Dignidade

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POV S/n

No dia seguinte, estava na mesa do pavilhão com as meninas, elas estavam jogando algum jogo que eu não estava prestando atenção.

– Ei! – Escuto a voz de Antônia. – Ei, garota! Acorda! – Ela estala os dedos, me distraindo de meus pensamentos.

– Oi! Desculpa. – Olho pra elas, e vejo um semblante de preocupação no rosto de todas.

– Você está bem, boneca? – Sole pergunta.

– Estou bem, só meio sonolenta. – Minto com um sorriso.

Elas acreditaram e voltaram a conversar normalmente, exceto Cachinhos, parecia desconfiada.

Eu estava pensando em como nesses três dias que fiquei longe de Zulema, consegui me meter na mesma areia movediça que ela me resgatou.

Alguém ouviu nossa conversa no banheiro aquele dia, e contou pra Anabel, que aproveitou da situação pra vir exigir os quinhentos euros que estou devendo.

Como eu não tinha o dinheiro, tive duas opções: fazer alguns serviços pra ela até quitar minhas dívidas, ou ela iria basicamente usar a força física.

Aceitei a primeira opção, e tive que esconder umas coisas dela nas prateleiras dos estoques, e adivinha? As drogas sumiram do esconderijo.

Mas ontem, quando olhei nos olhos de Zulema, esqueci de tudo ao meu redor, e a única coisa que tinha em mente, é que eu queria estar com ela.

A beijei pra que ela não pudesse perceber que meu olhar estava diferente, talvez por causa desses sentimentos confusos, mas com um misto de apreensão sobre essa situação com Anabel.

Se nosso contato visual permanecesse por mais alguns instantes, com certeza, ela me desvendaria, perceberia que tem alguma coisa diferente em mim.

– Modelo, preciso falar com você. Agora. – Cachinhos diz num tom autoritário, me assustando.

Assenti e me levantei, acompanhando ela.

Ontem a Cachinhos passou o dia me olhando muito estranho, como se estivesse decepcionada com alguma coisa, mas não conseguia decifra-la.

Fomos pra baixo das escadas do pavilhão.

– Eu quero ouvir de você. – Ela se mantém séria, e cruza os braços. – Por que tem drogas escondidas em baixo de uma das prateleiras dos estoques? São suas?!

Então foi ela que pegou?

– O que? – Me faço de sonsa.

– Não, você não me engana com esse seu rostinho de princesa em apuros. O Valbuena achou as drogas, e veio me exigir satisfações. Eu falei pra ele que eram minhas.

Fiquei chocada com a atitude dela, ela se colocou nessa situação pra salvar minha pele. Suspirei, decidindo contar a verdade.

– Desculpa, Cachinhos. Não era pra você ter feito isso, podia ter falado a verdade!

– Relaxa, tá? Ele não vai fazer nada comigo, porquê sente que me deve algo depois do que fez. – Eu ia falar, mas ela continua. – Sei que as drogas não são suas, e nem da Zulema, porquê ela não mexe com essas coisas. Então pode ir me contando exatamente o que a Anabel disse.

Não posso dedurar Anabel.

– Desculpa te desapontar, mas não são da Anabel, são minhas mesmo. – Minto, com peso na consciência. – Não tem mais como eu conseguir dinheiro de forma rápida aqui dentro, agora que não tenho mais namorado.

– S/n, você é uma garota muito legal, mas andar com a Zulema está te transformando numa manipuladora nata. Isso é bom pra sobreviver aqui, mas não faz isso com as amigas que querem te ajudar.

Vis A Vis: Mi LibertadOnde histórias criam vida. Descubra agora