Estava mais calma quando olhava a paisagem através da janela do ônibus que me conduzia de volta para casa. A raiva já havia passado e o que restou foi apenas a mágoa. Uma dor dilacerante por alguém que acreditei que me amava, que me conhecia e que jamais pensaria algo ruim de mim.
Suspiro frustrada, pois sei que nunca dei motivos para ele pensar algo que comprometesse a minha reputação, que colocasse o nosso compromisso em risco, mas uma dança íntima? Sério? Nunca imaginei!
Enfim... O nosso relacionamento já não andava bem e, sinceramente, pensei diversas vezes em pôr um ponto final, mas em momento algum quis sair por baixo, com o meu orgulho ferido. Não... Isso não! Mesmo porque, não fiz por merecer. Não posso ser julgada e condenada por algo tão absurdo quanto tentar apimentar o nosso relacionamento.
Quando a raiva começa a ganhar força novamente, sinto o meu celular vibrar dentro da bolsa. Abro-a e logo escuto o som do seu toque. Observo antes de atender que são 21h36min, e não deixo de pensar rancorosamente que é bem mais cedo do que imaginei voltar para casa.
— Alô — atendo desanimada.
— Julia? — uma voz de mulher desconhecida me chama do outro lado da linha.
— Quem fala? — digo desconfiada.
— Aqui é da parte da Olivia, ela pediu para te ligar, pois disse que você estava precisando de um serviço.
— Ah, sim! — todo o meu desânimo vai embora e me agarro nesse fio de esperança que surge inesperadamente. — Falei com ela essa semana, e ela me pediu para aguardar um contato.
— Se queria uma chance, chegou sua hora! — a moça parece ofegante e meio desesperada e isso chama a minha atenção. — Uma de nossas meninas não veio hoje, e estamos com um desfalque, então se puder comparecer agora no endereço que eu vou te passar, ganhará uns pontos extras pela prontidão e prestatividade.
— Claro — fuço minha bolsa atrás de um pedaço de papel e uma caneta e anoto o endereço que ela me passou. — Estou a caminho.
Desço no próximo ponto e pego o primeiro táxi que vejo passar, pois não posso perder essa oportunidade por nada no mundo. Terei que pagar a corrida com cartão de crédito, mas espero que esse serviço de hoje cubra os gastos.
Imagino que pela hora da chamada e pelo que a Roberta me falou sobre o emprego, deve ser uma festa. O endereço dado fica na Vila Nova Conceição, um dos bairros mais chiques de São Paulo e me surpreendo ao chegar ao local e constatar que a tal festa é em uma mansão.
Digito rapidamente uma mensagem para a minha mãe, dizendo onde estou e que estou trabalhando, e que por isso não tenho hora para voltar. Assim evito qualquer telefonema desagradável que ela possa dar ao Henrique por estar desavisada da nossa situação. Amanhã, quando estiver novamente em casa, conto o ocorrido, e tenho certeza de que ela me apoiará na decisão de romper o relacionamento.
Olho para a mansão iluminada.
Imponente.
Quem será que mora aqui?
Um ator?
O dono de alguma empresa famosa?
Com certeza algum magnata.
O segurança me orienta como chegar à entrada dos funcionários. Lá terá uma governanta no meu aguardo.
Demoro pelo menos 5 minutos para achar a entrada, pois o lugar é enorme, com inúmeras áreas de lazer, dificultando o meu senso de direção que já não é muito bom. Nesse meio tempo atravessando o jardim, vi uma academia, um salão de jogos com uma imensa mesa de bilhar e uma piscina. Não deixo de comparar e lembro que algumas horas atrás estava jogando os itens da minha bolsa sobre a cama para contar os centavos; já essas pessoas têm um clube particular e nem mesmo precisam sair de casa para fazer exercícios. Como é a vida...

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Magnata
Storie breviRomance erótico não recomendado para menores de 18 anos.🔞 Julia é uma jovem desempregada que precisa cuidar de sua mãe adoentada. Desesperada e sem dinheiro, sua busca por emprego está de mal a pior, por isso aceita um bico de garçonete em uma mans...