Capítulo 34

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  As pequenas luzes brilhando em amarelo, vermelho, verde e azul, me fizeram lembrar que já era dezembro novamente. A Colômbia é um país católico, então o natal é uma das épocas mais importantes do ano, e era raro que não colocassem nenhum tipo de adorno em seus locais de trabalho.
A base não era bem um lugar familiar e cem por cento agradável de se estar, mas os soldados e agentes tentavam dar o seu melhor para que se tornasse um lugar aconchegante. Mesmo que a maior parte do tempo, as grandes notícias eram de que traficantes haviam matado pessoas inocentes.

O fato de meu pai não estar mais presente incomodava todos ao nosso redor, mas era algo que não tinha como mudar, e depois da nossa última conversa, seria ainda mais difícil fazê-lo mudar de ideia e continuar trabalhando. E o que tornava meu complicado, era depender das informações de Alejandro, e o pior disso era não poder contar ao Steve, que é meu único amigo, e a única pessoa que poderia confiar.

Encostei meu corpo completamente na cadeira enquanto bufei cansada. As papeladas em cima da mesa, todos aqueles burburinhos faziam minha cabeça girar e me deixavam enjoada.

— Olha isso. — Javier jogou os papéis em minha frente e apoiou as mãos sobre a mesa.

Peguei as folhas ainda em silêncio e examinei as fotos. Los pepes estavam fazendo justiça com as próprias mãos, e ao mesmo tempo deixando o povo de Medellín atormentado e amaldiçoados com o cenário.

— Inferno. — Praguejo.

Senti o nojo consumir meu corpo.
Mesmo que estivéssemos cooperando com Alejandro, a forma que ele e sua equipe lidava com as coisas me fazia questionar minhas escolhas.

— Lou? — Steve me olhava com a sobrancelha arqueada. — Você não parece nada bem.

— Eu estou cansada, tem tanta coisa acontecendo, parece que esse inferno não tem fim. — Reclamo. — O que vamos fazer?

— Sinceramente? Nada. — Javier sacode os ombros e se senta ao meu lado. — O que acha de jantarmos juntos hoje?

Olho para Javier de soslaio, tentando não parecer estressada. Mas a forma como ele agia completamente indiferente, uma hora ou outra iria despertar a curiosidade de Steve, e não sabíamos como seria a reação dele.

— Ah eu passo, a Connie está em casa. — Steve sorri de lado.

Agradeço pelo loiro não se importar com a resposta anterior.

— Sério? Então ela vai voltar a morar com você aqui na Colômbia? — Pergunto surpresa.

— Não, ela volta semana que vem, a Olivia ficou com a irmã dela. Mas logo vamos estar morando juntos de novo, é o que espero.

— Claro, fico feliz que ela tenha vindo te visitar. Vocês precisavam disso, principalmente ficar um pouco juntos. — Sorrio.

— Eu sei, é bom ter ela por perto.

Os olhos dele brilhavam quando pensavam na Connie, e era lindo toda vez que eu conseguia presenciar isso. Steve é um marido dedicado, mas nem sempre isso é o suficiente para sustentar um relacionamento. Principalmente quando estamos falando da posição em que nos encontramos.

— Pelo visto vamos jantar sozinhos. — O moreno comenta enquanto digita concentrado.

— Podemos marcar de fazer algo, algum jantar na casa de vocês, ou em um restaurante. Ela sente sua falta, Lou. — Steve propõe.

— Por mim tudo bem, podemos fazer uma jantar em casa. Na verdade, comprar alguma coisa, porque sou péssima na cozinha. — Solto uma risada baixa.

— Perfeito! — O loiro se ajeita na mesa e sorri.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora