Vis A Vis: Mi Libertad

Pôr do Sol

POV Zulema

Meus olhos enigmáticos se conectaram com o olhar doce de S/n, e não pude evitar em dar um leve sorriso com a forma como ela me olhou.

– Não sabia que era revolucionária. – Puxo assunto.

– Não sou, eu só ouvi as meninas conversando sobre isso outro dia, e decidi tirar a ideia do papel. Agora podemos ver o pôr do sol!

– É a nossa lua de mel? – Brinquei.

– Interprete como quiser. – Ela ri, e me encara por alguns instantes, como se quisesse me dizer algo, mas hesita.

– Não vai mais tirar isso aí? – Quebro o clima, olhando o "anel" na mão dela.

– Já está querendo divórcio?! – Ela brinca.

– Não. Mas se ficar aí por muito tempo, vai acabar perdendo o dedo. – A assusto.

– Eu tentei tirar hoje no banho, mas não consegui. Vou ver amanhã se a Antônia me empresta um pouco de óleo da cozinha.

Vi a Bambi chegando no telhado, e em seguida, olhou para o carcereiro novo. Ambos estavam se olhando surpresos.

– Parece que seus amiguinhos se reencontraram pela a primeira vez. – Aponto com a cabeça, e S/n olha em direção a eles.

– Bem, uma hora isso ia acontecer. – Ela ri. – Ela tinha uma quedinha nele, sabia?

– E aposto que ele em você. – Falo sem pensar, e ela me olha incrédula.

– Não... Ele era o melhor amigo do meu ex. – Ela explica.

– Não tem nenhuma lei que proíbe alguém gostar da namorada do amigo. – Comento.

– Eu sei, mas ia ser muito esquisito. – Ela responde, e fica pensativa, olhando para os dois conversando. – Tô curiosa, vou ver o que estão fofocando!

– Nem um pouco intrometida.

– Estou aprendendo com você. – Ela ri, e caminha em direção aos colegas.

Dei um trago no cigarro, e olhei a paisagem ao redor da prisão.

Já tentei várias fugas, mas nunca prestei muita atenção no que tinha por perto.

Fiquei analisando cada detalhe, pensando no que eu poderia usar ao meu favor em futuros planos de fuga.

– Não está pensando em fugir, né? – Ouço a voz de Hierro, e suspiro, me virando pra ele.

– Claro. Vou sair escalando do telhado igual a mulher gato. – Ironizo.

Hierro dá um riso sútil, e não entendo qual é a dele.

– Você tem mesmo um olhar felino, mas acho que você seria a mulher escorpião. – Ele diz, e eu dou um riso de deboche.

Olho nos olhos dele com uma expressão séria, e ele desvia.

– O que quer? – Vou direto ao ponto.

– Nada, é que... – Ele pensa no que falar. – Eu não sei. É que percebi que eu estou sendo um babaca com você, então me desculpa se eu te magoei de alguma forma.

Ri do ego dele.

– Na real nem reparei, relaxa aí. – Sou indiferente. – Mas você não está aqui pra isso. – Afirmo.

Ele assente, me olhando por alguns instantes.

– É que eu vim te agradecer, por até hoje, não falar nada sobre aquilo que aconteceu, sobre a detenta, sabe?