O Jardim de Rosas

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– Deixe-a ao seu lado, Karolina, a garota é uma pessoa boa. – Augusto estava se referindo à Clara, minha escrava.

A porta do salão se abriu e o Alec entrou em passos firmes acompanhado dos seus três Bethas e logo atrás as Gamas. Ele estava com o semblante zangado, mas assim que passou por mim deu um leve sorriso de lado e eu sorri de volta.

– Tudo bem, vou deixá-la comigo, já que foi o Alfa quem quis mandar a garota para minha casa. – Disse.

– Você e o Alec parecem estar se entendendo. – Arregalei os olhos para aquele velho intrometido. Ele riu.

– Obrigada por arrumar a casa e mandar roupas pra mim e a Kamilla, deve ter custado caro. – Mudei de assunto.

– Não saiu nada do meu bolso, comprei tudo aquilo com a herança que você herdou do seu tio e... da Katharina.

– Minha mãe. Ela foi sua Gama, verdade? – Ele confirmou com a cabeça e ficou sério, finalmente o homem tirou o sorriso do rosto.

– Como ela era? – Ele tomou um gole da sua bebida.

– A mulher mais linda e dócil do mundo. – Deu um sorriso genuíno.

– Por que vocês se separaram? – Ele olhou pra mim e suspirou.

– A Katharina era uma mulher justa que gostava de sair uma vez ao mês para ajudar pessoas pobres no território humano. Certo dia voltando para casa, ela parou para comer em uma casa que vendiam almoço, chegando lá se deparou com o antigo Alfa Calmon e seus Bethas, entre eles estava o Carlos, que era um Betha na época, até o Lúcius tirar tudo dele. Bom, você sabe o que aconteceu em seguida. – Afirmei. – Ela voltou para a tribo diferente, mas não me dizia o que tinha acontecido. Manteve-se distante, cabisbaixa, e se irritava quando eu tentava me aproximar. Três meses depois eu descobri que ela estava grávida e sabia que não era de mim, só assim soube o que houve com ela.

– Vocês se separaram por minha causa? – Dei um sorriso sem graça.

– Não, minha criança. Você não tem culpa de nada. Eu ia te assumir e a Katharina já te amava mesmo antes de te conhecer. Éramos recém-casados e quando eu soube quem tinha feito aquilo com ela, fiquei furioso, queria vingá-la, invadi o território do Calmon com alguns soldados e quase causei uma guerra, o antigo Alfa Boldwin e seu tio tiveram que me deter, eu já estava fora de mim. – Ele tomou mais um gole do vinho. – Nunca consegui pegar o filho da puta do Carlos. – Falou um pouco zangado. – Sua mãe vendo tudo aquilo decidiu se afastar, achou que seria melhor para mim. Katharina era minha predestinada, eu tive a sorte de ser uma das poucas pessoas que encontra seu companheiro. Mas o destino a tirou de mim.

– Não foi o destino, foi Carlos, outro homem que só porque faz parte da nobreza se acha no direito de fazer o que quiser. – Falei.

– E foi outro homem com o pensamento pior que o de Carlos, que vingou sua mãe, eu e você.

– Não me vingou de nada, ele me culpou pela traição do Carlos.

– Você me disse que ele te batia. Por qual motivo?

– Um Alfa não precisa de um motivo para bater em alguém, principalmente em uma escrava, mas o Lúcius sempre me batia quando eu o rejeitava. – Por algum motivo, comecei a não me sentir incomodada em conversar aquelas coisas com o Augusto, ele me transmitia confiança.

– Entendo. Ninguém rejeita um Alfa e era a primeira vez que aquilo acontecia com ele. – Revirei os olhos. Ficamos Calados.

– Aceita uma dança comigo, Karolina? – Alec estava em pé na minha frente, eu nem percebi sua chegada. Fiquei boquiaberta. Olhei para o Augusto que só deu um leve aceno de cabeça e um sorrisinho de lado. Levantei-me pegando na mão dele, indo para o centro do salão com todos nos olhando.

Entrelaçamos nossas mãos no ar enquanto a sua outra passava pela minha cintura e eu depositei minha mão esquerda no seu ombro, nos encostamos enquanto seguíamos o ritmo lento da música. A lateral do meu rosto estava encostada com a dele, sua barba que era grande se enroscava na minha pele. O pouco que eu pegava no ombro largo do Alec enquanto sentia seu braço tatuado em mim, dava para notar o quão forte ele era.

Senti sua cabeça se mexer um pouco para o meu lado e ele cheirou levemente minha bochecha e cabelo. Era um toque tão suave que me fez fechar os olhos e não fiquei desconfortável, só um pouco nervosa.

Continuamos seguindo o ritmo da música, calados, apenas aproveitando o momento. Era uma sensação tão calma, tranquila, nem parecia que tinha várias pessoas nos olhando, eu não percebi, pois permanecia de olhos fechados. Dava até para imaginar a cena daquele grandalhão tatuado dançando tranquilamente com a loba que todos estavam com medo. Eu permanecia com um sorriso genuíno no rosto e de olhos fechados. Até que ele parou de dançar me fazendo abrir os olhos.

– Quero te mostrar um local, me acompanha? – Um leve sorriso estava no seu rosto enquanto seus olhos verdes se iluminavam. Aceitei sem pensar duas vezes. Olhei para o lado procurando a Kamilla e ela estava sentadinha em uma cadeirinha comendo com mais três amiguinhos e a mesma senhora de ontem os faziam companhia. – Não se preocupe, a babá cuida bem dos filhotes da alcateia. – Alec me tranquilizou.

Saímos de mãos dadas do salão de festas com todos nos encarando, mas ele não parecia se importar com os olhares. Fomos até um jardim afastado e era lindo. Flores brotavam pelos lados de todas as cores, o caminha era de pedrinhas, parecia ser um pequeno labirinto, havia banquinhos de pedras bem trabalhados, fiquei encantada com o local.

– Minha mãe que fez esse jardim. – Ele disse. – Ela amava passar as tardes aqui tomando chá e comendo biscoitos. Ninguém tem a minha permissão para entrar aqui. – Ele se afastou enquanto falava. – Mas essas rosas parecem com você. – Apontou para uma planta com rosas vermelho sangue. Alec pegou uma daquelas rosas pelo caule e veio em minha direção. – Tão linda, cheirosa e independente. – Ele me deu a rosa e eu a segurei.

– Obrigada. – Sorri para ele, que olhou para minha boca. Aquela sensação estranha voltou. Mordi meus lábios.

– Não faça isso. – Sua voz estava baixa e mais grossa que o normal e o verde de seus olhos brilharam. Ele pegou no meu queixo e depositou o polegar no meu lábio inferior enquanto puxava delicadamente para que eu parasse de morder.

Ainda olhando para meus lábios, permaneceu a mão no meu queixo e se inclinou lentamente na minha direção, até que encostamos nossos lábios.

Alec e eu estávamos nos beijando. Meu coração palpitava enquanto eu entrelaçava minha mão em seus cabelos cacheados que tinha a raiz lisa e macia. Ele segurou minha cintura com os dois braços me deixando inclinada, virávamos nossos rostos seguindo o beijo que era tão gostoso. Depositei minhas mãos no seu rosto enquanto ele passava a sua esquerda pelas minhas costas, era bom, forte, mas respeitador. Não tentou pegar na minha bunda ou arrancar minha roupa, ele só aproveitava o beijo e apertava meu peito no dele que parecia uma pedra de tão duro. Nossas línguas dançavam em um ritmo gostoso e sedutor. Caramba! Não queria me afastar daquele homem tão cedo!

A Suprema AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora