Meu Pior Inimigo, Lúcius.

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Aquele homem estava parado encarando meu tio sem dizer uma única palavra.

– O que você quer? – Finalmente o Dindo quebrou o silêncio. O homem deu um leve sorriso.

– É assim que você trata as visitas? – Sua voz era grossa e bonita, e estava em um tom calmo, como se estivesse batendo um papo com algum conhecido.

O homem deu mais alguns passos, pegou o meu banco de madeira e sentou-se nele, o que era até uma visão engraçada devido à diferença de tamanho.

– Você não é bem-vindo aqui, deve se retirar. – Meu tio ainda estava parado em pé a uns 3 metros de distância da porta. Eu conseguia ver suas costas e um pouco da sua lateral.

– E quem vai me fazer ir embora? Você? – Ele zombou do meu tio. Um homem que eu sempre considerei forte e que mesmo não sabendo muito seu passado nem seu nome verdadeiro, ele me dizia que era alguém importante, um guerreiro.

Para zombá-lo daquela forma aquela pessoa sentada no meu banco não deveria ser qualquer um.

– Diga o que quer. – Meu tio mesmo depois de ser desafiado ainda não perdeu a postura.

– Vim pegar o que me pertence. – Assim que o homem disse essa frase, ele olhou para mim.

Eu arregalei os olhos e prendi a respiração, fiquei paralisada no local olhando para aqueles olhos claros que estavam mirados em mim. Como assim eu pertenço a ele?

Meu tio acompanhou o olhar daquele macho e me viu pela janela, mas como o homem sabia que eu estava lá?

O Dindo ficou alarmado e olhou novamente para o estranho.

– Ela não é sua, não pertence a você. – Ele falou com um rosnado.

– Claro que sim! O pai dela a deu para mim, você já passou bastante tempo com ela, aproveitou demais, agora ela é minha e deve vir comigo. – Ele continuava falando em um tom normal.

Pai? Meu pai? Eu não estava entendendo nada.

– O que disse? Carlos não tem direito algum sobre ela, ele não pode simplesmente entregá-la para... – Antes que ele pudesse terminar foi interrompido pelo homem que se levantou irritado.

– Ele não tem mesmo direito algum sobre ela, pois a garota me pertence. Esse foi um acordo que fizemos, ela em troca da vida dele e da de Arlete e eu espero que seja cumprido nosso trato ou ninguém sairá vivo, incluindo você. – A sua última fala saiu bem devagar para que pudéssemos entender que ele iria matar qualquer um que se opuser sobre esse acordo.

Eu estava assustada e paralisada, nunca tinha sentido tanto medo na minha vida.

Ele olhou para mim novamente e disse em tom de ordem:

– Saia! Você é minha agora, sou seu novo dono.

– NÃO! NÃO VOU DEIXAR VOCÊ LEVÁ-LA!

– Não me desafie! Não quero ter que matar um guerreiro como você. Irei recompensá-lo, mas ela vem comigo. – Ele estava ficando impaciente diante da ira do meu tio.

– Vá para o inferno com a sua recompensa! – Dindo rosnou.

– Como ousa me desrespeitar? – O macho rosnou e deu um passo à frente.

Eu vi o meu tio se transformando em um lobisomen enorme com pelos ruivos, rosnando para o estranho que ainda estava na sua forma humana. O lobisomen o atacou.

Aquela fera imensa parecia estar em vantagem que o outro, eu pensei que aquela zombaria e ameaça fossem apenas blefe daquele homem. E para piorar o homem nem havia se transformado em lobo, mas me enganei.

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