Deveríamos ter nos casado.

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Eu estava apertando minha mandíbula com força e meus punhos fechados. Aquilo soava tão patético! Ridículo! Fiquei desconfiada quando o vi relutante para falar o motivo de o antigo Alfa entregar aquele terreno para meu tio, mas ter a confirmação me fez sentir tanta raiva.

Se fosse outra mulher de qualquer tribo estaria eufórica agora já pensando no seu vestido de casamento e em como ela era a pessoa mais sortuda do mundo por se casar com um Alfa como o Alec. Mas eu sou eu, a Karolina, sou a pessoa que ama liberdade e em tomar minhas próprias decisões. E descobrir que durante minha vida inteira fiquei isolada em uma cabana sem conhecer o mundo afora e também nenhuma alma viva além da do meu tio, apenas porque decidiram que eu deveria passar dezoito anos aprendendo a ser uma esposa ideal para um homem que eu nem sabia da sua existência, me fez sentir a mulher mais patética do mundo.

Eu tinha que todos os dias passar por estudos e treinos pesados, aprendi a ser uma menina boba e inocente demais o que é algo horrível para o mundo cruel em que vivemos. Com dezoito anos não sabia nem o que era beijar na boca. Até certo tempo pensei que era a Deusa da Lua que mandava uma águia trazer os filhotes para a terra por que não tinha noção sobre sexo.

De frente para quem seria "o meu futuro marido", nem precisava ser um gênio para perceber que ele não foi isolado também como eu fui. Ele é sim um homem vivido e com certeza deve ter descoberto o que era sexo mesmo antes de se tornar adulto. Quão patético!

Por que ele também não ficou preso em uma cabana? Aaah sim... Porque ele é homem.

A conclusão que tenho agora é que sou uma escrava e prisioneira pelos líderes das duas tribos. Minha vida é patética assim como eu.

– Parece que você não gostou muito de saber que deveria ser minha Luna. – Alec falou com um sorriso sem graça. Droga! Apesar de não gostar mesmo dessa notícia, não quero que ele pense pelo lado pessoal, Alec é uma pessoa boa e gentil, não tenho motivos para descontar minha raiva nele.

Respirei fundo.

– Me desculpe, não quero que pense que é algo contra você, eu só não acho certo ter que passar minha vida inteira isolada em uma cabana apenas para me tornar a esposa ideal sem ninguém se importar como me sentia.

– Tudo bem, não precisa me dar explicações. Desde a primeira vez em que vi você em sua forma de loba, zangada, defendendo sua filhotinha, eu soube que era uma mulher que viveria e morreria por seus ideais sem se importar com o que pensam. Você passará a vida inteira sozinha ao lado da sua filha se essa for a sua decisão. – Ele estava me olhando com um sorriso gentil no rosto.

– Você não ficaria zangado caso eu nunca aceite ser sua Luna, mesmo sendo treinada para isso? Toda tribo ainda precisa de uma Luna para que a linhagem prossiga.

Ele balançou a cabeça negativamente ainda com um leve sorriso.

– Se um dia você aceitar se casar comigo, espero que seja por que queira ficar ao meu lado, que queira ser minha mulher por vontade própria e não porque foi obrigada.

Engoli seco e aquele mesmo clima estranho e constrangedor do início da conversa tinha voltado.

Tentei falar alguma coisa para quebrar o silêncio, mas nada saía da minha boca. Alec continuava me encarando em silêncio com um sorriso no rosto e o verde dos seus olhos parecia estar brilhando. Eu precisava sair daquela sala.

– E-eu preciso... ver a Kamilla. – Limpei a garganta. – Vou ver como ela está. – Me levantei.

– Sim, sim, tudo bem... – Ele balançava a cabeça para cima e para baixo.

– Depois nos falamos... você... você também tem muita coisa para tratar, não é!? Tomei tempo demais seu. – Falei rapidamente.

– Conversar com você nunca será algo ruim. – Ele disse sério. Fiquei sem palavras novamente. Eu preciso sair dessa sala, aquilo estava muito constrangedor.

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