O Sonho Era Real

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Corri para o banheiro onde tinha um barril com água e comecei a lavar minha mão, eu estava chocada! Não era um sonho, foi real, aquilo foi real e o Lúcius tinha me visto! Eu estava lá no dia em que seu pai o ordenou matar os envolvidos da fuga, eu apareci para ele enquanto o garoto passava a noite toda ao lado daquelas pessoas mortas que ele mesmo matou, na noite em que sua mãe morreu, e também foi quando ele se tornou o homem que é hoje.

Mas como? Como isso aconteceu? Qual a explicação eu posso dar para esse evento? Foi porque meus poderes aumentaram durante a audiência? Que poderes são esses? E por que eu tive que ir justamente de encontro ao Lúcius na provável pior noite da sua vida?

Todo esse mistério sobre mim está me deixando maluca igual quando eu perdi a sanidade há cinco anos. Tenho medo de aquilo acontecer novamente, pois agora eu tenho uma filha que depende de mim para tudo. Preciso me recompor e esquecer que esse sonho aconteceu, mas o Lúcius se lembra? Espero que não, talvez nem tenha me visto direito devido à escuridão, e ele como era criança não tinha todos os poderes e força que tem hoje.

Depois de tomar um banho e trocar de roupa, fui para o quarto da Milla que ainda estava dormindo, era de dia, então me acomodei na cama junto com ela e a abracei, voltei a dormir logo em seguida.

Acordei horas depois com uma mãozinha fazendo carinho no meu rosto, dei um sorriso genuíno e abri os olhos para ver minha filha.

– Mamãe, de quem é essa casa?

– Era do meu tio e agora é nossa. – Falei sorrindo.

– Não vamos voltar para a casinha na floresta? – Balancei a cabeça negativamente.

– E se o papai voltar?

– Ele está ocupado com o trabalho dele, não vai voltar. – Menti.

– Vem cá minha lobinha. – Comecei a beijar sua cabeça e rostinho enquanto ela sorria.

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Correndo pela casa tentando alcançar a Kamilla que fugia de mim porque não aguentava mais tantas cócegas. A luz que iluminava a casa era o vermelho escarlate dos meus olhos, não acendemos nenhuma fogueira porque a Kamilla achava bonito o brilho avermelhado que eu tinha, era uma das poucas pessoas que nunca se assustou com essa peculiaridade.

Escutei batidas na porta e a abri sem lembrar esse mínimo detalhe, a mulher que estava parada lá levou um susto e quase saiu correndo se não fosse uma escrava, destinada a atender ordens.

– Desculpa. – Deixei o brilho desaparecer gradualmente.

– N-não precisa pedir d-desculpa senhora. – Ela estava de cabeça baixa segurando uma tocha. Não gostei de ser chamada de senhora por aquela escrava.

– O que deseja? – Tentei ser a mais educada possível.

– O s-senhor Alfa mandou servi-la. – Fiz uma pequena careta, mas liberei a passagem já que foi o Alec quem mandou.

Ela correu para acender o fogo da lareira com a tocha que trouxe. A Kamilla que tinha se escondido de mim, apareceu estranhando aquela mulher lá. Eu também estava incomodada, não por causa da garota, mas porque eu não gostava de ver alguém ser uma escrava minha, sei muito bem como é não poder tomar suas próprias decisões. Por um momento me vi nela e até pensei se o Alec não a mantinha em cativeiro a usando quando precisa. Balancei a cabeça negativamente, tentando tirar aquele pensamento. Passei anos culpando a Deusa da Lua por ter me tornado uma escrava e agora tenho a oportunidade de recomeçar, uma pena que nem todos têm essa mesma oportunidade. Também não posso abusar da hospitalidade me envolvendo nos negócios da tribo.

A Suprema AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora