Um Futuro Apocalíptico

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De repente um brilho forte iluminou meu rosto incomodando minhas pupilas, fiz uma careta e coloquei a mão tapando aquela luz, quando acostumei com aquele clarão vi que estava parada na porta dos fundos da minha casa, com o mesmo vestido que usei no jantar e as tranças no meu cabelo, eu tinha voltado. Olhei ao redor e para dentro da casa, mas a Deusa não estava lá, tudo era silencioso. Fechei a porta e, ainda confusa, caminhei em direção ao meu quarto para poder pensar e entender as visões, mas quando cheguei na sala escutei gritos distantes do lado de fora da casa e um estrondo forte ao lado. Saí para saber o que estava acontecendo e havia várias pessoas correndo desesperadamente, crianças chorando gritando e chamando seus pais, o estrondo que tinha escutado foi das árvores do jardim vizinho que tinham se rompido e caído.

As casas ao lado da minha estavam em chamas, pessoas gritavam lá de dentro tentando sair. A aldeia que era linda estava um caos, devastada, e havia corpos de lobos-soldados por todo canto, eles seguravam suas espadas, morreram lutando contra alguém.

Corri entre as pessoas à procura do Alec, o Alfa, a fim de saber quem estava nos atacando. Os tronos de pedras no centro da aldeia não passavam de entulhos, os garotos que assustei no dia da audiência estavam mortos, alguns queimados. Procurei ao redor algum conhecido que pudesse me dizer o que estava acontecendo, mas foi em vão. Fui em direção ao escritório do Alec na sala de leituras e não havia ninguém lá, mas em cima da mesa tinham garrafas secas de vinho e bebidas mais fortes e um entulho de papéis jogados em cima e outros espalhados pelo chão. Peguei um daqueles papéis rabiscados, provavelmente o Alec quem escreveu, comecei a ler o que estava escrito talvez eu conseguisse alguma pista do que estava acontecendo.

"Ano de 1355. Três semanas após a morte da Luna Boldwin os monstros invadiram o território dos humanos exterminando a todos. Os restantes dos vampiros tentaram se aliar a nós depois da queda do Imperador, porém nos recusamos. Minha Luna implorou para que eu os aceitasse, mas não a escutei. Após o desaparecimento do Alfa Calmon, a tribo ficou sendo liderada pela Luna Calmon, está um caos. Ainda conseguimos nos manter em pé perante essa ameaça, porém não sei até quando."

A carta rabiscada tinha chegado ao fim, ela foi escrita em 1355, mas eu tinha certeza de que o ano atual era 1354, talvez eu tenha me confundido. Peguei outro papel para ler e não era uma carta, parecia ser mais anotações.

"O que eles são? Como enfrentar e matar essas coisas? Como eles nos conhecem tão bem?"

"Minha Luna, minha amada... Ela sabia, tentou me alertar... Eu não a escutei... Nunca vou me perdoar... A culpa foi minha... Ela morreu carregando nosso filho no ventre por minha causa."

– Luna? Quem era a sua Luna? Sabia o quê? – Murmurei com o cenho franzido. Virei-me para sair do escritório e tamanho foi o susto quando vi um retrato pintado na lateral da sala, era um casal. Alec e eu que estávamos na pintura, sorrindo. Cheguei perto do nosso retrato e li os nomes gravados.

"Luna e Alfa Boldwin, 1354."

– Ohh Deus... Sou eu...

Saí daquele lugar em passos apressados, com a respiração ofegante e incrédula.

– Não, não, não. Não pode ser... Não pode ser... Eu não estou morta...

– Karolina? – Olhei para trás e vi Augusto ensanguentado, sentado no chão ao redor de vários livros jogados com uma taça na mão e uma garrafa de vinho. Corri até ele.

– Augusto, o que está acontecendo? Cadê o Alec? Quem está nos atacando? E... e por que tem uma carta dizendo que eu morri?

– Por que você morreu. E agora sou eu que estou morrendo, não antes de tomar um último vinho. – Ele falava baixo, com a voz cansada. Olhei para a ferida e havia um corte profundo perfurando o coração, um dos pontos fatais dos lobos.

A Suprema AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora