Depois do jantar, decido ligar para Roberta para ter notícias sobre o estado de saúde de Marcelo. Com as crianças ocupadas, Maria Cecília fazendo lição de casa e Alberto jogando no celular, parece ser o momento certo para fazer a ligação.
— Oi, Ju — ela atende, sua voz carregada de cansaço e desânimo.
— Como estão as coisas? — Pergunto, enquanto observo as crianças ocupadas com suas atividades.
Enquanto Maria Cecília pinta seu desenho e Alberto joga, relembro a história por trás do celular que ele ganhou. Roberta estava em dúvida sobre dar a ele devido às preocupações com acesso a conteúdo inadequado. Juntas, pesquisamos e encontramos opções de controle parental para garantir a segurança dele online.
— Está acordado agora, mas não consegue mexer o braço esquerdo e parece um pouco confuso — Ela conta, desanimada. — O médico disse que pode ser temporário, então temos que esperar.
Ouvir sobre o estado de Marcelo me preocupa ainda mais, especialmente com a confusão mental que ela descreve. Minha mente retrocede para quando ele segurava a cabeça com as mãos antes de entrarem no carro.
— Confuso? — Pergunto, ansiosa por mais informações.
— Disseram que ele teve um AVC e que a confusão é comum — ela tenta explicar o que o médico disse. — Ele não sabe onde está, e quando digo que estamos no hospital, ele logo esquece e me pergunta novamente.
A notícia do AVC me deixa chocada, e minha preocupação aumenta ao ouvir sobre sua confusão. Tento pensar em maneiras de ajudar.
— Pergunte ao médico se há algo que vocês possam fazer para acelerar a recuperação dele. Talvez algum exercício, um jogo de memória... — Sugiro, lembrando de uma cena de um filme em que um personagem exercitava o cérebro após perder a memória.
— Sim, talvez... — Ela soa desanimada.
Enquanto conversamos, Maria Cecília demonstra entusiasmo e pede para falar com a mãe. Passo o telefone para Roberta, e a menina faz perguntas sobre quando eles vão voltar para casa. A expressão em seu rosto sugere que a resposta não foi a esperada. Logo a voz alegre de Maria Cecília se transforma em tristeza ao falar da boneca Rebeca, que ela costuma levar para a cama.
— Mãe, volta logo, quero ir para casa. A Rebeca está chorando... — Ouço-a implorar, e é evidente como ela está buscando conforto na presença da mãe e de sua boneca.
E então ela se despede, com um "tchau" e entrega o telefone para Alberto, que fala com a mãe antes de devolvê-lo a mim. Ela pergunta se posso passar em casa e pegar a boneca Rebeca para que Maria Cecília possa dormir.
— Claro, Rô! Não se preocupe com nada aqui — tento tranquilizá-la, entendendo o quanto deve ser difícil para ela estar longe dos filhos. — Vou buscar a Rebeca, e eles vão para a cama daqui a pouco.
Ouço ela suspirar aliviada do outro lado da linha.
— Obrigada, Ju — ela diz sinceramente.
— Não precisa agradecer — respondo do fundo do meu coração. — Você fez tanto por nós. Estamos aqui para ajudar.
Nos despedimos, ambas desejando um "até amanhã".
— Até — digo antes de desligar, sentindo um misto de emoções. Encerro a ligação e faço uma prece silenciosa, pedindo por ajuda para minha amiga e para o marido.
***
Na manhã seguinte, após deixar as crianças na escola, passo pela agência de empregos que costumo visitar e pergunto sobre possíveis vagas em aberto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Magnata
Short StoryRomance erótico não recomendado para menores de 18 anos.🔞 Julia é uma jovem desempregada que precisa cuidar de sua mãe adoentada. Desesperada e sem dinheiro, sua busca por emprego está de mal a pior, por isso aceita um bico de garçonete em uma mans...