Ele não desiste nunca!

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Tudo fazia sentido agora. O ódio que eu vi nos olhos do Drakon assim que ele viu a Elena pela primeira vez, o modo que ele se referia a ela como se a conhecesse, e todas as minhas suspeitas. Mas, o que ele queria com ela? E... ooh céus! Eu a entreguei de bandeja para ele.

Comecei a pensar em como ele mostrou nossa localização ao Alfa sem que eu percebesse, e lembrei-me que naquela manhã eu havia dormido bastante ao lado da Kamilla, tanto que quando acordei já havia escurecido e o Drakon estava com a Maria Elena em frente à fogueira com a janta feita. Isso! Ele aproveitou que eu estava dormindo e com a desculpa de que iria caçar, foi para perto da outra aldeia no intuito de que o Alfa Boldwin sentisse seu cheiro e o procurasse.

Fechei meus olhos enquanto balançava minha cabeça em negação. Se a Maria Elena estiver morta, a culpa é minha, por um descuido, porque dormi mais do que devia. Meus olhos começavam a se encher de lágrimas.

– A culpa é minha... – Disse baixinho perdida em pensamentos.

– Ela ainda pode estar viva. – A voz do Lúcius veio na minha frente enquanto eu ainda permanecia com os olhos fechados. Suas palavras só me fizeram ficar mais triste. Se durante todo esse tempo, a Maria Elena fosse o único alvo do Drakon, por que ele iria deixá-la viva? Principalmente depois que eu vi sua vontade de atacá-la no dia em nos conhecemos. Nada o impediria agora.

As lágrimas começaram a cair dos meus olhos enquanto eu soluçava.

– Estou falando a verdade, Karolina. A Maria Elena ainda pode estar viva, não sei ao certo o que ela representa para ele, porém é bem mais do que um alimento.

Alimento, um simples alimento. Como que uma pessoa tão prestativa, cuidadora e dócil pode ser apenas um alimento? Eu não queria mais ficar ali, tinha que volta, a Kamilla estava sozinha e eu também não queria que o Lúcius me visse tão vulnerável.

Ainda chorando comecei a andar depressa para que ele não me alcançasse. Ele começou a me seguir com passos largos. Sabendo que ele não desistiria, eu parei e me virei, comecei a andar em sua direção e o empurrei.

– Não me siga! – Disse entre lágrimas e voltei a caminhar novamente para o meu destino. O cretino continuou me seguindo.

– Esse caminho que você está fazendo... Eu conheço esse caminho. Você está naquela casa não é?

– Pare de me seguir, Lúcius! Vá embora! – Eu não queria que ele soubesse onde estava, aquela casa que morei com meu tio ficava dentro do seu território. Ter ido ver o Lúcius foi a pior escolha que tomei até agora, pois eu sabia que ele não iria desistir.

– Karolina, aquele vampiro é um homem astuto, esperto e extremamente inteligente. Ele sabe de coisas que até os deuses duvidam, ele consegue enganar qualquer um, não seria diferente com você. Mas se vocês ficaram ao lado dele sem que fossem atacadas é porque ele percebeu que não deveria matá-las.

– Ele não atacou a Elena porque eu o ameacei, mas agora não tem ninguém que possa defendê-la.

– Mesmo se você o ameaçou e poderia lutar contra aquele Imperador, acha mesmo que conseguiria matar todo o exército dele?

– Ele estava sozinho, daqui que seu exército chegasse, eu já estaria bem longe.

– Sozinho? Mais da metade do exército do vampiro está com ele.

– O que disse? – Fiquei perplexa.

– O que estou tentando te dizer, Karolina, é que o Imperador está no Ocidente com mais da metade do seu exército o acompanhando.

– Mas eu analisei o local em que estávamos e posso te confirmar que não tinha nenhum outro vampiro por perto. – E realmente não tinha.

– Eu sei que não. Ele é o único que entra no território dos lobisomens, enquanto os outros vampiros ficam entre a fronteira do território humano e dos lobos.

Coloquei a mão no rosto e esfreguei meus olhos que já estavam ardendo, minha fuga tinha se transformado em uma confusão. Pensei na Kamilla sozinha, eu realmente tinha que voltar. Respirei fundo.

– Lúcius, eu vou embora, por favor, não me siga. – Tentei persuadi-lo.

– Você realmente está naquela cabana. – Ele cruzou os braços. O restante de paciência que eu tinha foi embora.

– Sim, eu estou naquela cabana, satisfeito? Estou dentro do seu território, então você não tem com o que se preocupar, eu não vou me envolver em nenhuma outra confusão e nem trazer mais problemas para sua alcateia e para você, senhor Alfa! – Falei ironicamente enquanto expelia minha raiva.

– Aquela cabana não faz parte do meu território. – O homem disse na maior tranquilidade.

– Como assim não faz parte do seu território? Você e seu povo foram os únicos que apareceram lá durante anos. – Eu já estava sem paciência.

– De fato, mas ali não é o meu território, eu fui lá apenas para te pegar e em seguida fui embora antes que notassem minha presença.

Fiquei surpresa com aquela declaração, então era território da outra alcateia? Não fazia sentido algum, mas se fosse verdade seria bom porque dessa forma ele não poderia entrar, apesar de já ter entrado uma vez, mas era uma esperança que eu deveria me agarrar para poder me livrar do Lúcius. Se o Alfa da outra alcateia estivesse em atrito com ele, isso me daria mais chances de escapar, pois o cretino não se arriscaria assim por causa de uma escrava.

Com esse pensamento, olhei novamente para ele e abri um sorriso genuíno e corri disparado para a cabana enquanto ele corria atrás de mim gritando meu nome, zangado.

Assim que eu passei por uma árvore gigante, ele parou se segurando nessa árvore. Agora eu sei qual é a fronteira dos territórios ali. A única marcação que tinha era uma árvore, enquanto nos outros lugares a marcação era um campo de terra preta. Por isso que não percebi, acho que só quem sabia disso eram os Alfas.

– KAROLINA, CARALHO! – Ele gritou com muita raiva enquanto eu ia embora sem olhar para trás com um sorriso no rosto.

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Quando cheguei na casa, verifiquei a porta que ainda estava intacta e farejei o local em busca de algum cheiro desconhecido, mas só senti o da Kamilla, dei um suspiro de alívio. Entrei no quartinho de ferramentas e a vi dormindo profundamente, ela nem percebeu que eu passei horas ausente. Às vezes eu acho que o mundo pode se acabar, mas a Kamilla permaneceria dormindo com um sorriso no rosto.

Peguei-a no colo e a coloquei de volta na cama do meu quarto que era mais confortável e macia. Saí de lá e busquei água no poço, esquentei uma parte que seria usada para beber e a outra eu iria banhar.

Lavei meu cabelo e corpo com alguns produtos que encontrei e que ainda estavam em bom uso, eu pretendia tirar todo vestígio do cheiro do Lúcius em mim para não ser confundida com a sua Luna. Deixe esse papel para a Arlete, eles parecem ser um casal perfeito, ambos são loiros e cruéis.

Depois de tomar um bom banho e beber bastante água, me senti revigorada. Ainda era de dia então dava para dormir um pouco, fui para o quarto de ferramentas, pois a minha cama era pequena e eu não queria deixar minha filha dormir apertada depois de ter passado duas noites dormindo desconfortavelmente na floresta.

Deitei-me naquela pilha de lençóis e já fui logo dormindo, porém meia hora depois acordei com um barulho de passos na mata. Levantei alarmada e transformando minhas mãos em garras saí da casa. Olhei para a direção do barulho e a alguns metros de distância, caminhando em minha direção, estava vindo o Lúcius.

Mas que diabos?! Esse carrapato do inferno não desiste nunca?

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VOLTAREI A FAZER ATUALIZAÇÕES POR AQUI.

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