Vai fugir para sempre?

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Eu estava correndo pela floresta que tanto amava, estava escuro e mesmo com a minha visão de loba, tudo estava embaçado devido às minhas lágrimas. De repente ouvi um rosnado na minha frente, tentei limpar meus olhos ajustando a visão e o vi. Era Lúcius, em sua forma de lycan, branco, gigante, com os olhos castanhos claros brilhando. Ele estava parado, me encarando, então começou a correr na minha direção.

Eu corri desesperadamente na direção contrária, indo pelo mesmo percurso que tinha acabado de trilhar, tentei me transformar em loba e não consegui, ele estava me alcançando. Até que entre as árvores, alguns metros de distância à minha frente eu vi um par de olhos azuis. Apesar de ter visto apenas uma vez já sabia quem era. Drakon estava parado com um sorriso sarcástico no rosto, uma mão nas costas e o braço direito curvado em frente, na altura da barriga.

– Você vai passar o resto da vida fugindo? Se quiser enfrentá-lo, apenas enfrente como fez comigo, não há nada a temer.

Parei de correr, respirei fundo e olhei para trás. O Lúcius estava caminhando lentamente em minha direção, ele estava rosnando ferozmente, mas no seu rosto de lobo tinha apenas um semblante de tristeza genuína. Eu criei coragem para atacá-lo, mas algo me prendia no lugar, não conseguia me mover e em um salto aquele imenso lobo branco pulou em minha direção com a boca aberta para me morder, então fechei os olhos, era o fim. De repente, tudo ficou silencioso, quando abri meus olhos novamente, eu estava deitada no chão da gruta, com o braço esquerdo envolto da Kamilla.

– Mamãe, está acordada? – Retirei meu braço de cima da cinturinha fina dela e dei um suspiro.

A pequena começou a se levantar, eu a segurei de volta para meus braços e fiz biquinho.

– Não vou deixar você sair. – Falei com a voz dengosa e comecei a beijar o alto da cabecinha dela. Ela se virou e ficou de frente pra mim, me deu um abraço apertado com aqueles bracinhos curtos e eu abracei de volta. Não tem coisa melhor no mundo do que receber o amor e carinho de um ser tão inocente e ainda saber que ela tem seu sangue, saiu de você.

– Mamãe, estou sem sono e quelo sair.

– Tudo bem, mas só pode sair se você conseguir pronunciar o "r" na palavra "quero". – Ela fez uma careta, mas já foi logo tentando.

Depois de ter falado umas palavras que pareciam estar me xingando em outra língua, finalmente conseguiu falar corretamente. A peguei pelo colo e saímos juntas, se eu pudesse deixava minha filha o tempo todo no meu colo para que ninguém a tirasse de mim e eu mataria quem tentasse. Finalmente eu poderia ficar com minha filha o tempo todo e só com isso era o suficiente para viver em paz.

Assim que saímos da gruta, eu vi uma cena inesperada, a Maria Elena conversando com o vampiro como se fossem amigos. Parece que a mulher escutou meu conselho e criou coragem para questioná-lo. Eu gostei da interação deles, pois seria uma preocupação a menos para lidar. De longe, eles pareciam um casal conversando, seria um par muito bonito se não fosse o fato do homem ser um cadáver ambulante. Nossa! Não quero olhar mais! Vai poluir minha mente com imagens nada agradáveis. Como será ele por dentro? Os órgãos apodreceram? Que diabos! Para de pensar... para de pensar...

– Está com fome, filhotinha? – Olhei para a Milla que estava nos meus braços. Ela balançou a cabeça negativamente.

– Quero fazer caquinha. – Ela quis dizer que queria fazer cocô.

– Tudo bem. – Fomos para dentro da floresta onde eu sabia que ninguém nos veria, então fizemos nossas necessidades básicas, o chato mesmo era ter que abrir um buraco para poder enterrar depois. Fiquei toda suja de terra, mas era melhor do que pisar na merda descalça e depois ficar sentindo o odor. Voltamos para dentro da gruta e fomos banhar na pequena cachoeira que caía sob as pedras.

A Suprema AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora