Capítulo 15

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— Como está o Marcelo? — Pergunto a Roberta por telefone. Liguei para ela assim que cheguei em casa, pois estava ansiosa por notícias.

— Está melhorando — responde animada —, a confusão mental sumiu de vez e seus movimentos estão cada dia mais firmes com a fisioterapia.

— Que ótima notícia, Rô — digo aliviada. — A fisioterapia está fazendo efeito!

— Está sim, mas ele tem apenas mais duas sessões antes de encerrar esse ciclo, e se quisermos continuar, precisaremos pagar pelas sessões e não sei se conseguiremos arcar com essa despesa agora, pois ele ainda está afastado do serviço.

— Você não consegue pegar com o médico mais um encaminhamento para mais dez sessões? — Sei que o sistema de saúde público é muito complicado e depender dele é, quase sempre, desesperador.

— Não sei, Ju! — Ela deixa a animação sumir, dando lugar a preocupação. — A próxima consulta está marcada para daqui a três meses, foi a data mais próxima disponível.

— Que droga, Rô! — Lembro da situação que meus amigos passaram no pronto socorro, a demora no atendimento, muita negligência, e apesar de tudo, sei que três meses para uma consulta é muito menos do que vemos por aí. Minha mãe mesmo já teve que esperar oito meses para realizar um exame de ressonância magnética. É lamentável e inaceitável.

— Vamos levando como dá — ela conclui e se anima novamente —, mas e você? Como está indo na mansão do magnata gostoso?

— Nem te conto... — relembro a cena na casa de máquinas e logo em seguida do chilique da Sheila.

— Pode começar a falar — ela pede super empolgada com a fofoca eminente e fico sem opção além de contar.

Roberta é minha única amiga. Foi a única que sobrou após minha mãe adoecer. Apesar da nossa diferença de idade, de dez anos, nos damos muito bem.

Quando nos mudamos para essa casa eu ainda era criança e ela era recém-casada. No início não éramos tão próximas por conta dessa diferença de idade, mas nossa amizade foi amadurecendo conosco. Conforme eu fui crescendo, as pequenas conversas nas calçadas se tornaram ajuda para cuidar de seus filhos quando ela saia com o Marcelo ou quando tinha algum compromisso, fortalecendo a confiança até chegarmos ao que somos hoje, com uma amizade sólida que pretendo levar para a vida toda. E por toda essa confiança eu lhe conto tudo.

— Mentira! — Fala mais alto do que o costume, chocada com o fato de que o Igor chegou tão próximo a mim mais cedo. — Ele cheirou o seu cabelo e te prensou na porta?

Se ela estivesse aqui, tenho certeza de que sua expressão, seria de puro divertimento.

— Eu sei que errei — falo chateada comigo mesma —, deixei que a situação passasse dos limites, mas não é como se eu pudesse me controlar — lamento.

— E agora? — Sei que ela se preocupa com meu emprego.

— Agora eu sei que isso não acontecerá novamente — respondo decidida — mesmo porque, aparentemente eu não fui a única que recebeu o mesmo tratamento daquele homem — conto tudo sobre Sheila também.

— Que situação, amiga — ela ri —, não queria ser você nesse momento — mais risos.

Debochada.

— Obrigada... — respondo ironicamente a minha amiga que continua rindo. — Roberta!

— Ai, Julia, desculpa! — Ela ri mais alto. — Você é jovem, solteira e sei como se sente. Não se culpe tanto — ela tenta amenizar a situação —, mas não é como se você esperasse um relacionamento sério com seu patrão, então por que não se divertir um pouco?

O MagnataOnde histórias criam vida. Descubra agora