Capítulo 18

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A casa estava escura o suficiente para que nossa tensão ficasse ainda pior. Javier e Carrillo tomaram a frente da invasão, apenas na esperança de que Gacha realmente estivesse no lugar que Suárez havia dito. Mas tudo o que encontramos foi a empregada baleada que ele nos deixou de presente.
No fundo eu sabia que Suárez tinha me feito de idiota. Ele avisou Gacha que estávamos indo atrás dele, e acabou comprometendo toda a operação.

O olhar de julgamento de meu pai recaiu sobre mim, eu conseguia ver as palavras saindo de sua boca sem nem que ele reproduzisse qualquer tipo de som.

— Coronel!— Um dos soldados se aproximou afobado. — Ligaram do bloqueio na estrada. Pararam um carro e estão dizendo que o motorista é um senador.

— Ele tem documentos? — Carrillo pergunta sem dar muita atenção.

— Sim, parece que está tudo certo. Mas encontraram uma metralhadora no porta-malas.

— Traga ele pra nós.

Olhei mais uma vez para a empregada baleada usando o chapéu de Gacha e tive a certeza que o odiava. A forma que perseguíamos esses homens e eles fugiam de nós como ratos, me irritava cada vez mais.

O homem alto em nossa frente tentava soar confiante o bastante para que acreditássemos nele. Ele teria se safado, se não fosse pela metralhadora no porta-malas.

— Vejam meus papéis! — Ele entregou para Carrillo que o analisava com cuidado. — Eu não tenho ideia de quem seja esse Gacha que vocês estão falando, eu só estava indo para casa.

— Por que tem uma arma no porta-malas? — Carrillo devolve os documentos.

— Estão perguntando porque um político anda armado neste país? Por favor... é do meu guarda-costas.

— E onde está o seu guarda-costas? — Javier perguntou tranquilamente. — Você estava sozinho no carro, certo?

— Escutem aqui... se não me liberaram imediatamente, vão se arrepender.

A ameaça dele não pareceu incomodar Javier.

— Só mais um minuto, ok? — Carrillo pede.

— Tudo bem.

Nos afastamos o suficiente para que o homem não conseguisse nos ouvir. Javier colocou as mãos na cintura enquanto aquele olhar em seu rosto não negava a raiva que ele estava sentindo.

— Ele está mentindo. — Javi sussurra.

— Eu também acho. — Carrillo me olha esperando alguma resposta.

  Respiro fundo antes de dizer qualquer coisa.

— Eu acho que ele pode ter comprado esses documentos, qualquer pessoa poderia fazer isso. — Cruzo os braços observando os dois.

— Louise e eu não podemos atirar nele, se for realmente um senador, estamos perdidos. Não dá para correr o risco.

— Tudo bem. Vocês não podem, mas eu posso. — Javier puxa a arma da cintura e atira na perna do homem o derrubando.

  As mãos dele seguraram com tanta força o pescoço do rapaz que podíamos ouvir a respiração dele falhar.

— O próximo vai ser na sua cabeça! — Javier gritou. — Fala, desgraçado!

— Tudo bem, eu falo! — O falso senador uivava de dor. — Eu sei onde o Gacha está, eu sei!

  Planejamos a nova rota de invasão com cuidado. As informações que conseguimos na noite passada eram o suficiente para uma operação mais detalhada, e isso faria toda a diferença.
Decidimos que Carrillo e seus homens entrariam pelo mar, os botes ajudariam a invasão deles. Javier e eu ficamos com o helicóptero caso Gacha tentasse escapar pela estrada. E o que aconteceria depois? Ninguém sabia.

Monster in me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora