Diga-me o que quer...

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O Lúcius sempre foi assim, toda vez que me via, não importa o que eu estivesse fazendo, ele queria me tocar, agarrar, cheirar. Parecia até um viciado vendo sua droga. No início eu não deixa, tentava escapar dele, e isso o enfurecia quando era rejeitado por mim. Depois de um tempo, eu comecei a perceber que era melhor deixá-lo me tocar, pois seria menos pior.

– Acho que essa será a única vez que você é minha Luna, mesmo não sendo verdade. – Ele disse de olhos fechados enquanto estava grudado em mim na floresta.

– Sua Luna é? – Achei graça daquilo. Nunca passou pela minha cabeça ser a Luna do Lúcius, principalmente porque eu sei quem ele é e quem é a Arlete. – Como se você se importasse com o que eu sou ou deixo de ser.

– Não importa mesmo o que você é, o que importa é o que eu sinto e o que quero.

– Diga-me Lúcius, o que você sente ou o que quer. – Aquela conversa estava me dando náuseas.

– Eu sei que você me odeia Karolina, por tudo que fiz com você, mas é melhor tê-la ao meu lado me odiando do que estando longe de mim. Você precisa voltar, se uma guerra eclodir, você e Kamilla ficarão bem no meio dela e eu não conseguirei protegê-las caso estejam no território do Boldwin.

Eu dei um passo para trás me afastando dele e ficando mais imprensada na árvore, enquanto negava com a cabeça.

– Eu nunca voltarei para lá, nunca! – Ele deu um suspiro e baixou a cabeça.

– Karolina, eu... – O interrompi.

– Nos proteger? Você nunca nos protegeu dentro da sua alcateia, por que de repente você irá fazer isso, hãn? Eu passei três dias dentro de um porão imundo sem comida porque defendi a Kamilla, e você ainda vem com essa história de nos proteger?! Poupe-me, Lúcius!

– Eu não sabia...

– Não sabia o que? Que eu ameacei a criança porque ela arranhou a Kamilla, ou que eu passei fome naquele quarto fedido? – Minha raiva já estava voltando novamente.

– Dos dois, eu não sabia dos dois. O Bruthus me informou que você ameaçou uma criança, mas não disse o porquê, tudo bem, admito que mandei trancá-la no quarto mas ordenei te darem refeições três vezes ao dia e que limpassem o quarto. Esses castigos de ficarem confinados são comuns para pessoas que pertencem à nobreza.

– Hahahahaha! Nobreza? Desde quando eu pertenço à nobreza?

– Eu sei que você não tem um título, mas você é... – Ele parou de falar.

– Eu sou o quê? – Já estava zombando de tudo aquilo.

– Não adianta te explicar nada, tudo que eu disser será em vão. Por que a primeira impressão é a que fica não é? – Ele estava se referindo à noite em que o conheci, que vi o monstro nele. Apertei minha mandíbula com força, ficando furiosa.

– Eu não fazia ideia do que estava acontecendo com você, porque estou muito ocupado resolvendo assuntos que me deixam sem dormir durante dias, só naquela noite te dei meu sangue para se recuperar e depois... depois, pela primeira vez, você se entregou a mim porque queria, porque finalmente se permitiu deixar todo o ódio, a culpa, o passado para trás e cedeu ao seu desejo mais obscuro, que você tanto nega. – Eu não queria ouvir aquele absurdo!

– E quanto à minha fraqueza? Aos meus machucados? Você é idiota para não perceber? – O Lúcius estava querendo enganar quem com essa mentira de que não sabia de nada?

Ele olhou para mim zangado.

– Karolina, você se tortura desde quando descobriu sua gravidez. Você não percebe que tem a doença da alma?

A Suprema AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora