Um Estranho na Cabana

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– Maria Elena é uma bruxa? Claro que não, Lúcius! Ela é uma humana! – Afirmei para ele.

– De fato, ela é uma humana, mas eu havia encontrado quem os humanos diziam ser uma bruxa.

– Como você sabia que era ela? Poderia ser qualquer outra mulher.

– Me entregaram um retrato pintado dela.

– Um retrato?

– Sim. – Ele disse enquanto beijava meu pescoço. – E advinha quem divulgou esse retrato?

– Quem? – Perguntei me afastando dos amassos.

– O Imperador.

– O Imperador!? – Arregalei os olhos, surpresa.

– Ele quem espalhou o boato de que a mulher praticava bruxaria e que ela era sua amante. Pagou umas moedas de ouro para algum pobre fingir que viu uma bruxa voando, fantasiou algumas vampiras de bruxa e as fizeram pular de lugares que são impossíveis para os humanos, as bruxas andavam até com vassouras, aquele homem tem criatividade. – Lúcius deu uma gargalhada. – O vampiro aproveitou o medo que as pessoas sentem por ele e o alastramento de uma doença misteriosa, juntou as duas coisas... – Ele gesticulava com as duas mãos para cima. – E criou o caos entre os humanos com essa mentira de bruxaria, apenas para encontrar a Maria Elena. Afinal, botar os lobisomens e humanos para caçá-la em cada canto dos territórios era mais fácil que procurar sozinho.

– Então você a encontrou. – Continuei com a história, queria que ele me contasse tudo.

– Então eu a encontrei. – Ele ficou me encarando com o rosto meio de lado e um pequeno sorriso.

– O que aconteceu? – Ele continuou me encarando. – Fala Lúcius! – Fiquei ansiosa.

– Curiosa. – Virei a cabeça para o lado com se tivesse sido pega no flagra. – A mulher só estava lá sofrendo com a perda dos seus parentes pela praga, ela estava de luto e assustada porque tinha visto seu retrato pela cidade toda e o nome "bruxa" embaixo da sua foto. – Ele falou como quem não se importasse.

– E o que você fez?

– Achei estranho tudo que estava acontecendo, a tirei de dentro daquele casebre para o Alfa Boldwin não descobrir seu paradeiro e fui investigar de como começou aquele boato até que descobri tudo. Como eu já estava furioso por ter dado uma viagem perdida para aquela cidade fedorenta e ainda ter sido usado como bode expiatório para o Imperador, a trouxe comigo.

– E como você resolveu com os humanos? Porque me lembro de que quando voltou veio com bastante ouro.

– Eu peguei uma humana parecida com ela e disse que era a tal bruxa, só quem poderia saber a farsa era o Imperador.

– O que aconteceu com a humana?

– Ela morreu queimada na fogueira. – Fiquei perplexa.

– Pelos Céus, Lúcius!

– Quê, Karolina?! A mulher também estava doente, ia morrer de qualquer jeito e eu salvei uma vida inocente, não salvei? – Ele deu um sorriso todo orgulhoso e em seguida começou a beijar meu decote. Revirei os olhos.

– Continua... – Tirei seu rosto dos meus seios.

– É só isso, o Imperador veio atrás dela, mas não podia entrar no território porque eu já estava preparado, ele esperou dois anos para tê-la até que a própria Elena fugiu com ele, mesmo não sabendo de nada. – Ele me puxou para mais perto, nos colando mais ainda, senti sua ereção.

– E o que mais você sabe?

– O que eu sei é que estou de pau duro, louco para finalmente transar com a minha mulher. – Ele deu um sorriso safado enquanto seus olhos começaram a brilhar num tom dourado.

– Tarado.

– Por você. – Ele passou a mão na minha nuca e entrelaçou nos meus cabelos enquanto puxava minha cabeça pra beijá-lo.

– Ah mas que inferno! – O homem praguejou depois que ouvimos um assovio vindo de dentro da floresta, atrapalhando seus planos comigo. Aquilo era um chamado da Tribo Calmon. Mas o assovio não parou por aí. As tribos possuem um código de comunicação, pode ser uma música sem letra ou nesse caso as pessoas assoviavam.

– Fiuuuu... Fiuuuu... Fiuuuu... – Quer dizer que estão chamando por ele, mas não há inimigo por perto.

– Fiuuuu... Fiuuuu... Fiuuuu... – Foi assoviado novamente, logo em seguida da primeira vez, isso significa que há inimigos chegando.

O Lúcius rapidamente se levantou, me tirando do seu colo, ele ficou apreensivo.

– Lúcius, o que há? – Perguntei.

– Não se preocupe, fique aqui, eu já volto. – Tentou me tranquilizar. Ele deu as costas, mas segurei seu braço.

– É a Tribo Boldwin? Eles estão atrás de mim por causa da noite em que brigamos? Se sim, então eu vou com você. – Se as tribos não estavam bem por minha causa, então eu devo explicar tudo, é minha responsabilidade.

– Não, Karolina, você não pode ir, eu vou resolver isso sem envolver você, fique aqui com a Kamilla. – Ele segurou meus dois braços. Eu não estava convencida. – Pense na segurança da nossa filha, estamos no território deles, se você for comigo a Kamilla ficará sozinha e vulnerável. – Finalmente ele me convenceu, e só agora percebi o quanto era arriscado permanecer naquele local.

Baixei minha cabeça em concordância e frustração, pois eu queria muito ir. Ele segurou meu queixo e levantou minha cabeça.

– Não se preocupe, eu já volto. – Me deu um selinho e saiu.

....................

Dentro do quartinho de ferramentas tentei dormir, me revirava entre os lençóis, mas não conseguia parar de pensar no que estava acontecendo entre as tribos e se o Alfa Boldwin estava entre eles, eu nunca o vi, mas alguns relatos contam que ele é tão cruel quanto o Lúcius e que sua aparência era assustadora, pois dava para ver o ódio no rosto do macho. Eu estava preocupada, não queria uma guerra e morte de inocentes por causa de um mal entendido, queria falar com a outra tribo, mas não sabia como fazer isso sem o Lúcius perceber e ainda tinha a Kamilla, eu não podia levá-la comigo, ela tem o sangue do Lúcius. Quanto mais eu pensava, menos conseguia dormir.

Até que escutei a porta da frente sendo aberta, o que era estranho porque não ouvia passos, e os do Lúcius são pesados. Talvez fosse o vento.

Tentei dormir novamente, mas escutei a porta da Kamilla ser aberta devagar. Aquilo estava estranho.

Senti um cheiro diferente, alguém estava aqui, com passos tão suaves, sorrateiros, pareciam felinos.

Levantei-me num pulo, já escancarando a porta do meu quarto, olhei na direção do quarto que a Kamilla estava e vi um estranho parado.

A Suprema AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora