Capítulo 23

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  Ouvi o som da campainha tocar, caminhei em passos largos pelo apartamento pensando que poderia ser alguém precisando de algo urgente. Me deparei com uma loira e um decote enorme na porta, por alguns segundos me esqueci que aquele apartamento era de Javier, e que em algum momento já havia sido bem frequentado.
Encarei a mulher na minha frente enquanto esperava ela dizer algo, mas seu olhar confuso me ficar ainda mais curiosa com o porquê da visita.

— Posso ajudar? — Pergunto com a porta entreaberta.

— O Javier está? — A loira deu um passo para trás enquanto checava a numeração do apartamento.

— Não, quem é você? — Cruzo os braços.

— Eu sou a Rosa do apartamento de cima, Javi disse que se eu precisasse de alguma coisa ele poderia me ajudar.

— Ele não pode. — Faço biquinho fingindo estar triste por ela. — O que você precisa? Posso tentar te ajudar.

A risada sem graça dela fez com que suas bochechas corassem.

— Acho que você não pode me ajudar. Ele me disse que não tinha namorada, pelo visto estava mentindo.

— Parece que um certo casal vai brigar por sua causa essa noite. — Menti apenas pelo entretenimento. — Mas obrigada por me alertar, vou ficar de olho nele.

— Ah... sinto muito por isso. — A voz dela sai arrastada.

— Tchauzinho. — Aceno com um sorriso no rosto.

Fecho a porta enquanto assistia à confusão no rosto da mulher. Era ótimo fazer isso com as mulheres que ele transava, quase sempre pensavam que eu era a traída e o olhar de pena era impagável.

Já estava escurecendo quando olhei para o relógio para verificar a hora, e o fato de Javier ainda não ter chegado, me deixava preocupava. Escutei o barulho da porta se fechar, olhei para o corredor e respirei aliviada ao ver o moreno caminhar pelo ambiente com a sua jaqueta de couro preta.

— Sua amiga Rosa, do apartamento de cima, veio aqui pedir sua "ajuda" essa tarde. — Enfatizo com os dedos enquanto ele passava por mim.

— Quem é Rosa? — Ele pergunta enquanto servia um pouco de uísque no copo.

— Nossa vizinha, que aparentemente veio até aqui só para transar, sinto muito, mas eu estraguei isso. Vai ter que arrumar outra vizinha para foder. — Digo enquanto me ajeitava no sofá.

— Tudo bem. — A voz dele soou cansada. — Como foi seu dia? — Ele se joga ao meu lado e me olha atentamente.

— Foi bom, aproveitei minha folga para ficar assistindo filme e comendo chocolate. E aterrorizando suas amigas... — Brinco.

— Isso é bom, fazia tempo que você não descansava.

— E você? Tem chegado tarde nos últimos dias, está acontecendo alguma coisa?

Ele leva o copo até a boca e vira todo o líquido que estava dentro de uma só vez.

— Trabalho, só isso.

— A gente trabalha com a mesma coisa, e estamos sempre juntos, o que é esse tanto de trabalho que você tem feito?

— Coisas da embaixada, burocracia e eu sei que você odeia isso, então prefiro não dizer nada.

O problema de ficar muito tempo com a mesma pessoa, é que depois de algumas mentiras e verdades, você consegue a decifrar muito antes que ela perceba.

— Eu odeio mesmo. — Deixo de olhá-lo e foco na televisão.

— Tenho sentindo sua falta.

  O olhei de canto enquanto pensava em algo para respondê-lo.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora