Acordei tarde na manhã seguinte. Fui dormir exausta, com as emoções à flor da pele, e ao abrir os olhos, as cenas da noite anterior voltaram à minha mente e me pergunto onde estava com a cabeça.
É como uma manhã após uma noite de bebedeira, quando nos lembramos aos poucos dos acontecimentos do dia anterior, mas infelizmente não posso culpar o álcool dessa vez, apenas minha falta de bom senso.
Espiar a intimidade de um desconhecido foi demais para mim. Se irei culpar alguém, é apenas a mim mesma. A questão é que não estou arrependida, apenas envergonhada por ter sido pega.
Decido deixar esses pensamentos de lado, pois não há nada que possa fazer a respeito nesse momento. O que preciso é sair dessa cama, contar as novidades para a minha mãe e depois procurar um emprego.
Após tomar banho, sigo para a cozinha onde a vejo preparando o almoço. Sorrio ao perceber que hoje é um dia bom, onde a dor não a impossibilita de fazer as atividades que deseja. Um cheiro maravilhoso de refogado preenche o ambiente, e noto que ao seu lado, na pia, há uma tigela com feijão de molho. Pergunto-me de onde ele surgiu.
— Bom dia, mãe! — Dou um beijo em seu rosto. — Como está hoje?
— Estou bem — ela responde animada, e meu sorriso aumenta —, e você?
— Tudo bem — me aproximo da panela para sentir melhor o aroma que emana —, e tenho novidades.
— Eu também! — Se ela pudesse, estaria dando pulinhos de alegria. — A Roberta passou aqui em casa hoje cedo e trouxe uma cesta básica. — Ela aponta para o feijão. Vejo a felicidade e alívio em seu rosto, o que me deixa ainda mais ansiosa em conseguir um emprego fixo. Precisamos da estabilidade e segurança que um salário mensal pode oferecer. — Ela ganhou duas da patroa e fez a gentileza de dividir com a gente.
— Que ótimo, mãe! — Digo aliviada também, porque sei que vai nos ajudar muito. — Mais tarde ligo para ela para agradecer.
— Agora conte! — Ela pede enquanto despeja o feijão na panela de pressão. — Vi sua mensagem, teve trabalho?
— Me ligaram quando estava saindo da casa do Henrique — faço uma careta ao lembrar do traste.
— O que aconteceu? — Ela pergunta ao perceber minha expressão. — Brigaram?
— Terminamos! — Digo enfática.
— Deve ser uma briga à toa — ela diz na tentativa de me consolar —, logo vocês reatam.
— Não, mãe — digo sem entrar em detalhes —, é pra valer! E quer saber? Estou feliz por isso! — Ela me olha confusa e eu continuo. — Não estávamos bem, mãe, e percebo isso agora que acabou. É como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros. Não havia mais amor, acho que estávamos acostumados e acomodados.
— Bom, se você está bem é isso que importa — ela não pede mais detalhes, respeitando a minha privacidade, e sou grata por isso. — E sobre o trabalho? Como foi? — ela sorri e eu retribuo, contando tudo, mas a parte do homem misterioso eu deixo de fora.
***
Depois do almoço confiro meu saldo bancário e fico surpresa ao constar que o depósito referente ao pagamento foi maior do que eu esperava. Imaginei que seria o equivalente ao valor de uma diária com um acréscimo pela dança, mas o que vejo aqui é o equivalente a três diárias inteiras e mal posso conter a minha alegria.
— Mãe, estou indo na farmácia! — Grito para que me ouça do quarto.
— Está bem! — Ela grita de volta. Decido comprar os medicamentos necessários para dois meses, por precaução.
Ainda assim vai sobrar dinheiro para a nossa alimentação nas próximas semanas. Na volta, depois de passar no hortifruti e comprar vegetais suficientes para abastecer a geladeira, passo no bar do Seu Romeu e peço duas Coca-Colas para viagem, afinal, merecemos uma comemoração.
É tarde quando deito em minha cama e ligo para a Roberta para agradecer a cesta básica. Ela me conta que seu trabalho foi em uma festa de aniversário comum, de uma das filhas da patroa, e que teve sorte, pois além das cestas básicas, trouxe para casa as sobras dos salgadinhos que sobraram. Seus filhos estavam radiantes com as guloseimas inesperadas e ela mais ainda ao ver a felicidade deles. "São coisas simples, que para a patroa não fará diferença, mas que para a minha família é motivo de alegria", ela comentou em certo momento antes de desligar, e por Deus, eu sei exatamente o que ela quer dizer.
Às vezes um pequeno gesto faz toda a diferença para alguém. Ao me passar o contato da tal da Olívia, minha amiga fez toda a diferença para mim, e como gentileza gera gentileza, acredito que o universo conspirou a seu favor também. No fim das contas, acabou sendo um bom dia. Sou preenchida por um sentimento de esperança, e fico imaginando se finalmente chegou ao ponto de uma virada em minha vida, onde posso assumir o controle e ser bem-sucedida. Sorrio ao visualizar esse futuro e decido dar um passo de cada vez.
Meu problema com o Henrique se resolveu sem querer, da melhor forma possível, mesmo que inesperada. Agora é conseguir um trabalho para ajudar em casa, e depois encontrar a felicidade, seja lá onde ela estiver escondida.
Igor.
Penso no nome que o Sr. Arnaldo disse no carro quando me trouxe para casa. Penso também no homem sexy e misterioso que me preencheu com seu olhar. Algo me diz que são a mesma pessoa, mas não tenho como ter certeza. Lembro de como o seu corpo é perfeito. Mesmo olhando-o de trás pude perceber. Seus ombros largos, bunda arredondada e coxas grossas não saem da minha cabeça, assim como seu volume generoso que pude vislumbrar por um breve momento.
Sinto o desejo chegar só ao pensar e imagino como seria se ele estivesse comigo agora, se eu fosse aquela mulher.
O que está acontecendo comigo? Pareço uma maldita adolescente com os hormônios a mil.
Sem conseguir me conter, minhas mãos percorrem meu corpo, passando pelo meu seio e barriga, até encontrar a umidade da minha calcinha. Imagino que minha mão é a dele e que sente por mim o mesmo desejo que sinto por ele.
Afasto o tecido para o lado encontrando meu ponto pulsante. Penso no olhar que me deu quando estava parado na escada e acelero meus movimentos, me deliciando com todas as cenas que imaginei dele me possuindo ali mesmo, naquela sala, diante de todas aquelas pessoas; e gozo, recebendo o alivio que tanto precisava.
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O Magnata
Short StoryRomance erótico não recomendado para menores de 18 anos.🔞 Julia é uma jovem desempregada que precisa cuidar de sua mãe adoentada. Desesperada e sem dinheiro, sua busca por emprego está de mal a pior, por isso aceita um bico de garçonete em uma mans...