Capítulo 49

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2 semanas depois

  Senti a brisa do vento bater contra meu rosto, enquanto eu aumentava o som do rádio e o carro deslizava pelas ruas de Bogotá. O sentimento de finalmente estar bem, de tudo estar começando a entrar nos eixos era a melhor sensação do mundo.
  Desde que Herrera foi morto por Alejandro, as coisas passaram a ser mais leves. Não podia dizer que o narcotráfico havia de fato acabado, mas ao menos não era tão escancarado quanto antes.

  Mais uma vez refiz o caminho que já estava acostumada para a nova casa de Alejandro, ele finalmente conseguiu o que queria, os holofotes completamente apagados. Eu não sabia qual era o propósito dele, não tinha certeza se de fato ele iria tentar se tornar uma pessoa melhor daqui em diante, mas eu iria cumprir com o combinado.
  Há uns dias atrás colocamos fogo em uma das antigas casas dele, ajeitamos tudo para que parecesse que alguém realmente morasse lá, e simulamos a morte dele para que assim finalmente tivesse sua liberdade e pudesse sair do país sem nenhum problema.

  Adentrei na garagem, estacionei o carro e estranhei a ausência de seus seguranças para confirmar que era eu. Talvez eles já estivessem se acostumado, ou Alejandro havia deixado a Colômbia mais cedo que eu pensava.
  Caminhei tranquilamente pelo jardim, abri a enorme porta de entrada e o silêncio ensurdecedor despertou minha atenção mas segui caminhando até onde ele sempre ficava.

— Alejandro! Olha só o que eu trouxe, sua certidão de óbito. — Faço careta pela frase, já que nunca pensei em dizer isso de maneira feliz.

  Tudo que ouço é um gemido de dor abafado.

  Me aproximo do ambiente enquanto levava minha mão até a arma que estava na cintura, assim que passei a sala pude ver Alejandro amarrado em uma cadeira com seu rosto praticamente desfigurado. Ao lado dele, na cabeceira da mesa de jantar estava Grace com um olhar que eu não conseguia decifrar.

— Eu te mandei fazer uma única coisa, sua incompetente. — Ela balança a arma em seus dedos.

— Que merda você pensa que está fazendo? — Pergunto tentando manter a calma.

— O que era para você ter feito! — Ela se levanta e bate as mãos na mesa. — Sua vadiazinha sem caráter, não consegue se manter longe de homens, tomou tudo que era meu e ainda matou o meu marido! — O grito descompensado dela me fez recuar.

— Eu nem conhecia você, sua loucura não faz sentido algum.

— O amor pode enlouquecer qualquer um — Ela ri enquanto sua voz era carregada com um choro preso na garganta, isso só deixava nítida a instabilidade emocional. — Agora que meu marido morreu, eu posso ter tudo só para mim, mas para isso eu vou ter que matar cada um de vocês!

— Nem tudo precisa se resolver dessa forma! Ninguém além de nós sabe do seu envolvimento com o cartel de Cali, você pode se safar dessa, viver sua vida na embaixada e mais ninguém toca no assunto. Vamos lá, Grace, não jogue sua vida fora dessa maneira. — Tento negociar. — Nenhum de nós vai te entregar.

— Cale a porra da sua boca, vadia! — Ela faz um disparo em minha direção, mas acerta o abajur que estava ao meu lado.

— Grace, pare! — Alejandro tenta gritar, mas sua voz sai fraca.

  Ela caminha na direção dele e assim que se aproxima puxa seu cabelo com força, tombando a cabeça dele para trás enquanto pressionava a arma no pescoço dele.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora