Toalha

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POV S/n

Hoje ainda é o meu terceiro dia trabalhando nos estoques da cozinha, e já não aguento mais. Daqui três horas seria o almoço, mandaram eu vir mais cedo pra me organizar melhor.

Chego com o carrinho com o cesto de tomates, e entrego pra Antônia, que é a detenta responsável pela a cozinha.

– Ô garota! o que você está fazendo, hein?! – Ela pergunta enquanto analisa os tomates, e a olho confusa.

– C-como assim?

– Esses tomates estão todos molengos! não dá pra colocar na salada. Vai lá e pega uns melhores! – Ela ordena.

Pelo menos, ela estava mais calma do que o primeiro dia que comecei a trabalhar aqui.

– Ô Antônia, por que você não faz uma coisa diferente hoje? – Uma mulher de cabelos cacheados chega na cozinha. – Faz um macarrão e aproveita os tomates pra fazer um molho!

– Já saiu da solitária viajando, Cachinhos. Você sabe que tenho que seguir o cardápio! Mas vai lá e coloca na lista de pedidos! – Antônia diz.

– Ah, que merda. Tô com uma vontade de comer macarrão... – Ela diz.

Cachinhos parece ser uma pessoa legal.

– Toma cuidado com esses desejos aí, vai que é gravidez. Com esse seu fogo no rabo eu não duvido nada! – Antônia zomba.

– Dedo não engravida, boba. – Cachinhos rebate, e fico um pouco constrangida com a conversa delas.

Cachinhos me olha e dá um sorriso.

– Você é novata que tanto falam?

– Sim... eu cheguei a uns quatro dias, eu acho. – Explico.

– É verdade que você é modelo? Não, pera, não responde... olhando pra você, eu já consigo ver perfeitamente, você desfilando por umas passarelas. – Ela me faz rir.

– Eu sou a Estefânia, mas pode me chamar de Cachinhos. E você é...?

– Sou S/n. Prazer em te conhecer!

Ela me cumprimenta com um beijo no rosto.

– Ei! Deixa pra paquerar a novata depois! você tem muita coisa pra fazer hoje pra compensar o tempo na solitária! – Antônia chama atenção de Cachinhos.

Paquerar?

– Antônia, para de falar merda! Eu voltei com a cigana. Eu sosseguei. –Ela se rende com as mãos.

– Se você diz... – Antônia desconfia.

– Tá assustando a menina! – Ela responde. – E não se preocupa com isso, tá? eu só gosto de ter um monte de amigas. – Cachinhos diz pra mim.

Eu assinto, com um sorriso.

Ela tinha ficado na solitária, não sei o motivo. Mas sei que ela é namorada da cigana, a amiga da Zulema, e acho que só isso já é motivo o suficiente pra eu não ter certeza se é uma boa ideia ficar conversando com ela.

Volto com o carrinho para o elevador, e quando chego no estoque, faço o que Antônia me pediu, escolhendo tomates melhores.

(~~~)

Chegou o horário do almoço. Desta vez, eu consegui ser um pouquinho mais rápida do que antes, mas ainda assim, tinha uma fila incomum no refeitório.

Almocei o mesmo de sempre, arroz com salada, mas optei por pegar um pouco de batata doce também.

Assim que almoço, vou para o pavilhão, e no caminho de ir pra minha cela, avisto Joel.

Vis A Vis: Mi LibertadOnde histórias criam vida. Descubra agora