Capítulo 9

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  Entrei na sala e era impossível não ouvir a risada escandalosa de Javier com os outros policiais. Eles estavam comemorando algo, que nem tinha motivo de comemoração. Olhei para o quadro de suspeitos que Steve havia montado, e lá estava o loiro encarando todas aquelas fotos.
  Ultimamente, observar e pensar em hipóteses começou a se tornar nossa obsessão.

Me encostei ao lado de Steve, que mantinha os olhos atentos ao quadro, e mesmo com toda aquela barulheira de Peña e seus colegas, ele tentou se manter o máximo em foco.

— Bom dia, Lou. — Ele diz baixo tão baixo que era impossível de ouvir. — Está se sentindo melhor?

— Bom dia. — Viro-me rapidamente encarando os três homens que riam dentro da sala, mas eles sequer notaram minha frustração. — Nem tanto, mas eu sei que um colete não teria o salvado de qualquer forma.

— Ainda bem que sabe. Não deveria se importar com o que o Javi disse ontem, ele é péssimo em lidar com sentimentos.

O olho confusa, sem entender o que ele queria dizer com isso.

— E o que eu tenho a ver com os sentimentos dele? Não pode simplesmente descontar tudo em mim.

— Louise, ele claramente estava com ci...

— Ei, Steve venha comemorar com a gente! — Peña interrompe. — Ficar encarando esse quadro não vai mudar nada. O que tem de errado?

Javier pareceu engolir seco enquanto me olhava, algo estava atravessado na sua garganta mas ele não tentou dizer nada pra mim.

— Vocês estão se divertindo? — Steve pergunta indiferente.

— Algo bom aconteceu.

— É, nós o usamos, depois o fizemos morrer. — Respondo por Steve.

  Ele me olha atentamente.

— Não fomos nós que o matamos, Pablo o matou. — Peña diz sem piscar. — Agora podemos ir atrás daquele filho da puta, vejam pelo lado positivo. — Ele deixa um tapa nas costas de Steve e sai.

Talvez Javier tivesse razão, mas só saberíamos daqui um bom tempo, enquanto isso tudo o que me restava era carregar algum resquício de culpa.

*

Enquanto os dias se passavam, um dos sicários que foi preso após a morte do ministro, deu com a língua nos dentes contando que foi Escobar que havia dado a ordem para matá-lo. Um político importante tinha sido assassinado, e todos sabiam que mandou fazer aquilo.
Não demorou muito para o governo colombiano ter que reagir, o que levou Pablo a ser procurado por todo o território colombiano, com sua cabeça custando nada mais nada menos que cem mil dólares. Pablo tinha um grande problema agora: nós.

Encarei os papéis em cima da mesa, Javier e Steve tentavam convencer meu pai de que a extradição era uma ótima ideia, mas ele não parecia levar em consideração o que os dois diziam.

— A extradição não vai significar nada se a gente não conseguir o pegar. — Carrillo diz firmemente.

— Com a nossa ajuda, pegará. — Steve responde.

— É mesmo? Gringo ao resgate. — Ele diz em um tom cínico.

— É só um homem contra o Estados Unidos. — Steve pareceu não se importar com o comentário.

Um homem com helicópteros, aviões, veículos, rotas de fugas planejadas, e com uma puta rede de informantes, Murphy.

Eu sabia quando meu pai estava ficando sem paciência, e aquele era um exemplo.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora