Capítulo 14

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  O barulho alto da música e todas aquelas pessoas me empurrando de um lado para o outro estavam tirando minha paz, olhei mais uma vez ao meu redor para ter certeza de onde Steve havia me levado e tentei entender o motivo.

— Steve, o que é isso aqui? — Pergunto praticamente gritando.

— Uma balada, me disseram que era uma das melhores de Bogotá. — O loiro sorri.

— Eu sei que é uma balada, mas por que você me trouxe nesse lugar? — Puxo ele para fora daquele ambiente ensurdecedor.

— Você precisava se divertir, estou tentando te deixar animada e não somente decepcionada com tudo o que tem acontecido.

— Então já pode parar de tentar, não preciso de balada para ficar feliz. Poderia ter me levado em uma barraca de cachorro quente e eu estaria feliz. — Sinto o ar gelado entrar em meus pulmões e estremeço.

Steve estava com um olhar desolado por eu não ter gostado da surpresa, mas eu precisava ser sincera, ele era meu amigo e mentir não era uma opção.

— Poxa, pensei que era uma coisa boa e que ia te animar, você parece ser festeira mas acho que não a este ponto.

— Eu já fui mais festeira, mas agora eu só consigo pensar em trabalho e trabalho.

— Por isso que você precisa sair de casa, se quiser podemos voltar para dentro da balada e ficar rindo das pessoa ao nosso redor. — Ele insiste novamente.

— Não precisamos disso, mas eu conheço um lugar muito bom para jantarmos. — Proponho.

— Ok, vamos lá. — Steve levanta as mãos se rendendo.

A barraca de tacos não era tão longe da balada em que estávamos, andamos alguns quarteirões até que a pequena tenda estivesse completamente visível aos nossos olhos. Steve e eu conversamos sobre muitas coisas, e nenhuma delas era sobre nosso dia a dia de trabalho.
Fizemos nosso pedido ao senhor que atendia o lugar, e mesmo com a barraca estando cheia, nossa comida chegou tão rápido que sequer notamos os minutos passarem.

— Caramba! Não imaginava que seu pai era tão legal assim. — Steve diz com a boca cheia.

— Sério, ele fechou um parque todinho só para que eu pudesse andar em todos os brinquedos quantas vezes eu quisesse. — Comento enquanto as memórias da minha infância invadiam minha mente.

— Eu com certeza faria isso hoje em dia, não tem nada melhor que um parque de diversões somente para você.

— Eu sei! — Coloco uma batata frita na boca e solto um longo suspiro. — Por que não trouxe a Connie?

— Ela está na igreja, deve ser alguma quermesse ou algo do tipo, não sei.

— Tem que tomar cuidado aonde deixa ela ir, você sabe bem o quão perigosa a Colômbia pode ser. — Dou um gole no refrigerante e o observo atentamente.

— Eu sei, mas essa igreja não tem nada demais, e logo ela já deve estar voltando para casa, acho que vamos chegar praticamente juntos.

— Isso é bom.

— E você se resolveu com o Javi? — O olhar curioso dele era inevitável.

— Não falei com ele desde o dia que colocaram fogo no palácio.

— E nunca mais vão se falar?

— Sim, eu vou falar com ele em algum momento, só não estou planejando nada em minha cabeça. — Minha voz soa completamente indiferente. — Não preciso dele, e se em algum momento precisar não vejo problema em procurá-lo.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora