A infância do Lúcius.

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Augusto não se importou com a minha reação e continuou falando:

– A mãe era uma mulher que aparentava ser uma pessoa fraca e submissa, mas lá no fundo ela era uma mulher incrível que morreu lutando para salvar seu filho da tirania do pai. – Continuei com as sobrancelhas franzidas, pois não sabia disso.

– O pai dele era um dos homens mais cruel que eu já conheci na vida. Ele espancava a criança e a sua esposa se algum deles dissesse ao menos um não para ele. Lúcius teve uma infância difícil. O pai não permitia a aproximação da mãe, pois dizia que ela ia deixá-lo fraco e incapaz de liderar a tribo. Mas o pior aconteceu quando o ex-Alfa Calmon matou sua ex-Luna. – Ele parou de falar. Fiquei confusa e perplexa por saber dessas coisas.

– O que aconteceu? – Perguntei.

– A mãe do Lúcius tentou fugir com o filho quando ele tinha 10 anos e mais algumas pessoas, porém teve alguém do grupo que traiu a mãe dele e contou seu plano de fuga para o ex-Alfa. Quando o antigo Alfa Calmon soube, ele prendeu a mulher dentro de casa, a espancou, torturou e matou. Foi uma morte trágica e horrível. Ela só gritava implorando para não fazer nada com seu filho. O garoto escutou tudo. – Fiquei de boca aberta.

– E o que aconteceu com o Lúcius? – Perguntei.

– Ele não podia morrer, pois era o único sucessor ao trono, mas em compensação, seu pai obrigou o garoto matar todos que participaram da fuga, eram seus tios, amigos, mulheres que cuidavam dele.

– Ele matou? – Eu já sabia da resposta.

– Foi uma carnificina, minha criança. – Ele afirmou com as sobrancelhas levantas.

– Como você sabe de tudo isso? – Ele sorriu para mim.

– Na época eu tinha meus meios para saber tudo o que acontecia na outra tribo, era meu trabalho. Não confiávamos no antigo Alfa, então ficávamos sempre o observando de longe para saber se ele ia tentar alguma coisa contra a gente.

– O que mais você sabe? – Eu fiquei curiosa para descobrir tudo o que aquele senhor sabia.

– Sei quem foi a pessoa que traiu a mãe do Lúcius causando a morte dela e das outras pessoas, deixando o garoto completamente traumatizado e perverso. – Não estava interessada para saber quem era, com certeza eu não conhecia e isso não parecia ser uma informação importante.

– Huumm... Quem era? – Perguntei sem interesse, tomando um gole da minha bebida enquanto eu via a Kamilla que ainda estava distante brincando.

– Carlos. – Quase me engasguei com o nome que foi pronunciado e o encarei com os olhos esbugalhados.

– Carlos? O meu pai? – Eu estava boquiaberta.

Ele confirmou com a cabeça, sério.

Eu estava sem palavras. O Lúcius se transformou nessa pessoa cruel que é hoje por causa do meu pai? Isso explica o ódio que eu vi em seus olhos no dia em que nos conhecemos, mesmo assim, isso não é uma desculpa pelo mal que me causou durante anos, e a Arlete era filha legítima do Carlos e ainda assim, ela era uma Luna bem cuidada, enquanto eu só servia para aquecer a cama dele, um objeto sexual.

No final, eu paguei pelos erros dos outros, e logo de um homem que apesar de ser filha dele, não sinto nenhum carinho paterno. Ooh Céus! Como eu sou tão patética! Ri daquilo. Entretanto só eu sabia o quanto meu riso queria se transformar em lágrimas. Tomei mais um gole do vinho.

Augusto só ficou quieto me observando.

– Quer mais vinho? – Perguntou com a garrafa na mão, aceitei.

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