POV S/n
Hoje completam sete dias que estou nesse lugar, e nada da minha tia vir me visitar.
Adam me trouxe seiscentos euros, eu diria que é um exagero, mas as coisas aqui dentro realmente são muito caras.
Fiquei com quinhentos, e já adiantei para a Cachinhos os cem euros que ela me deu.
Ainda não levei muito jeito no estoque da cozinha, mas acho que estou melhor do que os primeiros dias.
Ler e pular corda têm sido minha terapia nesse lugar, parece que quando estou ocupada, ninguém para pra ficar prestando atenção em mim. Ou talvez seja só coisa da minha cabeça.
Desde o dia que Zulema me defendeu no banheiro, ela não falou mais comigo.
Sinceramente, isso me preocupa um pouco, as detentas ainda me olham estranho e implicam comigo, mas sigo confiante de que vou ficar bem.
Desde esse dia, tenho evitado ir para o banheiro sozinha, só vou durante o horário do banho de todo mundo.
Estava voltando da biblioteca, e avisto Hierro vindo em minha direção.
– Oi. – Ele diz.
– Oi... A diretora quer me ver?
– Não... eu só quero saber se você está bem. – Ele pergunta, e eu acho estranho.
Hierro estava esquisito esses dias.
– O Joel está no controle das câmeras agora, e aí ele me pediu pra ver como você está. – Ele se justifica.
– Ah, sim, entendi... eu estou bem, e ele?
– Ele está bem...
Silêncio constrangedor.
– E você? está bem? – Pergunto, quebrando o clima. Não queria ser rude ou mal educada.
– Estou bem... – Ele responde, sem saber o que dizer.
Que conversa mais esquisita.
– Bem, então... agradece o Joel por mim. – Digo.
– A gente se vê. – Ele diz.
– É... provavelmente. – Brinco.
Ele sorri, e seguimos caminhos opostos.
Não entendi porque a mudança de comportamento. Nos primeiros dias, ele estava no auge do sarcasmo comigo, e agora me dá conselhos e até pergunta se estou bem.
Será que eu tô indo tão mal assim, que ele tá ficando com pena?
Decido ignorar, e caminhei em direção ao pátio.
Me sento numa parte isolada da arquibancada, e fecho meus olhos, sentindo o calor do sol aquecer minha pele.
Me assusto quando alguém senta ao meu lado.
Pensei que era Zulema, mas ela estava do outro lado do pátio, fumando, e olhando fixamente pra mim. Fiquei desconfortável com isso.
– O-oi... – A garota diz, quebrando meu transe.
Não a conheço, mas sei que ela é do grupo de Antônia e Cachinhos, então fico um pouco tranquila.
– Oi! – Respondo.
– Escuta... eu queira saber se você tem alguma coisa... – Ela pergunta, estava tremendo.
– Alguma coisa? – Não entendi. – Tipo, pra gripe?
Me afasto um pouco dela, com medo de pegar algo.
– N-n-não... é que... alguma coisa sabe, pra eu cheirar... a abstinência é uma merda... – Ela diz, rindo, e finalmente entendo.
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Vis A Vis: Mi Libertad
Hayran KurguS/n é uma modelo que cresceu em um meio elitista, trabalhando na agência da tia. A garota estava começando a engajar na carreira, mas não imaginava que sua própria tia iria a incriminar por sonegação de impostos. Ela não tinha como provar sua inocên...