deixou visivelmente incomodada. — E aquela garota loira então, minha nossa, é tão avoada quando uma nave no espaço, e não me impressionou nada, não passa de mais uma na lista de bailarinas medíocres, Deus tenha misericórdia. — Se referiu a Violet, foi aí que então ultrapassou meus limites.

— Francamente, a senhora não sabe fazer nada além de criticá-las? Por favor da próxima vez que for elogiar uma bailarina, tente não menosprezar todas as outras para isso! Principalmente quando se tratar de Violet Bexley, que para o seu governo, é uma dançarina excepcional! — Afirmei dando as costas para a mulher entrando em um dos vestiários.

Estava ficando farta desse discurso, estava estressada, com o pavio muito curto para o momento, e de fato Sra. Bonavich sabia como me tirar do sério, não permitiria que falasse mal de Violet, pelo menos não na minha frente, por atitudes como está ela estava a passos de perder seu tão precioso diamante bruto.

(...)

O dia tinha sido tão infinitamente estressante, tudo que eu precisava era de um banho quente. Entrei na banheira já despida com a cabeça ardendo em enxaqueca. A água quente me ajudou a relaxar de tão maneira que era inevitável não fechar os olhos e aproveitar ao máximo o pouco tempo de paz que me restava.

Meu telefone começou a tocar, ele estava na bancada ao lado da banheira, me estiquei tentando pegar o pequeno aparelho e quase caindo da banheira no processo mas enfim conseguindo pegar e arrumar nas pressas sem se quer dar tempo de eu ver quem era.

— Alô? — Atendi esperando a resposta.

— Boa noite Sra. Schneider!

A voz de Bill ecoou do outro lado da linha. Meu rosto esquentou, e não era só pela temperatura da água, e sim por estar ouvindo sua voz tão próxima de mim estando eu despida.

— Cruzes! — Falei limpando minha garganta tentando me recompor. — Não me chame assim, me sinto uma velha! — Ele riu. Era o suficiente para fazer o meu dia, ouvir a sua risada.

— Como foi hoje? — Indagou rindo um pouco.

— Estressante! Sra. Bonavich faz eu querer arrancar meus cabelos! — Disse jogando minha cabeça pra traz.

— Por que? O que aconteceu? — Suspirei.

— Porque ela é insuportável, fica reclamando de cada passo das outras bailarinas, e ao invés de pontua-las as humilha, ela é o significado de arrogância em pessoa!

— Que saco!

— Quem é? — Ouvi ao longe a voz de Tom se dirigindo ao irmão. — Ah é a sua namoradinha, é?! — Ouvi a voz dos outros rapazes ficarem mais próximas.

— Vai a merda acidente! — Gritou Bill se dirigindo ao irmão.

— Eu sou mais velho. Se tem alguém aqui que foi um acidente é você, seu imbecil!

- - -

Chegaste ao final do capítulo!
Estamos chegando ao grande espetáculo!!!
Que rufem os tambores!
Até segunda meus queridos cisnes.

You Dream Of The End - Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora