Capítulo 24

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Ficamos abraçados apreciando a presença um do outro por algum tempo. Contei a ele tudo o que tinha acontecido desde que saí às pressas da mansão, entre encontrar minha mãe quase inconsciente até o atendimento médico. Ele mostrou interesse preocupação com a saúde dela, e disse que iria marcar um especialista amanhã. Ao tentar dizer que não era necessário e que eu poderia me virar, mesmo sabendo que iria depender da demora no sistema público, pois não tenho condições de pagar uma consulta particular, ele me interrompeu dizendo para aceitar, para pensar na minha mãe em primeiro lugar.

Ele estava certo.

— Tudo bem, eu aceito, mas você vai pedir a Catarina para descontar do meu salário — encarei seus olhos, pois falava sério. — Só vou pedir para não descontar tudo de uma vez; e dependendo do valor, seria bom dividir em duas ou três vezes. — Falo envergonhada.

— Tudo bem — ele beija minha testa com carinho —, mas não tem necessidade, posso arcar com isso tranquilamente, Julia, não vai fazer diferença para mim.

— Vai fazer diferença para mim — digo sincera —, não vou me sentir bem. — Dou de ombros e sorrio. — Mas agradeço imensamente sua ajuda, Igor. Só em pensar que uma consulta pode demorar meses, fico apavorada.

— Ela vai ficar bem — ele afaga minhas costas, tentando me acalmar —, não vamos deixar que nada aconteça com sua mãe.

E ali estava novamente sua preocupação e cuidado com a pessoa mais importante da minha vida, demonstrando um companheirismo que eu nunca havia tido de ninguém.

Segura essa, coração! 

— Igor, precisamos conversar — me apoio nos cotovelos para olhar em seus olhos.

— Vamos deixar acontecer, Julia — ele sabe exatamente qual o teor da conversa que quero ter, e fico me perguntando se ele está tão apreensivo quanto eu com nosso envolvimento, mas parece que não.

— Não posso perder meu emprego — desabafo, pois essa questão está me deixando muito preocupada. Decido ser sincera e dizer logo tudo o que penso, todos os meus medos, para que depois eu não me arrependa —, não agora que minha mãe precisa de mim, mais do que nunca.

— Não vai, eu garanto — ele senta encostado na cabeceira da cama e completa com seriedade —, mas preciso dizer que não sei onde isso vai dar — ele alterna a mão entre mim e ele, se referindo a nós —, e preciso que saiba que se nós formos a diante, se nós dermos certo, em algum momento não será mais minha funcionária.

Devo ter demostrado mais preocupação do que deveria, pois, percebendo a expressão do meu rosto, ele explica:

— Julia, o que eu estou sentindo por você é maior do que qualquer coisa que eu poderia ter imaginado algum dia sentir. Me pegou de surpresa e para ser sincero, estou assustado. — Ele segura uma das minhas mãos e me puxa para ele, então encosto meu rosto no seu peito, em um abraço. — Não sou mais um menino e pretendo levar o que quer que esteja acontecendo entre nós, a sério. Não tenho mais tempo a perder — ele afaga meus cabelos em uma carícia que me acalma —, e nem quero.

— Você diz como se fosse velho — rio em seu peito e sinto-o balançar, e sei que ele está rindo também. — Afinal, quantos anos tem?

— Trinta e quatro. Sou bem mais velho que você.

— Eu gosto disso — levanto o rosto para observá-lo e ficamos tão próximo que não resisto e beijo seus lábios.

— Ah é? — Ele continua beijando, entre uma fala e outra. — Então gosta de homens mais velhos? — Mais um beijo.

— Não... — outro beijo — Gosto de você.

Ele se afasta momentaneamente, analisando meu rosto, procurando algum sinal de que seja mentira ou alguma brincadeira, mas permaneço séria e completo:

O MagnataOnde histórias criam vida. Descubra agora