Abro meus olhos nessa manhã de sexta-feira com mil e um planos para essa noite. A ideia é apimentar a minha relação com o Henrique, mostrar a ele o meu potencial recém-descoberto nas últimas noites que estive a sós.
Agora sei que não tenho nenhum problema físico, basta um pouco de imaginação, mente tranquila para me deixar levar pelo momento e pela fantasia para que o desejo aflore e tome conta de mim.
É isso!
Vou preparar uma surpresa, quem sabe realizar uma fantasia sexual que ele nunca teve coragem de me contar, mas que na verdade todo homem tem. Assim, a coisa toda ficará quente a um ponto que nem eu serei capaz de resistir.
Traço um plano em minha mente, abro meu guarda-roupas e vou atrás de uma fantasia de carnaval antiga que ele nunca viu, pois é do tempo do meu ensino médio, quando eu ainda ousava sair e curtir. Lembro-me de quando minha mãe e eu fomos à costureira da vizinhança e pedimos para ela confeccionar essa roupa de odalisca e, após tirar as medidas, esperei ansiosa por uma semana para que ela ficasse pronta. Enquanto o prazo não chegava, passava as tardes em frente à tela do computador procurando por vídeos na internet em que as mulheres orientais, de uma forma belíssima, demonstravam a arte da dança do ventre. Eu me apaixonei, e por isso tentava reproduzir algum dos movimentos, o que consegui após dias de treino e dedicação que continuaram após o carnaval. Hoje, consigo reproduzir fielmente uma grande parte dos movimentos das odaliscas, e meu sonho é poder realizar os mais complexos, como equilibrar a espada em cima do seio ou da cabeça.
Encontro o pacote e o retiro do armário com todo o cuidado. Quando minha mãe adoeceu, não tive mais tempo de me dedicar à dança, pois precisei trabalhar e me preocupar com questões mais sérias. No entanto, a dança do ventre sempre terá um lugar especial em minhas memórias e no meu coração. Abro o plástico escuro e parcialmente ressecado e encontro a minha roupa. Preta e vermelha, com ornamentos dourados, ela fica linda no corpo, com penduricalhos que balançam e fazem barulhos conforme o movimento do corpo.
Será que ainda me serve?
Animada, me dispo apressada e desdobro cuidadosamente a roupa guardada por tantos anos, com medo de desmanchá-la se a manusear de qualquer jeito. Apenas de calcinha, coloco-a por cima do meu corpo, testando o tamanho. Tento adivinhar se ganhei alguns centímetros durante esse tempo e torço para que não. O tecido, em contato com a pele nua do meu seio, deixa meu mamilo rijo e me excito, apenas imaginando o que poderá acontecer mais tarde.
Visto-a cuidadosamente e fico feliz em saber que serve quase perfeitamente, ficando levemente justa nos seios, demonstrando que ganharam volume durante os últimos anos. Volume este que não chega a atrapalhar, pelo contrário, me deixa ainda mais sexy.
Estou gostosa.
Confiante, ligo para o Henrique e confirmo que ele não fez nenhum plano para hoje. Ele me disse que ficará em casa, pois torceu o pé no jogo de futebol ontem. Isso é ótimo, pois estou imaginando ele desse jeito: bem quietinho no sofá, enquanto desfruta do meu show.
***
Já é tarde quando deixo minha mãe dormindo e saio em direção ao apartamento do meu namorado. Apesar de tê-la avisado que iria sair e ter deixado o telefone próximo a ela para o caso de alguma emergência, meu coração ainda fica apertado e preocupado em deixá-la sozinha. Sei que é algo que preciso trabalhar em mim, e que ela vem insistindo para que eu faça, mas é difícil. Então respiro fundo e tento deixar a preocupação de lado pelo menos por alguns momentos.
Após o porteiro me anunciar, subo até o seu andar e, antes de tocar a campainha, me troco. Verifico se não há nenhum barulho que indique a aproximação de alguém e, então, com o caminho livre, visto a roupa de odalisca ali mesmo, no hall do elevador, para que a surpresa esteja completa. Assim que o Henrique abrir a porta, verá a sua namorada ousando pela primeira vez, e espero agradá-lo.
Meu coração dispara dentro do peito em expectativa por sua reação.
O que será que ele vai pensar? Irá gostar de ver sua namorada vestida para seduzi-lo?
Por uma fração de segundo, sinto-me insegura e me arrependo do plano, mas é tarde demais. Logo escuto a porta sendo destrancada e, instantes depois, Henrique a abre, arregalando os olhos ao me ver.
Respiro fundo, porque não há mais volta. Aperto o play no meu celular que seguro entre os dedos, onde já havia deixado pronta a música árabe que escolhi com antecedência. Após largar o aparelho por cima da bolsa que deixei no chão, eu danço.
Fecho os meus olhos e me entrego à música. Sei que Henrique me observa atentamente, mas, por hora, tenho medo de encará-lo e saber sua reação. Primeiro quero dançar, terminar o que planejei e somente depois colher os frutos.
Frutos do desejo... Assim espero!
Bato meu quadril no compasso da música, enquanto movimento meus braços de uma maneira sedutora, como somente as odaliscas sabem fazer. Estou me sentindo feliz, radiante, então sorrio abertamente, levantando o rosto para o alto, rodopiando e apreciando a sensação de plenitude.
A música finaliza e eu abro os olhos.
Meu mundo cai.
A cara que o Henrique faz é de puro desprezo.
Sinto-me um lixo.
Ele não precisa dizer nada para que as lágrimas comecem a escorrer pelo meu rosto e para que instintivamente meus braços cubram o meu corpo tomado pela vergonha que sinto nesse momento.
— O que significa isso, Julia? — Ele me pergunta com repulsa. — Onde foi que aprendeu essa baixaria?
— Baixaria? — Questiono indignada. — É dança do ventre! — Enxugo minhas lágrimas e levanto minha cabeça, sabendo que não há nada do que me envergonhar. Se por uma fração de segundo eu havia me esquecido de quem sou e do que amo, isso passou.
— Isso é uma pouca vergonha, coisa de vagabunda! — Ele fala alto, ainda com expressão de nojo em seu rosto. — Como pode fazer isso? Justo você, que sempre foi pura!
Pura?
Então a minha ficha caiu: ele confundiu a minha falta de libido com pureza.
— Henrique — começo a falar, mas sinceramente o meu desânimo me puxa porta a fora. Porém, por consideração a todos esses anos de namoro, completo a frase —, eu estava apenas tentando apimentar a nossa relação, pois eu já não me sentia mais motivada a nada, se é que você me entende... Nunca imaginei que fosse reagir assim, você sempre soube que eu gostava de dançar!
— Não assim! — Ele me interrompe chocado. — Não desse jeito!
— Verdade! — Confirmo. — Você nunca me viu dançando como uma odalisca, a dança do ventre que eu tanto amo. Sinto muito.
Recolho minhas coisas do chão e abro a porta do seu apartamento, sabendo que eu nunca mais colocaria meus pés ali novamente.
— Acabou!
Digo e saio para nunca mais voltar.
Ignorando a vergonha, peço gentilmente ao porteiro para usar o banheiro da guarita. Afinal de contas, não poderia pegar ônibus vestida dessa forma.
— Você está bem, srta. Julia? — O rapaz me pergunta inseguro, sem saber ao certo se deve ou não olhar para mim e oferecer ajuda.
— Estou — sorrio sem graça. — Preciso apenas me trocar para sair.
— Claro — dessa vez ele que parece envergonhado e tenta disfarçar, mas seus olhos sempre voltam ao meu corpo. Ele entra rapidamente no banheiro que cheira a urina e arruma alguns objetos que estão espalhados. — Só não repara a bagunça.
— Sem problemas.
Resolvo caminhar alguns quarteirões e espairecer antes de pegar a condução. O ar noturno de São Paulo me fará bem, ver as pessoas circulando, o movimento, até mesmo as luzes da cidade farão com que eu me acalme e não queira voltar lá e falar poucas e boas para aquele infeliz. Como ele ousa a pensar que sou uma vagabunda?
Sinceramente...

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Magnata
Historia CortaRomance erótico não recomendado para menores de 18 anos.🔞 Julia é uma jovem desempregada que precisa cuidar de sua mãe adoentada. Desesperada e sem dinheiro, sua busca por emprego está de mal a pior, por isso aceita um bico de garçonete em uma mans...