Chego em casa satisfeita com meu primeiro dia no emprego. Tudo correu bem, Catarina me orientou em muitas tarefas e, com exceção da Sheila, todos foram muito receptivos e calorosos; principalmente o Sr. Arnaldo, que durante o almoço me contou algumas histórias da sua vida e no final do dia me perguntou se eu estava me adaptando bem ao serviço.
— Oi, querida — minha mãe diz ao me ver abrir a porta. — Como foi seu dia?
— Cansativo, mãe — ela está sentada no sofá e me inclino para beijar o topo da sua cabeça —, mas correu tudo bem. A maioria dos empregados me receberam da melhor forma possível, exceto por uma garota chamada Sheila.
— O que ela fez para você achar isso? — minha mãe questiona preocupada.
— Nada especificamente — não quis preocupá-la —, mas percebi em seu olhar o seu desgosto por mim.
— Não dê a ela motivos para te prejudicar, faça seu trabalho da melhor forma possível e tudo ficará bem — ela me aconselha. — Nem todos em nossa vida irão gostar de nós e está tudo bem, desde que os limites sejam respeitados e que ela não te atrapalhe no emprego.
— Sim, eu sei. É isso que me preocupa, mãe, que ela não respeite esses limites e acabe me prejudicando por sua imaturidade.
— Nesse caso seja você a madura e ignore. Faça o que tem que fazer e não gaste sua energia com quem não vale a pena.
— Vou tentar — digo sincera.
— E lembre-se: as pessoas são aquilo que elas podem ser. Se ela for má, é o que pode ser; se for invejosa, é o que ela pode ser. Não espere mudança e nem perca seu tempo tentando mudá-la.
— Vou me lembrar disso — sorrio carinhosamente para ela e percebo que suas olheiras estão mais acentuadas hoje — A senhora está bem, mãe?
— Um pouco cansada também — ela sorri de volta, mas não me convence e ela percebe —, só não dormi direito essa noite. — Ela se levanta do sofá e encerra o assunto.
Permaneço parada, observando-a enquanto se retira. Meu coração se aperta ao vê-la caminhar, pois sei que está sentindo dor e que hoje não é um bom dia.
Me sinto impotente.
Apesar do cansaço coloco a casa em ordem. Dou uma varrida nos dois quartos e sala, tiro o pó dos móveis e decido deixar a cozinha para amanhã.
Já é tarde quando repouso minha cabeça no travesseiro e lembro dos acontecimentos do dia. Posso afirmar que foi tudo bem no meu primeiro dia, mas me sinto incerta com reação aos próximos.
Após meu encontro com o Igor na sala de estar e saber que um próximo evento estava por vir, me sinto inquieta. São tantas dúvidas em relação a esse homem, que me sinto perdida.
Não consigo evitar pensar que nesse próximo evento ele se encontrará com aquela mulher novamente. Será sua namorada? Eu não havia pensado nisso... Fiquei tão hipnotizada por ele que deixei de raciocinar.
— Como sou idiota — penso alto.
É óbvio que um cara como ele teria alguém ao seu lado. Lindo, rico e educado, não estaria sozinho, sem um relacionamento sério. Ou estaria?
— Argh! — Puxo o travesseiro para cima do rosto e sinto uma vontade imensa de sumir.
Acordo descansada na manhã seguinte. Levanto mais cedo e preparo o café da manhã, para que minha mãe descanse um pouco mais. Sei que ontem foi um dia difícil para ela e torço para que hoje seja melhor.
Antes de sair, passo no seu quarto e a vejo dormindo. Dou um beijo e sigo para o trabalho.
Chego com dez minutos de antecedência e enquanto estou me vestindo me dou conta que as atividades de ontem foram todas no andar de baixo da mansão, e me pergunto se a ordem dada no evento, de não subir ao andar superior ainda está ativa.
Catarina chega instantes depois.
— Bom dia, Julia. — Seu sorriso domina seu rosto. — Espero que esteja disposta, pois temos muitas coisas para colocar em ordem antes do fim de semana.
— Estou disposta e pronta para começar — digo de imediato —, mas estou com uma dúvida.
— Diga — ela inclina a cabeça curiosa e pronta para ajudar.
— Durante o evento você me disse para não subir, isso ainda se aplica?
— Sim — responde prontamente —, nesse primeiro momento de experiência.
— Tudo bem — me sinto um pouco frustrada, pois as chances de encontrar o Igor no andar de cima é maior.
— Hoje na parte da manhã preciso que você cuide da prataria. Lustre as bandejas, os baldes de gelo e os castiçais, depois cuide dos talheres.
Aceno positivamente e começo imediatamente.
A mesa da cozinha está completamente preenchida com as peças de prata que estou polindo. A vantagem é que posso interagir com Dona Maria enquanto ela prepara as refeições.
Ela é uma senhora muito doce e tranquila. Está sempre preocupada com os outros, principalmente com Seu Arnaldo, que sempre que pode, passa pela cozinha e interage com ela. Sorrio ao observar os dois, mas não me sinto à vontade para perguntar qual a relação dos dois. Sei que em breve vou descobrir.
— Você gota de tilápia, Julia? — Ela me pergunta enquanto lava alguns filés que não reconheço.
— Não sei — respondo naturalmente.
— Ela para o que está fazendo e me olha curiosa, achando graça da minha resposta.
— Como assim? — Ela ri. — Gosta ou não gosta?
— Eu realmente não sei o gosto que tem — rio com ela.
— Nunca comeu esse peixe? — Ela pergunta espantada.
— Não que eu me lembre.
— Então vamos descobrir na hora do almoço — ela sorri com empatia e volta a lavar os filés.
— A senhora gosta, pelo visto — continuo a conversa, tentando me entrosar.
— Ah sim, gosto muito, mas não dá para comer todo dia — Ela sorri e me dá uma piscadinha. Acho graça.
— Verdade — concordo lembrando que em muitas ocasiões eu e minha mãe comemos macarrão instantâneo ou pão com ovo por não conseguir comprar nada mais substancioso. Se eu pudesse levaria um filé desse peixe para ela comer.
Um sentimento de esperança nasce em meu coração. Em breve vou receber meu primeiro salário e poderei comprar um filé para ela também.

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O Magnata
NouvellesRomance erótico não recomendado para menores de 18 anos.🔞 Julia é uma jovem desempregada que precisa cuidar de sua mãe adoentada. Desesperada e sem dinheiro, sua busca por emprego está de mal a pior, por isso aceita um bico de garçonete em uma mans...