Capítulo 19

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  24 de dezembro

  Ajeitei o cabelo e olhei o vestido uma última vez em frente ao espelho do meu quarto. O tecido vermelho cintilante combinava com a cor do meu batom, enquanto meu cabelo solto sobre os ombros dava destaque ao meu decote.

"Louise, vamos nos atrasar!" Javier grita da sala.

— Já estou indo. — O respondo terminando de colocar meus brincos.

  Meus saltos ecoavam pelo apartamento a cada vez que eu dava um passo.

— Eu queria ter um cachorro, o que você acha? — Ele pergunta sem tirar os olhos da televisão. 

— Você nem fica em casa, como vai ter um cachorro?

  Dou a volta no sofá e paro na frente dele.

— Me diz que mais tarde eu vou poder tirar esse vestido. — Seus olhos brilharam e um sorriso malicioso invadiu o rosto dele.

— Eu comprei especialmente para isso. — Me curvo na direção dele enquanto sussurro.

Finalmente, esse vai ser o melhor natal da minha vida. — Seu olhar parecia que iria engolir o meu a qualquer momento.

— Quanto drama, é só sexo. — Me afasto ajeitando o cabelo.

— Não é só sexo quando eu estou há meses sendo cozinhado. — Ele se levanta do sofá respirando fundo.

— Eu queria saber até onde você iria aguentar. — Brinco.

  A realidade era que as coisas fugiram do controle, e eu sequer conseguia pensar em coisa do tipo nos últimos meses.

Você é cruel.

— Eu sei. — Me aproximo e acaricio o rosto dele. — Mas precisamos ir, se não daqui a pouco meu pai começa a me ligar achando que algo aconteceu.

— É a cara dele fazer isso. — Javi abre a porta pra que eu saísse.

— Afinal essa festa vai ser como mais um dia de trabalho, só que com comida e música. — Respondo enquanto passava por ele.

— Eu não ligo para o natal, mas aposto que esse vai ser dos bons. O Steve confirmou se vai?

  Começamos a descer as escadas enquanto eu prestava atenção na pergunta dele.

— Sim, ele disse que ia mesmo meu pai o odiando.

— Eu não acho que ele odeie, seu pai só não gosta de gringos, e o Steve sabe bem disso. — Ele diz enquanto abre a porta do carro para que eu entrasse.

— É, mas ele consegue ser muito desagradável. Eu entendo o Steve se não quisesse participar, mas ele é tão bonzinho que sequer se importa com isso. — Entro no carro com calma.

  Espero Javier fazer o mesmo e o observo tentando conter a risada.

— Bonzinho. Acho que o Steve passa uma imagem de homem calmo, quando na verdade ele poderia ir muito além do que pensamos.

— Talvez. Mas estaria tudo bem se ele não fosse como nós, é bom ter pessoas centradas conosco.

Javier balança os ombros parecendo não se importar.

Suspirei ao ver a quantidade de policiais na porta da casa de meu pai, mas já era algo de se esperar. Tentei não focar nessa questão, já que aquela era uma noite que deveríamos tentar descansar e aproveitar em família, ou quase isso.
Caminhei pelo jardim enquanto sorria olhando a tenda lotada de colegas de trabalho. Meu pai parado ao lado de Priscila, sua secretária, me chamou a atenção.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora