Capítulo 10

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O carro chacoalhava de forma desconfortável pelas ruas de areia, enquanto os outros carros em nossa frente estavam prestes a cercar a mansão de Pablo.
  Javier parecia focado demais em toda aquela ação, as bochechas coradas e os olhos castanhos que chamavam atenção de qualquer um que o olhasse.

— Tome cuidado quando chegarmos. — Ele diz enquanto verifica se meu colete estava na posição certa.

— Eu já usei colete outras vezes, não é meu primeiro dia de trabalho. — Dou risada.

— Eu sei, mas é bom tomar cuidado.

  Concordei com ele, mas quanto mais avançávamos, mais deserta parecia a casa de Pablo. Alguém tinha dado com a língua nos dentes, e isso estava óbvio. Descemos do carro com calma, as armas em nossas mãos, todas prontas para um possível confronto, mas tudo o que recebemos foram funcionários amedrontados que Pablo havia deixado para morrer em seu lugar.
  Carrillo permaneceu imobilizando alguns deles enquanto andei apreensiva pelo lugar, e me deparei com os soldados comendo o almoço que Escobar deixou antes de partir. Se eu recebesse a mixaria que eles recebiam por colocar a vida em risco, eu também estaria fazendo o mesmo.

  Subi as escadarias da casa, examinei cada canto, mas não tinha nada, apenas latas de lixos com documentos queimados que eu não consegui salvar. Estava se tornando frustrante colocar as mãos nesse homem, e quanto mais perto chegávamos, mais rápido ele escorregava pelos nossos dedos.
  Senti meu pé ficar preso em um dos degraus, e mesmo tentando puxar, o salto pareceu prender e não soltar mais.

— Não deveria trabalhar de salto. — Ouço Javier reclamar e se aproximar de mim.

— Fico mais bonita com eles, e eu gosto de usar.

— Você fica bonita com qualquer coisa. — Ele se aproxima colocando o braço em minha cintura e me puxando para perto dele.

— O que você está fazendo? — Senti meu coração bater mais forte com a proximidade dele.

  Javier me levanta com agilidade, fazendo com que meu salto desprendesse.

— Só estava te ajudando. — Ele me solta com cuidado e se afasta. — Não vamos encontrar nada aqui, esse idiota conseguiu acabar com as provas.

— Nem tudo. — Steve diz enquanto caminhava em nossa direção. — Encontrei um endereço. — Ele entrega o papel para Javier.

— Ótimo, vamos tentar descobrir aonde esse endereço nos leva, e ver o que faremos.

  Enquanto tudo o que eu conseguia fazer era tentar me recuperar do que aconteceu antes de Steve chegar.

O pequeno pedaço de papel todo rasgado e queimado que Steve havia encontrado, nos levou até o prédio do centro de Medellín, e quando chegamos lá, encontramos o famoso barba negra. O contador número um de Pablo, e guardião de todos seus segredos.
Assim que o prendemos ele descreveu o império de cocaína que rendia sessenta milhões de dólares por dia, Pablo era mais rico que qualquer outra pessoa no país, e isso era loucura.

A montanha de provas enchia uma sala inteira no palácio da justiça, lar da suprema corte da Colômbia, e lá era o único lugar seguro para todos aqueles arquivos e provas contra Pablo. Com todos aquelas provas, poderíamos prendê-lo durante cem vidas e não seria o suficiente para acabar com todos aqueles papéis.

  As fileiras e prateleiras de arquivos me deixavam perdida, a bagunça em um monte de documentos que tínhamos conseguido acesso, estava nos enlouquecendo. Javier conseguiu encontrar o que queria, mas não estava tão feliz quanto eu pensava que ele estaria.
  Steve e Carrillo conversavam na entrada da sala, enquanto Peña caminhava em minha direção, com um olhar levemente tenso.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora