Capítulo 15

381 48 13
                                    

  Eu não sabia identificar se era a tensão que aquela sala emanava, ou se o ambiente estava realmente tão escuro quanto eu pensava. Estreitei os olhos enquanto observava meu pai soltar a fumaça do cigarro para o alto, e algo no jeito em que ele se movia me fazia ter a certeza de que as notícias não eram tão boas.

— Não vai me dizer o que está acontecendo? — Cruzo os braços esperando por uma resposta.

  Ele me olhou por longos segundos, parecendo pensar em cada palavra que iria dizer.

— Você sabe que eu tenho vivido os últimos meses apenas para conseguir pegar o Pablo, não sabe?

— Todos sabem. — Respondo confiante.

— Talvez eu esteja enlouquecendo, mas eu decorei até mesmo a música favorita dele. A cada dia que passa eu sei mais coisas sobre esse homem e a minha raiva só cresce.

  A expressão surpresa em meu rosto era inevitável. Meu pai realmente tinha uma rixa que estava começando a passar dos limites.

Tudo bem... você sabe muito sobre ele, mas o que isso significa?

— Significa que eu fiz uma reunião para sair fora desse caso, pensei que não seria bom para mim nem pra você, é perigoso. Mas todos fazem questão que eu continue, você sabe bem os motivos.

— Sim, mas se você não quer, não tem porque ficar.

— Uma vez que eu entrei não tem como sair, Louise. Vou pegar esse homem, nem que seja a última coisa que eu faça.

  Sinto uma pontada em meu coração, odiava quando nossa conversa atingia esse nível.

— Se acha que não tem condições de continuar, apenas pare. Eu converso com a Noonan, e o Javier pode nos ajudar também, a gente da um jeito de te tirar dessa.

— Seu namorado não pode resolver tudo. — Ele puxa a fumaça do cigarro com força.

— Ele não é meu namorado. — Reforço a frase que ultimamente estava sendo muito utilizada.

— Prefiro não entrar em detalhes. — A voz dele sai rouca pela fumaça. — Pedi a ele homens que não fossem corruptos, preciso de um exército de homens que não vão me trair. Só assim posso seguir em frente com essa operação.

— Que merda. — Sussurro irritada. — Porra, você está montando um exército de homens para atacar ao Pablo?

— Sim.

— Se vamos a guerra precisamos de recursos, ferramentas, homens o suficiente e dinheiro. — Digo.

— Foi o que eu pedi, e vai ser o que eles vão nos dar. Já conversei com o Javier, vocês três vão estar nessa.

A falta de comunicação era tudo o que eu mais odiava nessa história, ainda sim coloquei um sorriso forçado em meu rosto apenas para não soar a irritada e descontrolada.

— Já acabou nossa conversa familiar? — Pergunto encarando a mesa de café da manhã que nenhum de nós sequer tocou.

— Não fique brava, filha. Vamos conseguir resolver juntos, e todo nosso avanço tem sido bom. Estamos cada vez mais próximos do fim.

— É o que eu ouço todos os dias, mas eu não consigo ver esse fim de que vocês tanto falam. — Me levanto pegando minha bolsa. — Vou para a embaixada, os meninos estão lá, ultimamente nossa casa também tem sido lá.

— Tudo bem. — Ele sorri fraco. — Você vai voltar mais tarde?

— Sim, mas só se prometer não tocar na palavra trabalho, caso contrário eu vou embora.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora