Meu aniversário de 18 anos

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Sentindo as lágrimas caírem pelo meu rosto, finalmente consegui dormir. Durante todos esses anos, eu aprendi que era muito melhor jogar para fora toda a tristeza de perder um ente querido do que deixá-la criar raiz. Passar um dia chorando toda a lágrima acumulada era mais libertador do que guardar as emoções para si e ficar calada. Se um dia eu encontrar alguém que queira chorar pela morte de alguém, eu irei abraçá-la e dizer a essa pessoa: "Vá em frente e chore".

Acordei e já era à noite, meu corpo pesava uma tonelada por ter corrido tanto. Olhei para onde estava a Kamilla e não a vi, levantei-me depressa e saí da cabana procurando-a.

– Olha mamãe, olha! – a menina apareceu correndo e pulando entre as árvores toda feliz, em sua mão direita havia um coelha branco.

Meu coração que estava quase saindo pela boca voltou ao normal, respirei fundo até ela chegar perto. Ela tinha visto um coelho e decidiu caçá-lo, eu poderia repreendê-la, mas ela era apenas uma criança inocente e cheia de vida, ela queria explorar o mundo, eu não a culpo.

– Nossa! Que filhotinha caçadora! Mas quando você for sair assim, chame sempre a mamãe, nunca saia sozinha sem avisar primeiro, promete? – Falei agachada com um sorriso falso no rosto para que ela não percebesse que eu estava me tremendo pior que vara verde de tão nervosa.

– Desculpa mamãe, é que a senhora parecia bem cansada, então eu quis te fazer uma surpresa enquanto estava dormindo, você está zangada? – Ele me perguntou com aqueles olhos grandinhos.

– Claro que não querida, mas fico preocupada se você sair sozinha. Tudo bem, deixe-me ver esse coelho. – Com um sorriso no rosto, estendi a mão esquerda para pegar o coelho. Ela me entregou e com a mão direita, mostrei meu dedo mindinho para ela me prometer que não sairia mais sozinha. A Kamilla entrelaçou o dedo mindinho dela no meu como se aquilo fosse um pacto inquebrável entre nós duas.

Entramos e eu ascendi uma fogueira na lareira para que a casa não ficasse totalmente escura. Preparei o coelho que era bem carnudo e logo já estava no fogo.

– Onde você o encontrou? – Perguntei enquanto estávamos jantando.

– Eu escutei o som dos seus passos do lado de fora da casa e o segui. – Ela me respondeu enquanto olhava ao redor da casa. – Mamãe, onde estamos?

Olhei para ela com um sorriso genuíno no rosto.

– Na minha antiga casa. – Ela arregalou os olhinhos de surpresa.

– Quando a senhora morou aqui? Eu nunca vi essa casa. – Eu dei uma pequena gargalhada com a expressão de surpresa no rostinho dela e apertei uma de suas bochechas.

– Isso foi antes de você nascer, minha pequena. – Ela balançou a cabecinha para cima e para baixo freneticamente com um sorriso travesso no rosto, mostrando que tinha entendido.

– Aí depois que eu nasci, a senhora foi morar com o papai. – Ela disse sorrindo.

Eu dei um suspiro de frustração. Era muito frustrante saber que a minha filha criou um afeto com a pessoa eu mais detestava. Tudo bem, ela tinha o direito de ter um pai e amá-lo, mas aquilo era demais para mim. Apesar de não ter gostado saber dessa interação entre os dois, eu tinha consciência de que o relacionamento entre eles era diferente do relacionamento que o Lúcius tinha comigo, mesmo assim, eu não conseguia aceitar aquilo.

– Aí depois nós fomos morar com as outras pessoas na aldeia. – Tentei fazer com que ela esquecesse essa história, mas a menina estava convicta de que o Alfa era realmente o pai dela.

– Quando nós vamos voltar? – Ela me perguntou como se estivéssemos fazendo apenas um passeio. Eu fiquei surpresa com essa pergunta.

– Você quer voltar?

A Suprema AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora