Capítulo 32

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  O silêncio da sala de espera estava praticamente corroendo meus neurônios. Eu não conseguia focar em nada, tampouco pensar em qualquer outra coisa a não ser meu pai.

  Depois que Javier e os paramédicos chegaram, fomos encaminhados diretamente para o hospital. Meu pai precisou fazer uma cirurgia de emergência, enquanto isso eu precisava aguardar pacientemente do lado de fora.
  Esperar e esperar, era tudo o que eu podia fazer, mas se tornou algo torturante diante da situação em que eu estava. Eu só precisava de notícias, precisava saber o que estava acontecendo com ele, se a cirurgia estava dando certo.

  Eu não podia perder ele.

  O cheiro de limpeza, a claridade das luzes, o silêncio e até mesmo como os passos dos médicos eram abafados me deixavam ainda mais apreensiva. Aparentemente eu estava normal por fora, mas olhar para minhas mãos ainda manchadas de sangue do meu pai, me faziam querer gritar.

  Meus olhos rodeavam todo o lugar, a minha volta, principalmente Javier que permanecia sentado ao meu lado. Toda vez que eu pensava estar sozinha, sua respiração alta era o suficiente para me fazer lembrar de que eu o tinha por perto sempre que precisasse.
  Mesmo o tendo por perto, mesmo sabendo que eu estava segura com ele, a angústia em meu peito só crescia.

— Louise?

  Ouço uma voz feminina soar atrás de mim e me levanto da cadeira rapidamente.

— Louise Carrillo, certo? — A médica lançou um olhar cuidadoso.

— Sim. Alguma notícia do meu pai? — Minha voz trêmula ecoou no ambiente.

— A cirurgia foi tranquila, ele já está no quarto, vai ficar bem.

— Eu quero ver ele, eu preciso.

— Só posso liberar visitas amanhã ou daqui um dia, ele ainda está sedado por conta da cirurgia. Preciso que tenha paciência, enquanto isso, peço para que você vá pra casa descansar. — Ela faz uma pausa antes de respirar fundo. — Depois de tudo o que aconteceu com vocês, é de extrema importância que você fique calma e descanse. Também preciso te informar que por conta da situação, seria bom se você colocasse alguns policiais para ficar de vigia. Isso aqui é um hospital, e no meio da guerra em que estamos, não se torna nem um pouco seguro.

— É claro. Eu vou conseguir os policiais, por favor prometa que vai me ligar assim que eu puder o visitar. Eu não consigo ficar apenas imaginando o estado dele, enquanto não tenho nenhum tipo de notícias.

— Assim que ele acordar e estiver se sentindo melhor eu te ligo, prometo. — A morena colocou um sorriso acolhedor em seu rosto. — Vá descansar, Louise, vocês dois na verdade. — Ela aponta para Javier que estava de braços cruzados me observando.

— Obrigada.

Ainda que eu tivesse tranquila com o fato da cirurgia ter ocorrido bem, não conseguir ver meu pai me deixava nervosa o suficiente para me deixar inquieta.

*

Os corredores do palácio poderiam deixar qualquer um encantado, mas atualmente poucas coisas eram capazes de me tirar suspiros. Permaneci inquieta na ante-sala, enquanto aguardava meu nome ser anunciado para que eu finalmente pudesse entrar no gabinete.
Assim que a secretária me acompanhou até a entrada do lugar, minhas mãos suaram frio. Não era minha primeira vez naquele lugar, muito menos a primeira vez que eu precisaria falar com o presidente. De qualquer forma, eu estava nervosa, independente de quantas vezes eu precisaria fazer isso.

— Louise Carrillo. — O homem diz assim que as portas se fecham atrás de mim.

— Vossa excelência. — Respondo formalmente enquanto me aproximava de sua mesa.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora