24 de dezembro
Coloquei a última roupa na mala e fechei o zíper. Virei meu corpo e ignorei meu pai na porta esfregando os olhos, completamente indignado com minha decisão. Eu não me importava com o que ele pensava, a única certeza que eu tinha era de que eu precisava ir para o Texas atrás de Javier.
— Como pode ter tanta certeza de que Javier está na casa do pai dele, quando você não tem notícia dele faz mais de uma semana? — A voz dele sai carregada de cansaço.
— Steve acabou de me ligar, ele também está lá. Connie e eu vamos juntas, porque a embaixada decidiu alguma coisa e eu preciso estar do lado dele seja o que for. — Balanço os ombros e pego minha bolsa.
— Prometa que não vai fazer nenhuma besteira? Nem tentar dizer que é policial e tentar resolver do seu jeito, porque você sabe como a América Latina é vista lá fora. Eles nos odeiam, e eu não quero ter que ir socar alguém. — Ouço a risada baixa.
— Eu prometo pai, prometo que não farei nada disso. Eu só preciso ver o Javier, saber que está tudo bem com ele vai me deixar muito mais calma. Não posso ficar mais um dia trancada nessa casa, sem saber como ele está. — Caminho na direção dele e o abraço. — Você não precisa se preocupar. Mas tem que prometer também que vai aproveitar o natal, pode fazer isso?
— Claro que eu posso. — Ele sorri e caminha na minha direção me abraçando. — Diga ao Javier para ele voltar, eu quero ver vocês dois se casando, entendeu? Se ele tentar fugir eu encontro ele.
— Acho que nessa altura do campeonato ele não tem mais para onde correr. — Me separo do abraço e sorrio. — Obrigada, mas agora eu preciso ir, Connie está me esperando lá embaixo e nosso voo sai em duas horas.
— Tudo bem.
O sorriso no rosto de meu pai, ainda que parecesse ser tranquilo, tinha um toque sutil de quem não conseguia se separar tão fácil de quem amava, e quem me dera não conseguir entendê-lo.
Nos acomodamos na poltrona do avião, o burburinho das pessoas olhando para mim eram indiscretos o suficiente para que nos incomodasse. Connie lançou um sorriso acolhedor, e percebi que ao menos fazer isso com ela parecia ser menos terrível do que seria.
Eu entendia o porque de todos olharem como se isso fosse um circo, principalmente por eu não ter aparecido na mídia em nenhum momento para dizer algo sobre o caso. Isso de alguma forma os mantinha intrigados, porque não existia uma pessoa sequer que não quisesse falar sobre isso.— Por que você não quis falar sobre a operação? — Connie sussurra.
— Não tem o que dizer, aconteceu o que vocês já sabem. A única diferença é que vocês não viram o mesmo olhar que eu, e estava tão cansada de tudo que não cogitei sequer não matá-lo.
Por alguns instantes esses pensamentos passaram a assombrar minha mente novamente, e isso estava se tornando rotineiro desde o acontecido.
— Deve ter sido uma sensação isolada, não consigo me imaginar no seu lugar. Você foi muito corajosa, ainda mais de ficar sem o Javier.
— Mas eu tinha o Steve, ele se tornou meu melhor amigo, e é isso que eu mais amo na nossa amizade. Sempre estamos juntos quando precisamos de algo, e fico feliz por estarmos indo até eles.
Connie sorri com o que eu digo e respira fundo.
— Eu não aguentava não ter notícias, por sorte Steve conseguiu se comunicar conosco.
— Vamos finalmente saber o que está acontecendo, e eu não vejo a hora de saber. — Respondo encostando minha cabeça na poltrona, e pensando em um milhão de coisas que eu só saberia a resposta quando chegasse.
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Monster in me - Javier Peña
FanfictionLouise Carrillo, uma jovem policial, presa em um romance fracassado e assombrada por cicatrizes da infância. Seu mundo vira de cabeça para baixo quando dois agentes chegam para ajudar a caçar Pablo, Louise mal sabia que eles mudariam sua vida para s...